Boas tardes a todos.
Neste fim de semana sem pesca e com previsões de só o vir a fazer após trocar as baterias do barco que estão a dar as últimas
Eu e o meu amigo António Júlio, de Setúbal, talvez um dos melhores pescadores de pesca embarcada ao fundo que conheço, daqueles que ninguém conhece de revistas, blogues, páginas, etc., saímos em direcção a Lagos, na perspectiva de uma pescaria à zagaia, combinada com o nosso amigo comum, o Carlos Cruz, da Nauticmar, em Lagos.
Pelo caminho lá fomos conversando sobre a zagaia, pesca que o António Júlio nunca tinha experimentado, tendo eu já ido umas quatro vezes sem qualquer resultado, para além de muito trabalho e de um enjoo por cada uma das saídas efectuadas
- Os pescadores têm de estar em pé, mantendo o necessário equilíbrio, enquanto deixam descer continuamente as amostras e as trabalham com subidas e descidas alternadas, com movimentos mais ou menos curtos de sobe e desce, assim como, variações continuas de velocidade em todos estes movimentos, em profundidades que variam entre os 50 e os
A azáfama descrita, decorre em cada passagem que se faz num determinado pesqueiro, previamente definido através das marcações de sonda por ele apresentado. Tal implica que, enquanto a marcação de sonda indicadora da suposta fiabilidade do local se mantiver, passaremos por lá repetidamente, até esgotarmos várias cores e tipos de amostras, várias formas de as trabalhar, até que a ausência de resultados e o esgotamento da paciência, nos façam mudar de pesqueiro, voltar a percorrer os mesmo passos, e assim sucessivamente ao longo de todo o Santo dia.
Chegados a Lagos, lá nos encontrámos com o nosso amigo Carlos e vá de preparar os materiais, comer, beber e antecipar os peixes "enormes" que iríamos apanhar no dia seguinte, até ao momento em que fomos dormir e continuar a sonhar.
Partimos de Lagos, pelas 7.00 horas da manhã em direcção ao pesqueiro, passando Sagres e São Vicente, rumo N/NW, com um mar razoável atendendo à zona em causa que, como se sabe, tem sempre alguma vaga e variações das condições de mar e vento ao longo de todo o dia, salvo raras excepções.
Chegados à zona, começou a procura dos sinais de comedia ao fundo, de preferência alvorada (um pouco acima do fundo) e espalhada na sua base, junto a covas e pontões elevados das profundezas.
Encontrados os sinais iniciaram-se as hostilidades, assim como, o meu, já habitual, processo de enjoo e consequente "atirar de carga ao mar", intervalado com a montagem das baixadas com que iríamos tentar promover os encontros com os sujeitos do nosso interesse, e claro, com a risota provocada pelas minhas dificuldades em manejar os materiais em tais condições de "saúde"
Relativamente às indicações do Carlos, deveríamos ter em conta, os seguintes cuidados:
- Cada um de nós deveria ter uma amostra diferente, para que se tentasse perceber quais as tendências do peixe.
- As amostras deveriam ter cores enquadradas com a cor da água ou cores vivas que contrastassem com a mesma, o que não me parece desadequado, atendendo ao que ainda hoje se refere em vários artigos desenvolvidos por entendidos na matéria.
Assim, reportando-me à foto da entrada anterior, o Carlos iniciou com a 1.ª amostra do lado esquerdo da foto, o António Júlio com a 2.º, a partir do mesmo lado, o Luís, um outro amigo que foi connosco, com a 3.ª e eu com a 5.ª.
Todos eles estavam a pescar com canas rijas de
Assim que iniciámos a pesca, concluí que, enjoado como estava
A pesca foi decorrendo e ao fim de umas duas horas, sem qualquer toque a bordo, com vários locais batidos à exaustão e eu estabilizado mas ainda em más condições; o meu amigo António Júlio que, entretanto, tinha vindo fazer-me companhia para a proa, numa das já pouco motivadas subidas e descidas da sua amostra, é atacado por uma cabeçada violenta, reagindo atabalhoadamente (lembro que era a sua 1.ª vez!), soltando demasiado a embraiagem do carreto e escapando-lhe o peixe.
As coisas modificaram-se, as expectativas aumentaram, eu sentei-me, mas a sensação de enjoo voltou outra vez.
A acção de pesca dos meus companheiros aumentou de vivacidade e o Luís ferra um peixe com alguma força...
O que é? O que não é? E sai um lírio com uns dois quilos.
O meu peixe era maior, pena não ter conseguido ferrá-lo, não estava a acreditar nesta pesca, comentava ao momento o António Júlio, com algum pesar.
Entretanto, o Carlos manda subir as pescas e diz: este local está "quente", vamos fazer outra passagem. E começa a manobrar em direção ao ponto inicial da deriva, pára o barco, as amostras seguem para o fundo e assim que o António Júlio, com a mesma amostra que tinha no início, inicia a sua acção de pesca, leva outro toque ainda mais violento que o anterior, ferra um "bruto", começa a trabalhá-lo e quando parece que já o traria, este desferra-se.
O António nem queria acreditar, soltando algumas expressões que me escuso de aqui referir, mas perfeitamente adequadas ao momento
No meio de todo este movimento, eu, o enjoado
É claro que "moi", o enjoado, ficou com um peito enorme, de imediato alvejado pelos outros com expressões do tipo: "apanhaste-o a dormir", "deve ser do engodo que atiraste ao mar" e etc., mas a verdade é que, não desisti e adequei o material ao meu estado, tendo a coisa surtido efeito. Foi sorte? Foi sim senhor! Mas, por vezes nós contribuímos para que esta surja, sendo o contrário também verdade.
Quanto à luta com o peixe..., aí a coisa é diferente. Neste caso, diluiu-se o factor sorte.
Depois deste acontecimento, ainda houve mais um toque, também na amostra do António Júlio, mas não se chegou a ferrar, tendo o dia terminado em festa, embora se tenham apanhado apenas o Lírio e este Pargo do meu contentamento.
Não havia onde pesar o peixe, pelo que o amanhei e trouxe para Setúbal, onde o pesei, acusando um total de 12,650 kgs limpo.
Esta foi a minha primeira vitória utilizando esta técnica de pesca.
É importante perceber que as derrotas são muito frequentes nesta pesca, obrigando a um continuo estudo e experimentação de locais, materiais e de nós próprios.
Espero que esta não seja a minha única vitória, porque derrotas já tive muitas.
Nota Importante 1: Para perceberem quais as amostras utilizadas, têm de consultar a entrada anterior "Experiências na Pesca à Zagaia"
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