segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O que a pesca nos dá...

Mais uma ausência para além do meu gosto, no que a este lugar se refere!
Se fosse político, justificava isto com a maior das facilidades. E tal... Porque assim e porque assado... Mas não consigo, porque fico com receio que não acreditem. Uma coisa é certa... foi por boas causas.
Também não interessa! Estamos aqui a conversar, estou de férias e na paz do Senhor, pronto para analisar, pescar, analisar e assim sucessivamente.
A pesca oferece-nos espaços de pesquisa e reflexão enormes, capazes de preencherem horas à nossa massa cinzenta, quando interessados no assunto!
Este passado fim de semana, como alguns de vós certamente se terão apercebido, realizou-se o convívio de embarcada do Porto de Abrigo, evento onde, implicitamente, teria de estar envolvido com todo o meu fervor!
Por tal, fui na Quinta Feira à noite para Sines, combinando antecipadamente com o Amorim, um dos membros que aderiu à iniciativa, fazermos na Sexta Feira um reconhecimento de pesqueiros e respectivos sinais por estes oferecidos, com a intenção de tentarmos estabelecer estratégias que, relativamente à acção intensa de pesca em perspectiva para o dia seguinte, pudessem contribuir para o sucesso da jornada.
Não fomos cedo! Eram para aí umas 10.00 horas quando chegámos ao primeiro pesqueiro que se revelou com bons sinais, interrompendo-os ao fim de meia hora, em que nenhum peixe entrou a bordo, embora as iscas inicialmente desaparecessem rapidamente o que veio a degradar-se em pouco tempo, obrigando-nos a demandar outro local.
Não muito longe, perto de meia milha para terra e para Sul do primeiro pesqueiro testado, encontrámos outro que evidenciava bons sinais na leitura de sonda, vindo a verificar-se produtivo mal grado os grandes intervalos de entrada de peixe. No entanto, as iscas desapareciam dos anzóis em segundos, assegurando uma engodagem séria e certamente um frenesim de peixe miúdo passível de promover a múltipla atracção daqueles com quem queriamos a confrontação.
Tudo corria segundo as probabilidades, num dia com algum vento que se sucedia aos anteriores, muito idênticos em condições do ar e temperatura de água.

Não tardou muito que entrassem os primeiros Parguitos iguais ao que se mostra na foto de abertura, espaçados em tempo e com muito trabalho exigido pelo contínuo roubo de iscas, caindo essencialmente ao Camarão e à Cavala, tudo indicando ser a velocidade a que a Sardinha desaparecia a razão principal dos resultados que se iam conseguindo com estas iscas.
Aumentámos o ritmo, iscando Sardinha nos dois anzóis duas ou três vezes seguidas e alternando com Camarão, Cavala e Lula, ora no anzol de baixo ora no de cima.
O vento começava a dar sinais do aumento previsto para a tarde e a cana de 3,60 da 7even, mostrou o equilíbrio entre a sua leveza, capacidade de ferragem e progressividade de acção, quando, levantada alto após um pequeno afundanço da ponteira, iniciou os trabalhos com o animal que abaixo se mostra, aguentando as suas investidas de forma gradual, sem pancadas bruscas, conduzindo-o em segurança em direcção ao enxalavar e fazendo perceber que está preparada para maiores. Muito boa!
Claro que o pescador terá algumas culpas no cartório, pois a cana sózinha fica quieta onde a deixarem!
Ainda entrou mais um Parguito, mas muito havia por fazer para o convívio que se avizinhava no dia seguinte e eram horas de retornar ao Porto de Sines, o que fizémos, alimentando a nossa alma com as perspectivas de muitos e maiores exemplares para os pescadores que aí vinham, considerando os resultados desta pequena sessão.
A pesca, no entanto, dá-nos de tudo... Uns dias com pouco trabalho e com resultados excelentes e outros com mais trabalho e com resultados possíveis, considerando as intenções que levamos, as consequentes preparações e as alterações climatéricas que se apresentam.
O dia seguinte acordou calmo, meio encoberto e abafado. O mar estava espelhado e o vento não se fazia sentir, dificultando a percepção sobre a posição em que o barco ficaria.
Os donos dos barcos que apoiaram o convívio (eu incluído), um tudo nada ansiosos... Desejando que as capturas abençoassem os pescadores aderentes, rumaram aos pesqueiros montando as suas estratégias, seguindo-se as operações de sondagem e fundeio.
As movimentações de peixe à superfície e as marcações de sonda, embora mostrando peixe ao fundo, indicavam muito peixe na coluna de água acima deste e em bolas compactas considerando todos os pesqueiros testados.
O peixe comia mal e não se atirava à Sardinha com a regularidade do dia anterior já para não falar da que é habitual nesta altura do ano.
Os barcos com melhores resultados foram aqueles que no primeiro pesqueiro tiveram os melhores sinais e por lá se foram aguentando. Os outros, andaram à procura, saltando de pesqueiro e capturando um peixe aqui, outros dois ali e nenhum acolá, sempre tentando fazer valer o convívio também pelas capturas efectuadas.

