terça-feira, 30 de outubro de 2007

Algo sobre equipamentos e métodos! - 11/Abril/2007


Boa tarde a todos.

É com muito gosto que faço esta entrada, porque vou tentar responder à solicitação do Ricardo Froes, alguém que só conheço pela fotografia, mas que teve o trabalho de se inscrever, comentar e solicitar neste local.

O Ricardo, porque está a equipar um barco para a pesca embarcada, solicita-me dicas sobre o equipamento geral do barco, o que, na medida dos meus conhecimentos, tentarei dar, da forma mais fundamentada possível, essencialmente, com base na prática de utilização dos respectivos métodos e equipamentos.

As descrições que passo a fazer do barco e equipamentos, servirão unicamente como medida padrão e não como medida de resultados obtidos, já que esses, dependem principalmente de um equipamento que não está à venda - a cabeça de cada pescador - o que pretende significar que uma boa cabeça, com materiais, equipamentos e barco não tão completos ou maiores e mais equipados, poderá sempre apanhar mais peixe.

O barco:
  • Comprimento - 7,35 mts
  • Boca - 2,88 mts
  • Peso - 2.700 kgs
  • Motor - Volvo Penta, 200 HP/transmissão por Linha de Veio.
Equipamento para pesca:
  • 5 suportes de cana, rotativos e de ângulos variáveis, no poço:
- 3 destes suportes estão na popa, um ao meio e dois nas amuras, respectivamente de bombordo e estibordo;
- os dois restantes, encontram-se também nas amuras de Estibordo e Bombordo, mas na extremidade do poço mais perto da cabine
  • 2 suportes de canas, iguais aos já referidos, na cobertura da cabine (a bombordo e a estibordo) que se destinam a transportar canas montadas ou onde coloco duas varas (4 mts/cada) adaptadas de canas antigas de surfcasting que, escoradas com cabos, funcionam como separadores de linhas (outriggers) quando estou a corricar ao atum ou outros, coisa que tenho feito pouco, mas este ano vou insistir.
Os suportes do poço permitem apoiar canas em acção de pesca, o enxalavar e também corricar ou transportar em andamento, dependendo das inclinações que lhes dermos.
  • Um tabuleiro para iscas, em fibra, de 1 x 0,30 mts, fixado, com apertos de remoção rápida, sobre e ao centro do varandim da popa.
Este tabuleiro deverá ser retirado, caso estejamos a corricar a peixe grosso.

Equipamento para amarração:
  • 3 cabeçotes a estibordo e a bombordo, à proa, meio e ré.
O cabeçote do meio, para além da sua função principal, pode ser importante na manobra de içar o ferro com bóia, principalmente se formos pescar a solo, como exemplificarei mais adiante.

Equipamento para fundear:
  • Uma peça de cabo com 9 mm de diâmetro, daquele verde que flutua (o mais barato), com 240 metros, ou mais, caso se queira pescar mais fundo.
  • Um ferro inox/galvanizado, com veio de diâmetro 40/45 cm, com 80/90 cm de comprimento e com 4/5 unhas de 12 mm de diâmetro e 45/50 cm de comprimento. O veio deverá ser maciço ou um tubo cheio de chumbo ou outro material pesado.
  • A argola para prender o ferro, não deverá ser mais larga que o diâmetro do veio, por razões que se prendem com o içar do ferro com bóia.
  • Na ponta da peça de cabo que vai ser ligada ao ferro, deverá ser emendado uma ponteira do mesmo cabo, mas com 14 mm de diâmetro que junto ao ferro deverá ser envolvida em 6/8 metros de mangueira. Este cuidado prevê os cortes do cabo em pontões mais altos, pelo roçar continuo com a pedra. A ligação desta ponteira ao ferro, deverá ser feita através de sapatilho de 14 e manilha de 8 mm , devendo esta ser bem apertada e travada.
Não uso corrente, porque em dias de pouco vento, em que o barco anda à volta, a dita cuja pode enrolar-se em bicos lá por baixo, aumentando as hipóteses de o ferro ficar lá (já me aconteceu).
Neste sistema as unhas abrem e o ferro solta-se, sendo conveniente ter a bordo um tubo de inox com um diâmetro interior de +/- 16 mm, com parede grossa que nos permitirá tornar a endireitar as unhas.

