Mais um fim de semana de sequeiro. Ainda me vou iniciar no Surf Casting, podendo assim, rentabilizar a licença de pesca embarcada e, quem sabe, pescar mais vezes.
Como não vou pescar, venho para aqui e ponho-me a pensar alto... também gosto!
Com o avanço tecnológico relacionado com todos os materiais e com a consequente diversidade dos mesmos, ao nível da nossa actividade, é um desafio pessoal falar deste assunto sem me tornar chato ou conseguir sobreviver à prosa que por aqui vou desfiando.
Entramos numa loja de pesca (catedral) e parecemos miúdos com um quarto cheio de brinquedos com tempo limitado para os usufruir, resultando de tal situação alguma indecisão que é de imediato contemplada com um conjunto de sugestões, quer do lojista, quer dos clientes habituais que estão cheios de certezas sobre os melhores acessórios a adquirir para os mais variados tipos de pesca, mesmo que percebam menos do assunto que nós ou, no caso do lojista, por vezes, com objectivos menos próprios.
Enquanto vamos aderindo a um conjunto de novas técnicas e embarcando na compra de algum material completamente desnecessário, vamos também testando, lendo, acumulando experiências diversas, sendo que, se formos abertos à aprendizagem contínua, começaremos a formar opinião própria e a tornar as nossas aquisições mais ponderadas e objectivas, relativamente aos materiais/acessórios a adquirir.
Para tal teremos de nos interrogar sobre:
Que peixes queremos capturar? Grandes, Pargos, Douradas,...
Em que tipos de fundo e profundidade vamos pescar? Baixo, entre os 25 e 50; mais fundo, entre os 50 e os 150 metros!
Que tipos e tamanho de iscas pretendemos utilizar? Substanciais! Umas macias, outras rijas e, por vezes, nem todas com o objectivo único da captura directa.
Qual a influência da aguagem na acção de pesca e consequentemente nos materiais? Muita!
Considerando as anteriores questões, passo a analisar os materiais que utilizo. Mas antes... a cana do apoio a bombordo enfiou a ponteira na água! Que grande peixe lá está!
Largo tudo em segurança e tiro-a, com esforço, o peixe continua a cabecear para o fundo e a linha não sai do carreto, será que a embraiagem está presa? Seria a 1.ª vez, com este carreto!?
Entretanto, a cana está toda dobrada, a dar boa conta do recado e é então que a linha começa a sair e a dirigir-se para baixo do barco, parou e continua a cabecear, repete a brincadeira mais três ou quatro vezes, e abranda, sendo puxado, sempre a lutar, em direcção à superfície onde é esperado pelo enxalavar e colocado no barco. Julgavam que era agora? Nãããoooo!!!
A descrição pretende unicamente ilustrar o trabalhar de um peixe grande, após ferrado, e, de algum modo, o que os materiais devem ser para poderem suportar tais esforços, já que com animais deste género não se deve brincar com as embraiagens (aperta/desaperta), tudo deve estar preparado para os receber condignamente.
As Canas:
Uso normalmente 2 canas, quando pesco acompanhado, e 3, quando pesco a solo. Tanto num caso como noutro, pesco com uma ao sentir e as restantes a pescarem nos apoios, cobrindo assim uma maior área de pesca, por aumento do número e da diversidade de iscas no fundo, diferenciando montagens com mais ou menos atractivos, e testando, com a cana que uso ao sentir, os sinais que as picadas me possam dar, assim como, enviando iscas mais macias que possam criar frenesim entre o peixe miúdo, aumentando as hipóteses de chamar ao local os predadores que por ali andem.
As canas que ficam nos apoios são finas, fortes, com comprimentos entre os 3 e os 3,60 metros, e de acção parabólica, montadas com carretos maiores, equipados com monofilamento. Nestas canas, aplico montagens com os anzóis maiores (2/0 e 3/0), estralhos de 0,40 com 45 a 80 cm de comprimento (por vezes maiores se estiver aguagem), com as iscas mais rijas (filetes de cavala acabada de apanhar, caranguejo inteiro, cavala ou carapau vivos quando são pequenos...).