Comparativamente ao dia anterior, as diferenças eram significativas... O peixe não comia a Sardinha, só Camarão, Cavala e Lula, mesmo assim de forma irregular, indicando talvez quer o seu tamanho diminuto quer o possível interesse na Sardinha de outros maiores que poderiam lá andar mas que não chegavam a realizar os seus intentos por alguma razão que desconheço... Apresentação das iscas, maior interesse nos pequenos por serem em grande quantidade, dispersão de interesses em toda a coluna de água... Não faço ideia!
O único Pargo digno desses nome que entrou no Makaira, veio através da Cavala e um Sargo de quilo veio pela Sardinha, talvez por ter tamanho suficiente para não se intimidar...? Entrou de repente quando nada o fazia esperar. De resto, dois Safios, algumas choupas, uma ou outra Sargueta e dois Parguinhos pequenos completaram a pesca do dia... Sofrida!
O animal maior que entrou a bordo, foi o Leitão que comemos, regado com um Alvarinho de se tirar o chapéu, cortesia do nosso amigo Paulo Karva. Queixar do quê?
Certo é que, todos os barcos capturaram algum vermelhinho. Nenhum daqueles de encher as fotos, mas os suficientes para justificar a pesca direccionada proposta, senão vejamos:
- 5 barcos com 19 pescadores (donos incluídos); para além de alguns exemplares como um Sargo Veado de alguns quilos e alguns legítimos de bom peso; capturaram 25 Parguetes e Pargos; e, 3 Bicas. Os maiores... Esses não se conseguiram!
Em última análise, considerando os resultados e os sinais observados em sondagem e acção de pesca, pode dizer-se que talvez tivesse sido um dia em que a Zagaia pudesse ter outros resultados... Mas nunca o vamos saber. Sabemos é que, numa próxima oportunidade, vamos previamente com um olho colocado no assunto.
Verdade também que o dia terminou com o calor da camaradagem, muita conversa de pesca, as caras a reflectirem prazer e os estômagos compostos com o Arroz de Tamboril e o Ensopado de Borrego com que fomos brindados pelo Zé Beicinho que não se poupou a esforços para que terminássemos em beleza.
Fico-me por aqui, esperando que alguns arranjos no barco não me impeçam de cá retornar com a brevidade que gostaria.
Boa tarde a todos

7 comentários:

Team Mesquitas disse...

excelente relato e bons exemplares..a ver se me estreio também nos pargos este ano..continuação de boas férias e também de pescarias..um abraço

Anónimo disse...

Olá Ernesto. Mas que grandes férias, assim vale a pena. Espero que, com mais ou menos peixe, aproveite as férias e esse mar sagrado para repor as energias e gozar a família e os amigos. Tive pena de não ir ao encontro, qualquer dia já nem conheço o caminho para aí!, pois há 6 semanas que estou de castigo. No fim do mês (quando provavelmente o Ernesto acaba as suas férias) mudo-me eu de armas e bagagens para aí. Espero ainda encontrá-lo e até lá, aproveite.
João Carlos Silva

Ernesto Lima disse...

Viva Pessoal!

Grato pelos comentários.

Espero que o FISGOPEIXE se estreie nos Pargos com a brevidade possível.

Quanto ao João Carlos Silva... O seu momento vai chegar.

Para mim, para além de tomar conta da neta até a filha vir de férias e resolver umas avariazitas lá no Makaira, vai ser um interregno de alguns dias.

Mas não me queixo... A minha hora vai chegar! Lol

Abraço

Ernesto

Anónimo disse...

"A pesca oferece-nos espaços de pesquisa e reflexão enormes, capazes de preencherem horas à nossa massa cinzenta, quando interessados no assunto!"

Pois é companheiro, a enorme diferença entre estes dois dias em termos de pesca, só me dá uma certeza, é que muito que se leia estude e aprenda, o mar será sempre um enorme mistério, por isso me encanta, por isso só penso em lá estar!

Abraço

Amorim

cebula disse...

Salve amigos pescadores.
Primeiramente, me permitam dar os parabéns aos responsáveis do site pela qualidade do material que encontrei por aqui. Também adoro uma pescaria e sou da corrente que defende que pescaria não é apenas sorte, e sim uma soma de técnicas e conhecimentos.
Se me permitirem também, gostaria de convidá-lo, bem como os pescadores frequentadores deste endereço, para conhecer algumas matérias sobre pesca que tenho publicado em meu site. O endereço é: http://peska.com.br.
No mais, um forte abraço e muita pescaria para vocês...

Ernesto Lima disse...

Viva Pessoal!

Grato pelos novos comentários!

Ao Amorim:

É verdade companheiro! O mar dá-nos tanto e pode-nos roubar tudo em qualquer momento!
São capacidades fascinantes deste nosso amigo.

Ao Cebula:

Viva e seja Bem Vindo aqui ao local!

Vou ver o seu link e colocá-lo por aqui!

Gosto da sua corrente!

Abraço

Ernesto

Anónimo disse...

Oi Ernesto! Como sempre... excelentes postagens! Tenho andando um pouco afastado dos comentários mas venho cá ler este teu cantinho todas as semanas... sempre ansioso por momentos únicos e imperdíveis!

Força amigo!1 abraço

Atentamente, Luis Ramalho