Olá pessoal embarcado, das canas, carretos, anzóis e etc..
Cá estou eu outra vez, todo corado com os elogios do A. Ferreira e do Luís do http://www.katembe2.com/ , cheio de vontade de escrever coisas sobre a nossa "Doença", e que melhor forma de agradecer senão porfiar com a escrita para tentar continuar a merecer tais honrarias.
Na sequência da troca de experiências e cumprindo a promessa feita na entrada de 26 de Janeiro ( a da malfadada Portaria), cá vou falar sobre porquê e como fiz a minha procura de pesqueiros em Sines quando decidi que essa seria a minha zona de pesca por razões que se prendiam, na altura, com a facilidade de colocar o barco a nado e pela proximidade da minha zona de residência.
Quando para lá fui, decidi que não perguntaria a ninguém sobre pesqueiros e que não aceitaria de nenhum dos amigos que me dessem "marcas" ou contactos de outros amigos com "marcas" de pesqueiros, embora vários o tivessem sugerido.
Não se entenda o que referi, como orgulho ou arrogância (estúpidos), mas sim, como uma vontade de provar a mim próprio que qualquer pescador com barco e respectivo licenciamento para com ele navegar, que pretenda aprofundar os seus conhecimentos de leitura de cartas, navegação, electrónica marítima, fundos, técnicas de pesca; e, com vontade de ir à descoberta, poderá, mantendo uma actualização contínua, pescar em qualquer sítio no mundo recorrendo aos meios referidos, podendo assim ficar com "armas" para um relacionamento de igual para igual (ou quase) com os "lúdicos" da zona e usufruir então das trocas de experiências que, neste caso, me parecem ainda mais enriquecedoras e significativas que as meras trocas de pontos de GPS.
Resumindo... primeiro, procuramos e mostramos resultados, depois, estamos em condições de ir para a necessária troca de conhecimentos adquiridos, tendo algo para trocar.
Porquê?
- Porque a maioria dos Pescadores não gostam de dar as suas melhores zonas de pesca, assim de mão beijada!
- Porque a maioria dos Pescadores não gostam de estar com não sei quantos barcos à volta, por vezes a distâncias pouco recomendáveis!
- Porque a maioria dos Pescadores gostam do silêncio quando pescam!
- Porque a maioria das vezes que se solicitam informações sobre locais de pesca a pescadores da zona, as respostas são normalmente evasivas ou a informação prestada vem na forma de um conjunto de "marcas" de GPS que toda a gente conhece, sendo que muitas delas nem sequer foram testadas na sua totalidade.
- Porque o peixe muitas vezes não está nos pontos de GPS, mas sim, nos fundos da zona que melhor se adequam às suas vontades do momento.
- E, principalmente, porque penso que os anteriores "porquês", e outros, deverão ser respeitados por todos nós, o que nos granjeará certamente o respeito dos nossos homólogos da zona.
Então, após toda esta amálgama pretensamente informativa, o que é que fazemos?
O que posso fazer, já que a isso me propus, é contar-vos como, baseado nos anteriores pressupostos, desenvolvi a minha experiência neste belo pesqueiro de Sines.
Como?
Para além do GPS e da Sonda, adquiri de imediato a carta de pesca da área de Sines (AP4), porque embora possamos ter GPS com carta, a homóloga real oferece outras hipóteses, na medida em que podemos ter uma visão de zonas muito mais alargada e assim fazer o trabalho de casa antes da jornada de pesca. No caso de não se ter carta no GPS, podem-se tirar coordenadas da carta real para o aparelho e vice-versa, tendo em conta a actualidade da carta e os acertos de contas que possamos ter de fazer.
As cartas referidas, à semelhança das dos GPSs, mostram um conjunto de cores que identificam o tipo de fundo, em que o cinzento se refere a zona rochosa, o amarelo torrado, a areia com cascalho; o amarelo, a areia e o verde, a lodo. Mostram ainda um conjunto de informação escrita e umas linhas todas cheias de curvas, as batimétricas (ver foto acima), que, significando cortes transversais em altura, nos permitem perceber onde as montanhas submersas têm as suas falhas de contorno, podendo estas falhas indicar zonas de depósito de nutrientes (vulgo: comedia) vindos com as correntes, ou a existência de abrigos para as espécies.
As batimétricas têm a indicação, em metros, da profundidade a que se encontram, o que nos permite entender que, quando muito juntas, indicam desníveis mais ou menos importantes sendo tanto maiores quanto a maior diferença de profundidade e a menor distância entre elas. Ora, se conjugarmos os desníveis, a mistura de tipos de fundo e as irregularidades de terreno, em função das espécies que queremos capturar, a nossa procura será cada vez menos aleatória, restando-nos sondar estes locais, escolher um fundo com "bom aspecto", fundear a embarcação com alguma precisão e testarmos as nossas montagens, materiais e iscas.
Outros locais que deverão ser testados, são zonas de pedra mais ou menos alta, isoladas no meio de fundos limpos - muito bons para pargos - ou zonas de entralhados e fundos ditos "sujos" nas mesmas condições, onde tendencialmente o besugo é rei, por vezes, entre outros visitantes mais pesados. Teremos de ter em conta também as variáveis: profundidade, época do ano e marcação de sonda, entre outras. Lá iremos.
