terça-feira, 30 de outubro de 2007

Ainda a Competição! - 30/Abril/2007


Boa noite a todos os leitores.

Faço esta entrada por cortesia para com o nosso companheiro Jo Pinto, a quem agradeço o comentário à última entrada, podendo tal inferir que, quem gosta desta nossa maluquice está atento a todos os pormenores e a todas as referências, merecendo sempre ser considerado, e que forma melhor de o fazer, senão oferecer algum do nosso tempo com esse objectivo.

Sobre o referido comentário, dou-lhe toda a razão quando diz que a abordagem é linear.
De facto, embora cuidada no que respeita às capacidades dos pescadores de competição, carece de mais fundamentação e, eventualmente, de algum desfazer de futuros mal entendidos sobre a forma como a entendo, ou até, ao caminho educacional de um pescador lúdico ou de competição.

Sobre as virtudes da competição, sem dúvida que a esta podemos agradecer toda uma evolução técnica ao nível dos materiais, evolução esta que decorre certamente das situações a que os competidores são sujeitos, obrigando à procura de linhas mais finas, resistentes e invisíveis; canas mais compridas e leves, com acções diversificadas; destorcedores e todo um conjunto de acessórios, quer discretos, quer chamativos, que se adequam a cada momento, estado do tempo, local, espécies a capturar..., etc..

As melhorias referidas podem comparar-se, por exemplo, aos materiais usados nos carros de "fórmula um", que adaptados para os carros normais, lhes aumentam, entre outras, as capacidades de resistência, segurança e performance.
Parece lógico que se toda esta evolução se deveu à captura de espécies em condições variadas e extremas, terá sido o conhecimento adquirido pelos pescadores de competição e as suas consequentes alterações ao material utilizado que permitiram e continuarão a permitir as melhorias que se continuam a verificar.

As situações a que estes homens se sujeitam, podem ser indicadores sobre as capacidades que foram desenvolvendo, assim vejamos:
Imagine-se um dia de mar, com algum vento, ondulação, barco atravessado à vaga, um daqueles dias em que, embora se pesque, a maioria de nós - "lúdicos" - preferimos não ir pescar ou desejamos que alguém se lembre de dizer "oh pessoal... vamos embora que isto está a ficar mau".

Se os homens estiverem em competição, em pé no barco, a pensar em máximo rendimento, trocando baixadas ou não, pescando mais ou menos longe com canas de 4,00 a 5,00 metros, durante um número de horas obrigatório, sabendo que um pequeno peixe poderá ser a diferença entre atingir ou não os objectivos que pretendem e para os quais treinaram, por vezes, ano..., meus amigos, atendendo às condições referidas, entre outras, não me parece necessário especificar aqui o conjunto de capacidades físicas e psicológicas que desenvolveram, nem pensar em pôr em causa as virtudes da competição na formação destes nossos "antigos companheiros", porque sem dúvida eles devem ter começado na pesca lúdica.

Considerando a pesca lúdica embarcada, quem se inicia, passará por um conjunto de situações que alguns de nós, mais entrados na "coisa", também passámos, e ainda passamos, podendo com algumas dicas abrir outras hipóteses aos que agora começam, nomeadamente ao nível dos conceitos e atitudes face a esta nossa actividade.

Relativamente a conceitos, considero que o que refere o Jo Pinto no seu comentário, quanto a direccionar os iniciados para "só peixe grande", bastante correcto.

Quem se inicia necessita, após alguns conhecimentos adquiridos, de sentir algum sucesso na aplicação desses conhecimentos. Se o levarem de imediato para uma pesca desse género, poderá criar-se uma situação extremamente frustrante, atendendo a que terá muitas hipóteses de apanhar com a dita "grade" e não entender que esse insucesso não é dele e sim de quem o levou por não ter tido em conta uma aproximação sucessiva aos objectivos a atingir, contribuindo eventualmente para a sua desmotivação e possível abandono.

Quanto a atitudes futuras, sem dúvida que o conceito do "balde cheio" é algo que deverá ser eliminado, atendendo a que é um conceito, inicialmente compreensível, mas sem dúvida, limitador da evolução de qualquer pescador, mesmo que respeite as medidas mínimas.

Podemos então, após toda esta prosa, ter uma aproximação ao percurso educativo de um pescador de embarcada; de sucesso em sucesso, entremeado com outros tantos insucessos; começando a pesquisar e tentando entender as razões de uns e outros; querendo cada vez mais e melhor, optando mais tarde por pesca "do tudo o que vem é peixe", competição, direccionada a peixe grande, grossa..., etc..

As opções serão de cada um.

Eu, por exemplo, não nasci na pesca a apanhar só peixe grande. Tive um percurso igual ao de muitos e o que hoje para aqui digo é o reflexo de tudo isso.

Actualmente, a pesca que mais gosto é a do peixe grande ou a direccionada para espécies específicas. Fora isso, não me importo e até gosto muito de apanhar uns peixes variados para a caldeirada, principalmente quando levo pessoal amigo que se está a iniciar nestas lides, dando-me um prazer enorme poder criar-lhes situações de sucesso, culminadas com um petisco "dos antigos".

Referindo ainda a pesca de competição e considerando as dificuldades monetárias e logísticas que poderiam levar à alteração de regras, no sentido de maiores exemplares, e em detrimento do maior número de pequenos peixes, penso o seguinte:

- A imagem que pode ser dada, numa pesagem, a quem não entenda o que se passa, parece-me negativa, carecendo de informação ao público, nesse sentido.

- Continuo a afirmar o que referi na última entrada: "se os pescadores de competição fossem direccionados para peixes maiores, não imagino as proezas que poderiam alcançar e a consequente mais valia que poderiam trazer à pesca embarcada de competição e lúdica".

- Quanto aos tamanhos mínimos acho que nem tem mais comentários. Pura e simplesmente, não é justificável.

Mais uma vez, agradeço ao Jo Pinto o seu comentário que teve o condão de mais me fazer pensar e falar sobre esta nossa actividade tão rica e diversificada.


PS: Deixo-vos uma foto do meu amigo Zeca (duas semanas atrás) que parece estar preocupado com o tamanho do peixe.

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