segunda-feira, 16 de maio de 2011

Resultados... reflexões... opções!


Manhã de Domingo, dia 15 de Maio... ponho a jeito um iogurte uns bolinhos secos e descasco a laranja que os precede no processo de "mata bicho" a bordo, em dia de volta a casa, após três jornadas de pesca, mais ou menos intensas, com bom tempo e resultados a condizer.

Na calma da manhã, olhava o caneiro de popa, lembrava-me de alegrias que alguma cana nele colocada me tinha dado e, inconscientemente, analisava os resultados, as indecisões, as opções... de Quinta, Sexta e Sábado, acabadinhos de pescar; enquanto saboreava a doçura dos gomos do citrino que me limpavam a garganta e a alma, assim como, preparavam o estômago para o que a seguir lá caísse.
A maravilhosa solidão do momento que antecedia a volta a casa, fez-me sentir um desejo de partilha com os amigos, os leitores, o mundo... através desta porta aberta a quem entenda virtualmente aceder a tais momentos, peripécias, reflexões... por curiosidade, por conhecimento, por amizade, por acaso, ou, quaisquer outras razões!?

A Quinta Feira foi dia de família... três gerações de amigos a bordo. O Stef, um Marselhês meu amigo, há muito radicado em Portugal; o seu pai, Monsieur Richard; e, o seu filho, o Ricardo. Gente boa e, há algum tempo, com muita vontade de se iniciarem neste tipo de pesca a que, sem presunção, chamo minha!

O primeiro pesqueiro escolhido, apresentava uma marcação de sonda razoável para a época, com peixe agarrado ao fundo, embora sem aquele formato em pequenas aglomerações de cores vivas, um dos que melhores resultados têm proporcionado.

A acção iniciou-se com os roubos habituais das nossas amigas Bogas e Sarguetas pequenas. Digo amigas... por serem elas muitas vezes, através do frenesim que colocam no acto de comer, a espalharem a palavra por aqueles que procuramos, caso esses estejam colocados em posição de a "ouvirem"!?

O tempo passava, entrou uma Pataroxa, algumas Sarguetas até que, de repente, a cana do avô Richard dobrou-se violentamente, iniciando luta dura ao som de interjeições piscatórias populares francesas que continuaram durante o tempo de realização da foto que se apresenta.


A coisa parecia começar a funcionar e, mal grado alguma indisposição a bordo, decorrente duma vaga matreira que sempre esteve presente, o entusiasmo aumentou com a entrada espaçada de mais um ou outro Parguito e uma ou outra Sargueta, morrendo ao fim de algum tempo, atendendo ao constante roubo e à ausência de capturas.

A partir daqui, experimentámos mais dois pesqueiros, mas os resultados não melhoraram, saldando-se o dia, pela sua beleza e calma, pelo Pargo mostrado, dois outros mais pequenos e duas ou três Sarguetas palmeiras. Paciência... outras jornadas estavam para vir! Havia que jantar, dormir em cima dos acontecimentos, analisar e decidir sobre que opções tomar nas jornadas vindouras

O dia seguinte encontrou-me na companhia do João Martins e do Nuno Mira que conseguiu sair de Évora e vir até Sines numa daquelas escapadelas maravilhosas.
Sol, calor e uma calmaria como gosto, acompanharam-nos a pescar ali perto, em zona diferente da do dia anterior que, sou sincero, venceu-me... mas não me convenceu!? No entanto, pareceu-me importante rolar por outros mares e ver o que acontecia.

O pesqueiro não me falhou, apresentando de imediato os sinais que sempre procuro e, deve dizer-se... foi o dia do Nuno Mira!
O homem esteve desalmado!
Cana nova, feita por medida; em primeiro na linha de aguagem; com entusiasmo aumentado a cada luta, a cada captura... foi sem dúvida a revelação da jornada e, para gáudio do TóZé e do João Maria que não puderam vir, não se calou todo o Santo Dia!