A cana com que pesco ao sentir, é de 3,70 metros, de acção semi parabólica, mais sensível de ponteira que as outras e que se tornará parabólica quando a trabalhar o peixe. Nesta, é montado um carreto mais leve e mais rápido, equipado com multifilamento 0,25 e ponteira de amortecimento, em monofilamento 0,40, com 15 metros. Isto porque será necessário subir e descer a pesca mais vezes em virtude das iscas utilizadas serem as mais macias e consequentemente mais fáceis de roubar. Neste caso são aplicadas montagens que, dependendo da profundidade, poderão ser elaboradas com estralhos entre 0,30 e 0,40, com 45 a 60 cm de comprimento e anzóis números 1 e 1/0. As iscas são normalmente: sardinha, bomboca, cabeças, tripa de lula e outras.
Temos então duas canas mais pesadas e fortes, com alguma maleabilidade fornecida pela montagem do monofilamento, destinada ao trabalhar do peixe após ferrado e uma cana mais leve e de montagem mais rígida, todas elas permitindo cumprir bem as funções descritas, em qualquer profundidade em que se pesque.
Os carretos:
Não muito grandes nem muito pequenos (4000 a 8000), com embraiagens extremamente fiáveis, construídos de base em inox e bronze, com poucos rolamentos e pouca necessidade de manutenção. Ter principalmente em conta o rolamento do rodízio onde passa o fio... se tiver casquilho em vez de rolamento!? Melhor! Se não, passamos a vida a montar, desmontar e olear. Excepção feita para alguns carretos com preços complicados.
Os fios:
Nem muito grossos nem muito finos.
Entre os 0,30 e os 0,45, dependendo da profundidade a que se pesca.
Com pouca memória (elasticidade) e que fiquem direitos após esticados.
Resistentes ao nó.
Na dúvida, procurar cores discretas.
Fluorcarbono; já apanhei com ele, e sem ele, em pescas pouco profundas talvez valha a pena o investimento!? Não sei!? Carece de mais uso.
Os multifilamentos que não sejam muito caros e com diâmetros entre 0,25 e 0,30, para evitar o corte do monofilamento nas ligações, o que parece acontecer em diâmetros mais finos.
Os anzóis:
Fortes, leves, 1/0 a 4/0 dependendo das marcas, bastante penetrantes e torcidos relativamente ao plano da haste. De argola, ou de pata, conforme as necessidades, nomeadamente no que respeita a iscar com vivo (ver foto dos já experimentados com sucesso).
Destorcedores:
De alfinete, para a chumbada.
De barril, para ligar a montagem à linha principal.
Cruzados, para ligar os estralhos em montagens mais pesadas (muito fiáveis).
Cross Bites, muito bons a destorcer, mas pouco fiáveis quando suportados na madre por nó, de evitar para este tipo de pesca. Aumenta-se a fiabilidade, suportando-os com travamentos com fios ou cola, embora eu não goste muito! Prefiro os destorcedores cruzados.
Chumbadas:
Que tenham pouco atrito na água, com a cor natural ou cobertas a vermelhos, amarelos, brancos ou, com mistura destas cores.
Marcas:
Procuro primeiro a relação qualidade/preço e vejo quais as melhores para cada tipo de material ou acessório.
Preços:
Têm que se analisar bem... por vezes, mais vale gastar um pouco mais e adquirir material mais fiável, Outros casos há, em que por menos dinheiro se conseguem materiais idênticos que cumprem tão bem ou melhor a função a que se destinam. Acontece muito com carretos e fios.
Quando quiserem, estou por aqui para responder aos vossos comentários ou aprofundar algumas das questões propostas!
PS: Os materiais da foto acima, assim como outros que referi, foram todos testados com sucesso, sendo a maioria utilizados, consecutivamente, há mais de três anos. Os pesos e tamanhos variam conforme as profundidades e condições de mar existentes.
Divirtam-se e até à próxima.
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