Findas as festas e após recuperação da noitada de Ano Novo, chegou a hora de continuar os relatos iniciados na anterior entrada, já que, só assim se entenderá a sucessão de comportamentos e atitudes que levaram à concretização do sucesso de Domingo.
O Domingo amanheceu calmo, sem vento e com uma temperatura amena.
Levantei-me por volta das sete, sentindo o vigor do sono reparador de uma noite descansada e bem dormida, ao som do ranger dos cabos de amarração provocado pelo enchio indicador da vaga larga que rolava lá fora, e, gozei cada momento daquela calma que antecede a chegada dos companheiros, com a habitual excitação derivada das antecipações que cada um elabora relativamente ao que possa acontecer em cada dia que se parte para a pesca.
"Voltei à terra"! Coloquei as canas nos suportes e arrumei as iscas, libertando espaço para toda a movimentação dos meus companheiros e respectivos materiais que se verificaria assim que chegassem, tentando assim maximizar o espaço utilizável e evitar danos em materiais mal arrumados que, tendencialmente, poderão estragar um dia de pesca logo à nascença.
Subi à cidade e dirigi-me à pastelaria onde, tomei o pequeno almoço, com o Zeca, o Tavares e o Zé Beicinho, conforme combinado no dia anterior, enquanto aguardava a chegada do Raimundo, do Vitor e do Zé Custódio que, entretanto, me telefonaram dizendo-me que já estavam no barco a preparar as pescas para a "guerra" que se avizinhava. Se estão lembrados, estava combinado do dia anterior irmos em dois barcos para a mesma zona, já que, os sete num só barco, não permitiria a qualidade de acção de pesca desejada.
Tudo a postos, seguimos para o local do dia anterior e iniciámos as operações! Sondagem, determinação da deriva, fundeio e, o que se espera com mais ansiedade, a chegada das iscas ao fundo e o sentir do que por lá andará!
As habituais picadinhas de peixe miúdo, ou talvez não!? E, o roubo descarado das iscas verificaram-se de imediato, dando sinal da correcção da leitura da sonda e da existência de "pessoal" interessado lá pelos 62 metros, profundidade a que nos encontravamos a pescar!
A Bomboca e a Sardinha desapareciam num piscar de olhos e o Carangueijo vinha chupado, sinal de que as Douradas ainda não estavam por lá ou, estavam a ganhar excitação para ataques mais decididos! Sim, porque destas iscas elas costumam gostar!? Vamos ver! Só o decorrer do dia o diria!
Decidimo-nos pela seguinte estratégia de ataque:
Iscávamos Sardinha no anzol de cima e Carangueijo no do baixo, intervalando com Bomboca, depois o contrário, de vez em quando só Sardinha e/ou só Carangueijo e, claro, íamos lendo os sinais e optando conforme as capturas ou a constatação do roubo completo/incompleto das iscas e posterior análise das que chegavam cá acima, tentando entender o que por lá andaria de volta das nossas baixadas!
Enquanto decorria toda esta acção, vem um aviso do outro barco! Olha uma! Grita o Zé Beicinho! E, tudo fica mais complicado! Sente-se o nervoso a bordo e os meus companheiros começam a mexer muito as canas e a ficarem nervosos! Acalmo as hostes e apelo à concentração! As coisas melhoram e entra a primeira! Aquela que está na foto que abre a entrada, orgulhosamente erguida pelo Raimundo!
Entram mais! Eu apanho uma... E outra!
O Zé Custódio, a pensar nas Douradas, apanha o Pargo que se vê abaixo e elas continuam a entrar, ora a um ora a outro, entremeadas com um ou outro Pargo, mas tudo nos tamanhos que se veêm nas fotos referenciadas!
Olho para a minha montagem e vejo os estralhos já um pouco enrodilhados, derivado das subidas com restos de carangueijos não consumidos lá em baixo, e, resolvo montar uma nova, até porque esta já pescava desde o dia anterior!
Nesta nova montagem, perseguindo a captura de um melhor exemplar, decido montar um anzol maior que leve mais carangueijo, talvez um pequeno empurrão à sorte traga resultados!? E, já agora, altero a iscada! Tentativa por tentativa, muda-se tudo!? Vamos ver!
Corto as patas de um só lado a dois Carangueijos e tiro-lhes o casco e as bocas, deixando a carne à vista e as restantes patas penduradas, pensando para comigo: com a aguagem que está, isto há-de fazer um belo efeito lá em baixo!?
Olho para esta "bricolage", sentindo algum orgulho, seguido de imediato por um sentimento de parvoíce por o ter sentido e pensando que seria talvez mais uma iscada para ser indecentemente roubada, sem qualquer resultado para trabalho tão elaborado!
Largo a baixada e as iscadas XPTO para o fundo, travando a descida para evitar a saída de linha a mais e consequente formação de um seio grande, derivado da aguagem com alguma intensidade que se fazia sentir.
