terça-feira, 30 de outubro de 2007

"Zagaia" - Canas, Linhas e Carretos - 16/Junho/2007

Após relatos do passado fim de semana e considerando a porcaria de tempo que para aí está, estão criadas as condições para continuar a pensar sobre a pesca à Zagaia, onde tentarei desenvolver um raciocínio, o mais lógico possível, sobre canas, carretos e linhas a utilizar!

Um conjunto adequado a este tipo de pesca deverá apresentar algumas características específicas:

- Permitir ao pescador sentir bem os movimentos que imprime à Zagaia.

- Trabalhar bem um peixe grande e lutador, cujo peso possa atingir 12 0u mais kgs (não faço ideia quantos!).

- Ter uma boa relação entre as qualidades acima referidas e a leveza, sendo esta talvez a característica mais difícil de encontrar, nomeadamente quanto ao carreto a utilizar.

As funções descritas, variarão significativamente segundo os factores, profundidade e deriva do barco, assim vejamos:

- Em profundidades até 40/50 metros e/ou com pouca deriva, o pescador sentirá melhor os movimentos que imprime à amostra e o peixe lutará mais violentamente, produzindo uma luta mais intensa.

- Aumentando a profundidade a que se pesca e/ou com deriva mais acentuada, tanto as sensações do movimento que se imprime à amostra como a luta com o peixe, diminuirão de sensibilidade e intensidade respectivamente, embora a luta se possa prolongar por mais tempo.

"Trabalhar" um peixe "destes", não se compadece com embraigens muito abertas e enrolamento contínuo do carreto, mas sim, com embraigens muito fiáveis, taradas para +/- 3/4 da capacidade de resistência dos nós e linhas da baixada!

Aguentando a primeira investida e evitando que o peixe leve linha para além do estritamente necessário, o pescador elevará a cana, assim que for possível, enrolando o carreto quando a baixa, tornando a elevá-la e assim sucessivamente, num movimento a que usalmente se chama "bombear", muito utilizado na pesca grossa.

Ter em conta que nomeadamente os Pargos, quando ferrados em profundidades importantes (+ de 70 metros), muitas vezes incha-se-lhes a bexiga natatória, iniciam uma flutuação, e, a partir, para aí dos 20 metros, ficamos com a sensação que se desferraram, sendo tempo de elevar a cana e enrolar rapidamente a linha, retornando ao contacto com o peixe, controlando a sua chegada à boca do enxalavar ou ao bico do bicheiro, dependendo do tamanho quer do peixe quer destes acessórios.

Considerando o arrazoado atrás desenvolvido, uma cana para este efeito deverá talvez ter as seguintes características:

- Passadores largos, com um comprimento superior a 3,00 metros, leve, forte e algo rija, para:

  1. Deixar sair a linha com facilidade.
  2. Oferecer uma alavanca de controlo suficiente, quer para imprimir os movimentos necessários às amostras quer para se tornar parabólica quando a trabalhar o peixe.
  3. Não ser demasiado penosa para o pescador que a utiliza por vezes durante horas seguidas.
  4. Permitir sentir bem os movimentos que se imprimem às amostras, quer equipada com monofilamento quer com multifilamento.

Relativamente às linhas, vejamos:

- O monofilamento parece melhor para trabalhar peixe grande, atendendo à sua elasticidade, mas, pela mesma razão, não tão bom para sentir os movimentos que se imprimem às amostras.

- O multifilamento oferece, como sabemos, características perfeitamente opostas ao mono.

Então, em que ficamos?

Parece adequado sugerir que para pescar até aos 40/50 metros se possa utilizar unicamente monofilamento, procurando um que tenha pouca memória. Assim como, pescando em profundidades maiores, utilizar multifilamento com uma ponteira de 20 a 25 metros de mono, permitindo manter as características relacionadas com sentir o trabalho das amostras e manter a elasticidade suficiente para "trabalhar" o peixe.

Quanto aos carretos, atendendo ao que são sujeitos no trabalho de imprimir movimento às amostras e no subir e descer contínuo, assim como, à necessidade de terem embraigens extremamente fiáveis; nunca deverão ser muito pequenos, baratos, muito leves ou muito lentos, devendo portanto adequar-se às capacidades físicas e monetárias de um determinado pescador! Isto quer dizer que um carreto mais lento e/ou mais pesado desempenhará as mesmas funções, mas com maior esforço do seu dono. Quanto ao preço, é preferível apostar em materiais bastante resistentes à fadiga e com pouca necessidade de manutenção, mesmo sendo um pouco mais caro, pois certamente se poupará a médio/longo prazo.

Parece poder afirmar-se, atendendo às considerações por aqui desenvolvidas que:

Cana adequada: Spinning médio/pesado com 3.00 ou mais metros.

Linhas:

  1. Monofilamento 0,40/0,45, com pouca memória e muita resistência ao nó
  2. Multifilamento 0,30/0,35.

Carretos: +/- 8000, concebidos em bons materiais (inox/bronze), principalmente ao nível da "roda de coroa" e do "pinhão de ataque".

No caso de pescarem derivando com amostras de vinil ou tipo rapala, como referi na entrada onde relato a forma como apanhei o "Pargo do Meu Contentamento", pode utilizar-se uma cana mais pequena (2,70), de corrico ligeiro, montada com um carreto idêntico cheio com monofilamento.

Para melhor entendimento sobre o que aqui sugiro, importa consultar as anteriores entradas relacionadas com este tema.

Espero um destes dias poder provar com mais capturas minhas, o que aqui disse!

Bom fim de semana a todos os leitores.


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