Equipamento e modo de içar o ferro:
  • Uma bóia com 50 cm de diâmetro, ou mais, ou um Jerrycan de 30/40 litros, envolvidos em rede, feita com cabo de 4/6 mm de diâmetro, cujas alças serão unidas numa extremidade e amarradas por um cabo de 8/10 mm, com uns 70 cm de comprimento. Na outra extremidade deste cabo haverá uma alça onde se aplicará um mosquetão de 8/10 mm.
  • Uma argola completamente fechada, em inox, com 15 cm de diâmetro, feita em varão de 8 mm à qual se solda uma pequena argola com um diâmetro interior de 12 mm. A argola grande destina-se a estar sempre enfiada no ferro. Quando largamos ferro pela 1.ª vez, num dia de pesca, seguramo-la na mão enquanto o cabo sai. Quando o ferro chega ao fundo e o cabo fica lasso, aplicamos o mosquetão, que está no cabo da bóia, na pequena argola soldada à argola grande, ficando a bóia ligada ao cabo e pronta a ser usada para o içar.
Quando queremos içar o ferro, se estivermos a comandar a estibordo, arrancamos manobrando para bombordo, aproando em seguida no sentido do fundeio, mantendo a bóia a estibordo, continuando a manobrar nessa direcção até o ferro soltar e chegar à bóia. Quando o ferro estiver cá em cima, aceleramos durante alguns segundos, para que o ferro entre na argola da bóia.
Após a anterior manobra, prendemos o cabo no cabeçote, ao meio do barco (para que não vá ao hélice), e voltamos a navegar, ao lado do cabo, até à bóia, procedendo à recolha de tudo para o poço do barco.
Não sei se consegui explicar ou se era necessário, mas poderei colocar uma foto do material, quando for ao barco no próximo fim de semana.

Equipamento electrónico:

Sobre este equipamento, a coisa complica-se, porque está muito dependente da bolsa de cada um ou, dos sacrifícios que estamos dispostos a suportar para os adquirir. No entanto, contínuo a dizer que com melhor ou pior, se nos adaptarmos ao material acabamos por cumprir, na mesma, os nossos objectivos com qualidade.

O ideal ou superior/Sonda:

- A cores, com 500 ou mais Watts de potência, de dupla frequência (200 e 50 Mega hertz) com transdutor de bronze a passar o casco e montado com o espelho na horizontal. Eu uso uma JRC FF50, com estas características. Lê muito bem até aos 500 metros.
Caso não seja possível, trabalhei muitos anos com humminbirds a preto e branco, das mais chegadas ao topo de gama, com transdutores de popa, chegando a ler até aos 200 metros e que custavam metade do preço, não deixando de "os" apanhar por causa disso.

Sobre as marcas, existem muitos tipos de sondas, quer para um tipo, quer para outro (Furuno, Ray Marine..., ou, no segundo caso, Lowrance, Garmin..., etc.).

No momento da compra deverá ter o cuidado de reduzir 40% ao que os vendedores de material lhe disserem sobre a profundidade em que a sonda trabalha bem. Excepto em aparelhos com preços proibitivos.

O ideal ou superior/GPS:

- A cores e com carta. Eu uso o Radar 1800 da JRC que tem radar e GPS incorporados.
- Mas caso não seja possível, procurar nas marcas que já referi, um GPS sem carta - hoje em dia são bastante fiáveis - comprar uma carta IP e usá-la como indico na entrada "À Procura de Pesqueiros 1.ª parte".

Nota importante:

Tem ainda os aparelhos combinados que poderão ser uma boa aposta em termos de economia de espaço e até de dinheiro, se bem que, pessoalmente, não seja grande adepto destes.
Para já vou ter que parar por aqui, que o tempo está-se a esgotar e este assunto é enorme.
Espero ter correspondido ao seu interesse, se o não fiz, podemos sempre completar, mas preciso de mais algum tempo.

O rádio:

A Navicon tem uns rádios suficientes e em conta, como o que uso. A partir daqui tem muita escolha.


Envio-lhe uma foto do barco, mas não sei se vai conseguir concentrar-se no ferro que lá está à proa!

Um abraço!

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