Então, munido destas ideias, de iscas variadas (sardinha, cavala, bomboca, caranguejo, lula,...) canas, carretos e etc., comecei a minha procura por baixo, ou seja, em fundos de 25 a 40 metros, não me podendo esquecer da minha primeira pesca em Sines que contarei com todos os pormenores, em próxima entrada.
Não saia do seu lugar! O programa segue dentro de momentos!
6 comentários:
Boas Amigo Ernesto!!
Como já lhe disse noutro comentário, tenho um barco em Sines e como leitor assíduo deste magnifico Blog, gostava de lhe fazer algumas perguntas(ás quais só responde se quiser).
Ainda sou um Principiante nestas andanças, da Pesca Embarcada, mas vontade de aprender não me falta.
Um dos Problemas é a falta de Tempo e disponibilidade para me deslocar até Sines, durante a semana para analisar pesqueiros na Carta Electrónica (Raymarine A60-carta/Sonda) e preparar a jornadas de pesca dos Fins-de-Semana.
Perguntas:
-Onde comprou a carta de pesca da area de sines(AP4)?
-nestas cartas estão rochas soltas ou só marca por zonas rochosas grandes?
- e por último, o que entende, por comedias??
Peço desculpa pelo seu tempo
um grande abraço,
Daniel Rodrigues.
Viva Daniel!
Respondo com muito gosto!
A AP4, comprei-a numa loja de artigos náuticos, aqui em Setúbal, a AZIMUTE.
Penso que muitas lojas deste tipo a podem ter ou, até mesmo o Instituto hidrográfico!
Podendo não a terem, se encomendar eles arranjam (as lojas de artigos náuticos, palamentas e tal...)
Quanto às zonas de pedra... Da minha experiência, refere-se a carta a concentrações maiores, o que obriga quer a verificar zonas no centro da pedra em que existam quedas importantes, assim como os limpos à volta das zonas de pedra, procurando pequenas comcentrações de terrenos mais rijos ou até pontões isolados!
Importante mesmo, é verificar zonas na pedra e fora desta cujas curvas de nível indiquem quedas, com variações mais ou menos importantes de profundidade!
Comedia?
Concentrações de peixe miúdo, normalmente indicadas pelos pontinhos azuis e amarelos da sonda, que se encontrem por cima dos pontões, agarrados ao fundo nas embeiradas destes ou até um pouco alvoradas.
Para a pesca com barco fundeado, as comedias agarradas ao fundo na embeirada dos pontões, têm sido o melhor sinal, principalmente se estão espalhadas até bastante fora do fim dos pontões.
Quando estão alvoradas do fundo ou por cima dos bicos mais altos, abrem-se boas perspectivas para zagaia ou isca viva... Embora se as comedias estiverem um pouco subidas do fundo, mas na encosta do pontão, continuem a ser um bom sinal para a pesca fundeada com iscas mortas.
Dias há em que nada funciona! Mas, com estes sinais e com as técnicas adequadas, conforme sugiro, tenho tido os melhores resultados.
Espero ter ajudado!
Abraço
Ernesto
PS: tenho aí várias entradas mais recentes, em que a imagem de sonda dá para ver as comedias, como aqui as identifico.
... Ainda um pormenor!
Uma boa embeirada, com um fundo misto de areia e pedra, junto a um pontão, mais ou menos perto, sem actividade ou com pouca, pode sempre ser um bom pesqueiro, obrigando-nos muitas vezes a trabalhar um pouco mais!
Por vezes não se encontra comedia! Neste caso, costumo procurar um fundo deste tipo e insistir! Já resultou várias vezes.
Isto quer dizer que:
O comentário anterior refere-se ao óptimo... Este, ao que pode ser bom em dias complicados! Tudo isto, na minha perspectiva e segundo os resultados que tenho encontrado!
Ernesto
Boas Amigo Ernesto.
Em primeiro lugar obrigadissimo pela explicação , a qual foi bastante explícito!
mas só uma última pergunta, o que entende por Pontões?
um grande abraço
Daniel Rodrigues.
Viva Daniel!
Os "pontões", na gíria de pesca desportiva com que tenho lidado, são os bicos de pedra que aparecem no fundo, por exemplo:
Você vai a navegar num fundo de 40 metros e de repente a sonda mostra-lhe que o fundo sobe mais ou menos abruptamente para os 35, tornando ao fim de alguns momentos a passar para os 40 (+/-)! Isto quer dizer que acabou de passar por cima de um "pontão" com 5 metros (+/-)!
As "embeiradas do pontão", serão as quedas dos vários lados deste!
Estas quedas poderão terminar, começando logo uma zona de areia ou lodo a que se costuma chamar "limpo" ou mostrarem um misto de areia e pedra rasa que se costuma designar por "entralhados"!
Os "entralhados", também se encontram, isolados, em fundos de areia, significando muitas vezes bons pesqueiros.
Os "pontões" poderão ser mais altos ou mais baixos, dependendo das configurações do fundo sobre o qual está a passar, sondando.
Em Sines existem, entre outros, "pontões" que, num fundo de 84 metros, sobem de um lado aos 49, descendo do outro aos 90 metros!
Estes locais significam, abrigo, comida, zona de depósito de plâncton e ovas... para várias espécies.
Serão portanto locais a testar.
Abraço!
Ernesto
Esclarecido... Muito obrigado!!
Bom, já temos alguma Teoria para pôr em prática!
!....e algum gasóleo para gastar!LOL
aí vamos nós em busca de pontões recheados de comedia!!!
Abraço e mais uma vez obrigado!
Daniel Rodrigues
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