Coitado de mim que só apanhei um ou dois Sarguitos e do João que ainda se safou com um Pargo de quilo e pouco e um Sargo de fotografia que acabou por não se tirar.
Deixam-se alguns exemplos que levaram à composição da geleira e todos pela mão do Nuno Mira... claro!

O Sargo mais pequeno:


Um maiorzito:


O maior Pargo:


Outra jornada terminava, com tempo maravilhoso, boas capturas e expressões felizes nas faces de pescadores... um porque levava para contar até Évora, outros porque embora não tenham capturado tanto, contribuíram para o sucesso da pescaria, sendo que estes, ainda tinham um jantar pela frente e conversa de pesca até à hora da deita.

O jantar deu comigo e o João Martins, analisando ambas as jornadas na frente do Pargo escaladinho, por ele capturado, lá no Zé Beicinho.
As reflexões produzidas, considerando os sinais e resultados recentes, fizeram-nos concluir sobre a necessidade de melhor explorar a zona de Quinta Feira, já que esta foi também o palco dos resultados obtidos na jornada documentada na última entrada, parecendo merecer especial atenção, atendendo à consistência observada no que respeitou a capturas de melhores exemplares.

O Sábado foi dia de reencontro com o Carlos Jorge, pescador e amigo de longa data embora, por estranho que pareça, nunca se tenha proporcionado pescarmos juntos. Nunca é tarde!
Eu, ele e os amigos comuns, Paulo e Carlos Antunes, saímos para o mar, em mais um dia que se apresentava calmo, permitindo perceber que tínhamos todo o mar e peixe por nossa conta... sendo necessário acertar com o ponto de encontro que, considerando as análises e reflexões anteriores, acreditava que já estava escolhido e, na verdade, acho que não me enganei.

Antes de nos dirigirmos ao pesqueiro que levava em mente, sondámos, fundeámos e testámos um outro da zona, sem grandes sinais, embora suficientes para arriscar. Certo é que a actividade do peixe neste local não nos ofereceu garantias da sua efectividade, pelo que, após uma horita de teste, resolvemos levantar ferro e demandar aquele outro.

A sonda mostrou-me uma vez mais os fundos daquela zona do pesqueiro de Quinta Feira, apresentando sinais idênticos, talvez um pouco melhores em determinada área!? Gostei!
A deriva revelava-se pouco intensa e direccionada, quase inexistente. Estava claro que para além de não haver vento... aguagem, era coisa que também lá não estava. Não é bom! Exclamei para dentro.
A opção era fundear de forma a que, o vento de quadrante Norte que sempre se costuma fazer sentir após as calmarias matinais destes dias quentes, nos colocasse no melhor ponto quando o Deus Éolo assim o entendesse. Entretanto, engodaríamos o pesqueiro e alguma captura poderia acontecer.

Fomos pescando a bom ritmo, com o barco aproado a W, depois a W/SW, sempre com roubos de isca, completos e seguidos, enquanto o barco, por acção da rondagem de ventos, se foi posicionando no local escolhido, onde tudo começou a acontecer, entre Bogas, Sarguetas, Pataroxas, um ou dois Safios e Moreias, capturados, perdidos e/ou devolvidos.

Primeiro o Carlos Jorge, com este Sargo Veado:


Não tinha passado muito tempo e, mais uma vez, numa luta pesada com um ou outro cabeceamento, eis que sai um São Pedro também ao Carlos:


Os sinais mantinham-se, agora com algumas interrupções no roubo da isca de cima, talvez indicadores de que outros interessados rondariam as iscadas de baixo, não se decidindo pelo ataque, mas não permitindo que a gente pequena lá chegasse em modo de segurança!?
Nesta azáfama de acontecimentos, sinto um toque conhecido, ferro, luto e capturo um Parguito de quilo.
Logo a seguir é a vez do Paulo, com o da imagem seguinte:


O pesqueiro já não enganava... o trabalho de equipa estava a dar frutos e faltava saber o que mais e de que tamanho apareceria!? Continuámos!

