Foi isso companheiros... as últimas jornadas em Sines deixaram-me "água na boca"!
Muita acção, muita procura, muita diversificação e peixe... muito pouco, embora de qualidade.
As tácticas funcionaram, mas pouco, as procuras e tudo o resto andaram pela mesma linha, valendo a pesca pelo seu todo e a constatação de que estes são mesmo aqueles tempos em que as dificuldades de capturar se tornam mais evidentes e em que, por vezes, num local e hora em que nada se espera se podem conseguir boas pescas.
A "água na boca" deixou um gosto amargo, muito pelas excelentes condições de mar e vento que se podem apreciar na foto de entrada que, tirada na Quinta Feira, se poderia ter repetido na Sexta e no Sábado, prenunciando procuras em mar inteiro e capturas a condizer que acabaram por não corresponder, principalmente em quantidade.
No entanto, o gozo dos dias passados em acção de pesca, das horas de preguiça que antecedem as saídas a solo, do completo descontrolo de horários, da companhia de malta amiga e dos jantares animados, suplantaram fortemente as poucas capturas, assim como adocicaram os sabores amargos. Mas adiante!
Na Quinta Feira saí já tarde, direi mesmo muito tarde... para variar; em completo estado de graça, apreciando o mar e verificando a disposição do material, enquanto percorria a baía às 1000 RPM, aquecendo o motor e dando-me ao desfrute de tirar fotos, como a da entrada, captando depois a do conjunto para pescar na mão...
... também a do conjunto para pescar no caneiro, com um estralho de 250 cm e anzol grande...
... e ainda o enxalavar, encaixado no caneiro central de popa, deixando-me ver a esteira certinha e abanando-se com os balanços do barco, como que lembrando-me que gostaria de entrar em acção.
Prometi-lhe que tudo faria para que tal acontecesse, antes de lhe virar costas e colocar o barco à velocidade de cruzeiro em direcção ao pesqueiro escolhido, ali perto. Isto porque as horas que a altura do Sol já indicavam, exigiam aproveitamento do tempo útil de pesca e o mínimo de mudanças de pesqueiro. Escolher bem, precisava-se!
O fundeio deu-se com a sonda a mostrar peixe por todo o lado, talvez demasiado peixe!?
Era verdade! Aquilo era peixe a mais! As Bogas não davam descanso como tem sido habitual e momentos de pesca mais consistentes, em que se sente: é agora! Vai entrar peixe de jeito... nem um! Uma desilusão.
Não fora uma Dourada de quilo e o Sargo Veado que se mostra abaixo, entrados espaçada e completamente inesperados, para além de uma Choupa e dois Sargos pequenos, magros que nem cães; e, a desgraça seria completa!
O Sol já procurava o seu leito, as iscas continuavam a desaparecer, tanto a Sardinha das iscadas da pesca de mão, quanto a Cavala que, por ser mais rija, sempre cobriu o anzol da pesca no caneiro. O pesqueiro não dava outros sinais e o aquecimento estava feito. Era hora de tornar ao porto e pensar sobre o assunto, tentando perceber o que fazer no dia seguinte. Tudo indicava que tinha de procurar outros mares. Aqueles... estavam mal frequentados!
A Sexta Feira deu comigo a navegar para fora, procurando mares mais profundos, outros pesqueiros, de fundeio mais difícil, solicitando mais atenção e cuidado na manobra, com promessa de justificarem tais trabalhos!?
As marcações eram boas e, mal grado uma pequena aguagem contrária ao vento que com ele guerreava pela posição do barco, consegui fundear onde queria, preparando-me para roubos e lutas a 82 metros de profundidade, usando as mesmas canas e montagens idênticas às do dia anterior. A fé estava em alta, muito alicerçada nos sinais de sonda observados, na qualidade do fundeio e, em outros resultados, de outros anos, em época idêntica, neste mesmo pesqueiro!
Momentos deliciosos que antecedem o que quer que seja?!
A baixada da cana que ia pescar no caneiro, foi iscada com quatro generosos filetes de Cavala fresca, adquirida à saída dos barcos e gelada logo ali, na lota de Sines. A da cana de mão, com Sardinha congelada do Verão, por não haver da outra, fresca e que já mostra gordura suficiente para chamar e/ou interessar quem queremos. Olhei para as iscadas e estupidamente pensei: "se fosse peixe não resistia a isto"! Coisas que se pensam... sei lá eu ao certo os gostos dos bichos!?
A baixada da cana que pescaria a solo, foi largada em primeiro lugar e deixada cair até meia água; depois, a da cana de mão para que tivesse tempo de fixar a primeira e chegar a esta a tempo de sentir o que por lá andasse, sem perder pitada. Fixei a primeira, recolhendo a linha de sobra e baixando o braço do carreto; agarrei na segunda, deixei chegar ao fundo e aguardei atento, mirando a ponteira e olhando de soslaio para a cana que pescava no caneiro que não me deixou tempo para nada... pura e simplesmente, deu um primeiro toque para aí de meio metro, afocinhando em seguida na direcção da água! Já!? Pensei, enquanto colocava no caneiro a que tinha na mão e com uma rapidez feita de calma me atirei à outra, sentindo a força necessária para a tirar do caneiro e iniciar a luta que, parecendo de peixe maior, terminou com a captura deste Pargo de 3,300 kg!