Sinto a chumbada, de 200 grs, chegar ao fundo e tenso a pesca! Nada, nem um toque! Acompanho as subidas e descidas da vaga com a cana, assegurando que a chumbada não sai do fundo, e, os toques sem se sentirem!? Desconfio! Ou me roubaram a isca e nem dei por isso ou anda peixe maior por aqui!? Aposto na segunda hipótese e aguardo!
Num momento em que a linha fica menos tensa, devido à descida da vaga, vejo a ponteira vibrar um pouco e aguardo um segundo toque que se verifica de imediato e ao qual reajo com uma ampla, seca e rápida elevação da cana!
Fico com a sensação de pesca "arrochada" que, de imediato, se verifica errada, pela simples razão que o fundo não cabeceia para além de si próprio!
A luta é violenta, típica deste espárido, com cabeceamentos curtos, rápidos e intensos; ao contrário do Pargo que os faz mais compridos e insistentes!
A sensação de possível perda do peixe é superior na luta com a Dourada, pois a hipótese de perda de contacto com o animal, durante a luta, é mais fácil de acontecer que com o seu "primo"!
Mas desta vez não! Depois de algum tempo que sempre parece interminável, eis que o enxalavar termina a tarefa e o exemplar que se vê na foto abaixo, entra no barco e passa ao estrelato na companhia de quem a apanhou e sob o olhar atento de quem gostaria de também a ter apanhado! Raimundo, não desesperes companheiro! Fica para a próxima!
Não a pesei! Mas tem mais de três quilos, talvez muito perto dos quatro! Mas já lhe comi a cabeça, ontem ao almoço, assim como as abas que foram hoje, cozidas com todos, para mim e para a minha mulher, regadinhas com um vinho branco de Pegões que, tendencialmente, nos deixa "esquecidos"! Ai meu Deus!
Bom! Deixemo-nos destas divagações e continuemos!
A pesca desenrolou-se! As Douradas, algumas Chopas grandes e Pargos, iguais ao que o Zé Custódio já por aqui mostrou, continuaram a entrar, até que atingimos o peso máximo, e, com o fim do dia a chegar, demos a pesca por terminada e começámos a arrumar a tralha, acomodar o peixe e a preparar a volta ao porto, gozando cada momento, com a evidente lentidão de quem não quer dar por findo dia tão compensador! É assim! há que tentar repetir! Não igual! Mas melhor ou pior! Não importa! O que interessa é que se vá e se mantenha viva a vontade de fazer cada vez melhor!
No barco do Tavares, já se tinha também levantado o ferro e sabíamos que a pesca também tinha sido boa! Gritei-lhes que passassem por mim para fazer uma foto, pois, dias como este merecem ficar para a posteridade!
Aí está ela, por cima desta conversa! Não me parece que seja importante comentar, pois as expressões do pessoal dizem tudo, e, não estão certamente relacionadas só com o peixe que mostram!?
Um Ano Velho que acabou bem! Vejamos o que nos traz o Novo!?
Boa noite a todos, e, mais uma vez, bom 2008!
9 comentários:
Boas
Quero felicita-lo pelo seu excelente blog e dar-lhe os parabéns por ésta última pesca que por sinal correu muito bem!
Mais uma vez PARABENS
Um abraço
Sérgio Silva
Viva Ernesto Lima
A ver se é desta que lhe chega o meu escrito... hehehe
Continuo a gostar do seu diário, lê-se tudo até à última letra
A iscada de caranguejo (e a foto!) está um espectáculo
Um Bom 2008 para si, família e amigos incluídos
João Martins
Ernesto, um homem até fica a arfar a ler as tuas descrições de pesca, aqui o pessoal do Vale já diz que eram capazes de ir a pé até Sines só para poderem pescar contigo.Hehehe
Um abraço.
Amorim
Viva Ernesto.
É bem verdade amigo é uma grande Dourada. Os meus sinceros parabéns pelas pescarias e pelos relatos, como sempre excelentes. Até parece que estou lá a tirar essa menina, cansado e tudo.
Grande Abraço
Paulo karva
Viva
Parabens, grandes pescas e melhores relatos ainda é de ficar com os olhos em bico ...
Que o ano de 2008 seja com pescarias ainda melhores.
José Luis Costa
Primeiro gostava de lhe dar os meus parabens por este magnifico espaço de partilha,conheci o seu blog por entermédio de um amigo e devorei o em horas.
Ao le lo sinto o cheiro do mar,o barulho das ondas,e uma vontade enorme de pescar.
Mais uma vez parabens,e que o melhor de 2007 seja o pior de 2008.
Abraços Pedro azevedo
Mais uma excelente pescaria.
Viva Pessoal!
Vocês estragam-me com mimos! Lolol
Grato pelo Vosso interesse e comentários!
Abraço!
Quem espera sempre alcança...
As meninas lá apareceram Ernesto, parabéns pelas capturas e pelo relato, mágnifico como sempre.
Abraço e boas capturas neste 2008
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