terça-feira, 30 de outubro de 2007

Domingo 15/Julho/2007 - Mais um dia! mais uma lição!


Fim de semana alucinante!
Trabalho na Sexta! Trabalho e revisão ao motor do barco no Sábado! E, finalmente, pesca no Domingo!
É pouco (a pesca, claro)! E é duro! Mas é assim!
Após uma semana sem tempo para nada, em que só na Quinta Feira, ao fim do dia, me foi permitido saber o que poderia fazer no fim de semana! Não tendo sequer encomendado isca, sob pena de se estragar se não fosse, mas, lá segui para Sines, no Sábado ao fim da tarde, não sem antes combinar com o Zeca, o Zé Beicinho e o Brás, a pescaria de Domingo.
Antes de ir, fui consultar os meus apontamentos de pesca, verificando o que já calculava! Está na altura dos Pargos encostarem à terra, sendo uma boa aposta procurar os pesqueiros e zonas já conhecidas de outras pescas na mesma altura e insistir num local que apresente uma marcação de sonda indicadora de entralhados junto a pedra mais ou menos alta, com alguma marcação de peixe agarrado ao fundo e bolas intensas sobre os pontões mais próximos.
Os sinais referidos, significam comedia e consequentemente a possível presença de predadores por perto, portanto qualquer fundo que apresente estas condições será certamente um bom fundo para testar as nossas iscas e montagens.
Com a cabeça cheia dos anteriores pensamentos, telefonei ao pessoal de Sines e pedi-lhes que arranjassem sardinha e cavala, frescas, para as primeiras impressões, porque depois é apanhar cavala viva e iscá-la aos filetes, de várias formas (ver entrada "Dei com Eles"), enquanto está dura, sendo para mim das boas iscas para esta pesca, atendendo à sua resistência aos ataques do peixe miúdo.
Com ideias feitas, a sensação de relaxamento que sempre me envolve quando me dirijo ao Porto de Sines e tudo combinado, cheguei, aguardei pelo Brás para a revisão ao motor, preparei as pescas, e, com tudo em ordem, fui jantar com os meus amigos e antecipar o dia seguinte, com a conversa e brincadeiras do costume! É simples e é lindo como, com coisas tão simples, podemos estar tão bem!
Domingo amanheceu um dia cinzento, com nevoeiro e mar calmo, com uma aragem de sul suficiente para aproar bem o barco e que, proporcionou um dia sem frio, sem calor e com mar calmo. Em resumo, sem extremos de qualquer espécie!
Juntámo-nos no barco, às 8.00 horas, montámos as canas, todas entre os 3.00 e os 3,60 metros, com baixadas de dois anzóis entre o 1/0 e 0s 3/0, com estralhos de 0,40 a 0,60, em 0,35 e 0,40 de diâmetro, uns com fluorcarbono e outros não! Podendo dizer-se que não notámos a diferença, tanto apanharam os fios normais como o fuorcarbono, não me perguntem porquê, não sei explicar!? Esperemos que alguém saiba!?
Chegou a hora! Tudo a postos e começa a caça!
Dirijo-me ao primeiro pesqueiro, um pontão separado de outros, a cair dos 40 para os 46 metros de profundidade, não muito longe do porto, cheio de entralhados à sua volta, ligo a sonda, passo em cima do bico e apercebo-me da quantidade de peixe alvorado que por ali anda! Sondo à volta e para onde me viro vejo marcações de peixe agarrado ao fundo, entre o limpo e a pedra, pensando em voz alta para os meus companheiros: "pessoal! Se tivermos calma, iscarmos bem e resistirmos aos ataques do peixe miúdo, ou me engano muito ou vamos ter luta séria hoje e aqui neste lugar"!
A acção começou, primeiro com toques muito fracos, depois com outros mais definidos, mas, a isca desaparecia ou vinha toda ratada! Insistimos! As primeiras cavalas entraram, eu sorri, primeiro para dentro e depois para fora, cortei uns filetes fininhos, isquei um de cada vez, com uma só espetadela, quatro, num anzol 2/0, olhei para aquilo e pensei "se fosse Pargo, atirava-me a isto de certeza"! A baixada chegou lá abaixo! Tirei-lhe a folga e esperei! Senti um pequeno toque! Parou! Arrepiei-me com o sinal, e, ainda o arrepio não tinha passado, três toques rápidos e intensos, levanto a cana ao alto e lá está, lindo, aquele puxão inconfundível! Já o tenho! Agora depende de mim, a luta dá-se! Não é das maiores, mas é boa e eis que chega à borda o primeiro do dia, vermelho com listas prateadas a rondar os dois quilos e qualquer coisa, não importa, o mote estava dado e o entusiasmo a bordo notou-se de imediato, com os companheiros a renovarem iscas e a ficarem mais sérios e atentos! A acreditarem!
É importante ver as modificações de quem pesca num barco ao longo de um dia e sentir que um peixe vai entrar, só pelas alterações dos comportamentos dos vários companheiros a bordo! Parece-me bastante influente nos resultados dum dia de pesca, a capacidade dos pescadores acreditarem no que estão a fazer!
Neste dia, isso aconteceu!
Os Pargos não entraram seguidos, deram trabalho! Iscou-se muito, diversificou-se muito! Entravam um ou dois e esperava-se um bom bocado, acreditando que vinham mais, mesmo quando as iscas eram pouco tocadas! Variava-se com lula e longueirão e tornava-se a insistir com cavala e sardinha de várias formas e o tempo passava, sem darmos por isso! E terminou, como tudo na vida, permitindo a renovação em futuro próximo.
Durante e depois vieram as fotos, as conversas, as brincadeiras, mantendo sempre a festa dum dia em que os resultados se configuraram em 5 Pargos de 2,500 Kgs, 5 de 1,500, um sargo de bom tamanho, alguns besugos e carapaus, sarguetas e uma abrótea pequena.
Uma pesca bonita, estudada e concretizada num estilo misto de entusiasmo e calma contida!
Espera-se a próxima com ansiedade! Há que testar outros sítios e tentar a isca viva, procurar os maiores, talvez naquela profundidade, talvez mais fundo, não sei! Vou pensar e depois conto!
PS: Já aí está a foto dos mosqueteiros! Falta ainda fazer uma menção ao fotógrafo! Um pescador que está cada vez mais perto de aparecer numa foto com um ou mais destes belos animais! Aguardo com impaciência a chegada desse dia, pois com muito gosto a colocarei neste lugar, contando a sua estória, se ele assim o entender!

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