segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Receita do dia: "Pargos à Malandro" - 19/Fev/07



O tempo está tão miserável que tenho de me animar. Não havendo nada novo para contar, vou dar-vos uma receita que preparei este verão (2006), em Agosto, quando estava de férias com a minha mulher, em Sines, Claro.

Aqui vai!

Escolha-se um dia de "sol e moscas", em que nem sequer se pensava ir à pesca!

Levante-se tarde, façam-se as "lavações" matinais e tome-se um pequeno almoço daqueles com sumo de laranja natural e tudo!

Sugira-se a pescaria a quem nos queira acompanhar, neste caso eu sugeri à minha mulher, companheira de muitas e boas pescarias, com uma paciência enorme, quer para a pesca quer para mim.

Nada de preocupações com a isca. Quanto muito, passe-se por um mercado ou restaurante e peçam-se umas sardinhas, daquelas que já nem os gatos querem comer (facultativo!).

Já no barco, preparem-se duas canas de 3,00 a 3,60 ou outras a gosto e montem-se rabeiras com 2 anzóis n.º 2/0 e 4/0, em estralhos de 0,40, com 50 a 70 cm de comprimento, em baixada de 0,45, ou menor se se quiser ser menos madraço e manter uma cana a pescar ao sentir, em acção, com 40º centígrados no mar, sem vento e com chapéu de sol montado no barco (vai andando mano!!!).

Prepare-se ainda uma terceira cana com características idênticas, mas montada com uma baixada com amostras para a cavala/carapau e lá para as 10.30/11.00 horas, quando os verdadeiros pescadores já voltam do mar dizendo que não há peixe, saia-se para o mar, com muita água para beber e pensando; se apanhar... apanhei. Se não apanhar... apanhasse.

Escolha-se um pesqueiro, de preferência já conhecido, que apresente um fundo com muita comedia (marcação de peixe miúdo) e fundeie-se o barco.

Na preparação desta receita, escolhi um local no lado Sul do "limpo de Morgavel", onde em dias anteriores já tinha tido sucesso. Um fundo de pedra rasa, salteado de areia aqui e ali, com 40 metros de profundidade, afastado uns 50 metros de uma zona de pontões e pedra rija.

Montem-se, nos caneiros, as canas com as baixadas de anzóis maiores e inicie-se a captura da isca, amachucando a sardinha e atirando-a à volta do barco enquanto o/a nosso/a parceiro/a, começa a acenar a meia água e a várias profundidades com a cana montada com as amostras pequenas.

Assim que as cavalas começarem a entrar, deverão ser de imediato fileteadas e iscadas, sem parcimónia, nos anzóis maiores, sendo largadas para o fundo com chumbadas cujo peso permita manter os fios e as canas tensas, assim como, evite o levantar e cair no fundo da baixada com as iscas.

Se a receita começar a funcionar, começa-se de imediato a ver as ponteiras "a ferver" de tanto peixe miúdo que se banqueteia com isca tão sangrenta e apetitosa (para eles claro). Se a "fervura" se mantiver por muito tempo, devem-se subir as montagens e tornar a iscá-las, de forma a mantê-la activa. Mas, se após alguns segundos a "fervura" parar, então teremos que sair da nossa madorna e ficar atentos, pois "o caldo vai-se entornar" na forma de uma ponteira que se verga de tal maneira que começamos a pensar em aquisições de canas e carretos novos.

Claro que este é o momento em que teremos que trabalhar e trazer acima o resultado de prato tão "Gourmet", ou seja, um pargo ou outro animal do género, com alguns quilitos, o que pode acontecer em cada vez que se põem os ingredientes ao lume.

O resultado deste dia de culinária, foram: 5 pargos entre 2,350 e 4,005 kgs; uma dourada com 1,850 kgs e dois carapaus grandes que entraram à pele da cavala (no fim da fervura).

Eram 14.30, arrancámos para o porto, amanhámos os animais, preparámos dois para jantar a preceito com um grupo de amigos e fomos-nos refrescar e beber uns canecos. É assim a vida... há dias felizes!

Isto das receitas, como todos sabemos, nem sempre funciona. Porque os ingredientes ou os utensílios não são os melhores ou porque o cozinheiro não está nos seus dias, mas, um bom prato é sempre um bom prato. A receita só tem que ser repetida e melhorada, renovando-nos continuamente o gosto pela "boa mesa".

A foto acima, ilustra o "melhor prato" conseguido, com a "receita" descrita!

Caso se apresentem dúvidas quanto ao material usado, consulte-se a entrada referenciada como "Pesca de Fundo - Os materiais que eu uso". Se quiserem mais pormenores, só têm que fazer comentário nesse sentido que de imediato vos elucidarei.

Bom... já cá vim outra vez, já carnavalei, dei por aqui um arranjo e fico aguardar melhores dias.

PS: então e vocês!? Seus toinos!? Não dizem nada! Bfuuuuuuuuu!!!

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