Uma luta diferente, deu comigo a pensar em Douradas... aqui está a primeira:


Logo a seguir, sai-me este Veado (Sargo...):


A vez do Carlos Antunes não se fez esperar com mais este Pargo:


Outra vez eu, com uma Dourada, já mãe de família:


Também o Carlos, com uma prima:


Outra vez o Carlos... agora com um primo:


Finalmente, o Paulo... com a matriarca que abaixo nos apresenta, já em fim de festa que acabou cedo, devido ao peso permitido por lei, a cujo limite, sinceramente, foi difícil resistir desta vez.


Prevaleceu, mais que a concordância com a lei, a vontade de não correr o risco de estragar um tal dia de pesca.
Que nos desculpem, o legislador e quem aprovou tal lei; a quem foram dirigidos alguns piropos pouco abonatórios, não sobre pessoas de suas famílias que, coitadas, não terão culpa; sim, sobre as respectivas competências que não conseguimos aceitar como adequadas, para não dizer suficientes.
Porquê os 25 kgs e um exemplar, para barcos de recreio com mais de dois pescadores a bordo? Seremos Portugueses de segunda, face aos nossos congéneres das Marítimo Turísticas? Se calhar somos!? Vá-se lá saber!?
Bom! Não chateio mais os homens... por agora!?
Fora estas últimas considerações, voltando ao relato e tentando resumir, parece poder dizer-se que as análises efectuadas aos sinais e resultados, assim como as reflexões  produzidas sobre as mesmas, continuam a permitir alguma correcção nas opções de escolha de locais, técnicas, materiais, iscas... adequados em cada momento de cada época do ano, decorrendo de tal processo alguma regularidade e consistência de resultados.
Importa ainda deixar uma palavra para a insistência e rapidez de reposição de iscas (Sardinha, Cavala. Camarão...), assim como, para a acção concertada da equipa a bordo quer no processo de iscagem, quer na informação trocada entre membros, face aos resultados que vão aparecendo.

Caberá aos leitores dizer de sua justiça!

Boa tarde a todos.

18 comentários:

Anónimo disse...

Na verdade, e já andamos nisto há alguns anos, parabéns pela análise do pesqueiro/interpretação dos "sinais, posicionamento do barco e conhecimentos técnicos denotados que fizeram desta - uma jornada Memorável!
Abraço e muito obrigado
Paulo Palma

Jose Valle disse...

Como siempre unas capturas ejemplares Ernesto, Felicitaciones para todos y un saludo.

Ernesto Lima disse...

Viva Paulo!

Grato pelo comentário!

A capacidade da equipa em manter o pesqueiro activo nos momentos em que nada saía, foi sem dúvida uma mais valia para os resultados obtidos.

Grande abraço!

Hola Jose!

Grato por el comentario, que venido de un pescador como tu es una honra!

Un saluto

Anónimo disse...

Boas Ernesto

Gostei de tudo , na nossa saida de sexta feira , principlamente da companhia , que me aturou aos meus besbafos e as boas 7 horas de pesca , mas tive pena foi de não ter conseguido trazer para o makaira aqueles peixes que se desenbarbelaram e aquele safio que me partiu a linha , devia de ser um grande bichaço , e ainda da acção da minha cana nova feita pela seven , do nosso amigo nuno paulino onde se deferencia os toques dos muidos e dos graudos , estou muito satisfeito . há DESFORRA manten-se faltam ainda os sargos veado os alfaquiques e muitas outras espécies .

Um abraço Nuno Mira

João Martins disse...

Viva Ernesto
Bela pesca a de sábado. Grande equipa, dá para imaginar como tudo funcionou concertado
Quanto à sexta, 13... um dia estranho, uma meteorologia estranha, um pesqueiro estranho e resultados muito estranhos...
"Yo no creo en las brujas, mas que las hay, hay...!"
Valeu a companhia e a boa disposição sua e do Nuno, além da estrela da noite - o parguinho, claro

Abraço
João Martins

Ernesto Lima disse...