A coisa começava bem... teria pernas para andar? Tudo indicava que sim!
Fui-me à outra cana e levantei-a no ar, apercebendo-me que já não tinha isca. Subi-a! Repeti todo o processo e encontrei-me na mesma situação, atento a todos os pormenores e... bumba!!! Outra vez a cana do caneiro, com Cavala, mergulhando a ponteira, agora com menos intensidade, originando menor luta e dando origem à captura de outro Pargo, melhor dizendo... um Parguito com 1,200 kg. Nem foto lhe tirei! Para quê? O que se necessitava era rapidez para procurar o avô de um e de outro. Será que andaria por ali?
A sequência de capturas interrompeu-se, diga-se que sem surpresa, faltava trabalho e isso é coisa que não me mete impressão!
Atirei-me às canas, às iscas, atento, baixando e subindo ao ritmo dos roubos que aconteciam a curtos intervalos, mas, os resultados a partir daqui, esses sim, impressionaram-me, deixaram-me a pensar e até com algum amargo de boca... em mais de quatro horas de trabalho afincado, à excepção de alguns peixes sem interesse, só consegui mais uma captura... um Polvo para aí de dois quilos!? E agora... como explicar isto?
O ritmo de pesca foi intenso, tanto mais, quanto menos os resultados apareciam; o barco, manteve-se no mesmo local; a aguagem, com a mesma intensidade e rumo; o vento, quase não teve alterações; o peixe miúdo, sempre a comer ambas as iscas e supostamente a contribuir para a atracção de maiores exemplares; tudo isto, considerando ainda as qualidades deste pesqueiro e anteriores resultados, mais que afirmados; não consigo encontrar explicação lógica para o acontecido!?
Alguém com quem comentei o assunto, respondeu-me: só capturaste esses, porque eram os únicos que lá estavam!
Sinceramente, concordei... para o momento em que se deram as capturas. Mas, e todo o trabalho de atracção realizado posteriormente, como não trouxe resultados? O que é que não fiz? Do que é que não me apercebi? Será que a aguagem, por ir para Norte, não encaminhou a esteira de cheiros e vibrações na direcção certa? Talvez esta a razão mais lógica?
Tenho de lá voltar e tentar perceber. Caso esta tenha sido a razão, podia ter-se resolvido mudando o barco para uma ponta ou para o outro lado do pontão. Tarde de mais! Esta opção só me veio à ideia depois de estar em terra a pensar sobre o assunto.
Para todos os efeitos, só em próximas idas ao local se poderão talvez tirar ilações!?
O Sábado nasceu e os meus amigos: Nuno, Tózé e João; compareceram para me acompanharem em mais uma pescaria. Contei-lhes das maleitas e, não os querendo sujeitar às lutas do dia anterior e do outro, procurei outros mares, mais para Sul.
Uma vez mais, apareceram bons sinais quer de sonda quer de toques, mas resultados, nem por isso.
Muito trabalho, muita Sardinha, muito Camarão, mas peixe... salvou-se o Nuno, com esta Dourada...
Tenho de lá voltar e tentar perceber. Caso esta tenha sido a razão, podia ter-se resolvido mudando o barco para uma ponta ou para o outro lado do pontão. Tarde de mais! Esta opção só me veio à ideia depois de estar em terra a pensar sobre o assunto.
Para todos os efeitos, só em próximas idas ao local se poderão talvez tirar ilações!?
O Sábado nasceu e os meus amigos: Nuno, Tózé e João; compareceram para me acompanharem em mais uma pescaria. Contei-lhes das maleitas e, não os querendo sujeitar às lutas do dia anterior e do outro, procurei outros mares, mais para Sul.
Uma vez mais, apareceram bons sinais quer de sonda quer de toques, mas resultados, nem por isso.
Muito trabalho, muita Sardinha, muito Camarão, mas peixe... salvou-se o Nuno, com esta Dourada...
... o João Maria, com este Parguito:
Quanto ao resto... um Safio e alguns Sargos e Sarguetas de pequeno porte que, já no fim do dia animaram a coisa. Talvez se temos ficado um pouco mais os acontecimentos fossem outros, mas a hora tardia, algum cansaço e a perspectiva das viagens de volta, já nos apoquentavam, indicando o caminho do porto.
E assim foi, ficando a "água na boca", tendo em conta o bom tempo, as hipóteses de procura, os sinais que se sentiram, versus os parcos resultados.
O mar está lá, nós não andamos longe e, como costuma dizer o Nuno... "queremos desforra"!
"Bendito e louvado... está mais um conto acabado"!
Boa noite a todos os leitores!