Viva Pessoal!

Grato pelos comentários!

Ao Nuno Mira:

Belas lutas... Eheheheh

Ao João Martins:

Quanto às bruxas... "se las hay no lo se..."

Gosto mais de pensar que os peixes capturados entraram às iscas que lá estavam na hora e sítio certos.

Quanto ao dia, um espectáculo!

Quanto ao Parguinho escalado, uma delícia!

Já nem falo na conversa pós jantar... tudo bom!

Abraço

Bruno Mendes disse...

Que bela vida !!!

Vejo que esta em recuperaçao do tempo perdido :).
É com gosto que vejo o meu amigo Carlos de volta a lides e sempre com boas pescarias, já tenho saudades da sua companhia e das suas moelas.
Ernesto a suas analises sobre os pesqueiros continuam a ser supreendentes.
Continuaçao de boas saidas e com bom peixe.

Os Pescas disse...

Oi Ernesto

Para não variar, mais um excelente relato!
Bonitos peixes e pelos vistos excelente camaradagem, sem duvida o essencial para uma boa joranada de pesca.
Parabens e um grande abraço,
Pedro ( PJPescador )

António Vinha disse...

Boas Ernesto

- Gostei da Laranja.

Mas olha será que Laranja e "GAJOS" chatos logo de manhã não fazem azia?
- Eu prefiro os pastéis de Nata.
Ontem ao fim da tarde tentou contar-me ao detalhe a jornada, mas eu não consegui ouvir, ao fim de um dia de trabalho... O Homem foi o maior e eu respondi: "TU ÉS O MAIOR".

Ninguem o cala.

Parabens pela jornada.
Magnifica entrada

Obrigado pela partilha.

Anónimo disse...

Pois é pois é,
isto é mesmo só para fazer pirraça a quem anda em jejum de Sines e de pesca há um par de semanas, mas é sempre delicioso ler os relatos e ver as fotos destas aulas práticas de pesca e pensar.... um dia também hei-de ser um pescador!!!

Não há duvida, quando nos preocupamos em procurar saber como as coisa funcionam e porque é que funcionam, obtemos quase sempre algum bom resultado do seu funcionamento, isto é a prova disso!! penso eu de que!!

Grande abraço e.... vemo-nos por Sines.

F.Fontes

Os Pescas disse...

Lindas capturas Ernesto. É sempre uma diversidade excelente.
Quanto ao que perguntas... É a lei da treta que temos.
Mas diz-me voces pagam o mesmo que um barco MT paga? É que deve ser por aí.
Quem tem mais e paga mais está sempre safo.
Filipe.

Ernesto Lima disse...

Viva Pessoal!

Aos novos comentadores, após minha resposta, agradeço os comentários!

Ao António Vinha:

A laranja e o pessoal que pesca comigo, dificilmente me fazem azia!?

Já de alguns excessos nos jantares técnicos não posso dizer a mesma coisa. Mas nada que mate... nem os excessos, nem as correspondentes azias. Eheheheh

Ao Filipe dos Pescas:

É verdade Filipe! Pagamos e bem!
Para além da Marina, tem seguro, tem imposto municipal, tem muita coisa. Para além disso, não tem licença diária (3 euros). Quando quero levar algum amigo ou familiar que raramente pesca embarcado, tem de pagar, no mínimo, licença local mensal (10 euros). Não consigo entender!?

Mas é assim!

Abraço

Ernesto

Anónimo disse...

Começa a ser difícil não esperar, quando acedemos ao teu blogg, umas fotos espectaculares e um relato a condizer. Consegues aliar a descrição e a vontade de estar com os amigos (e partilhar esses momentos) com todos nós.Eh pá, só te quero dizer que quando for grande quero ser como tu! Ou pescar contigo. És um exemplo para todos nós.
Abraço
João C. Silva

Ernesto Lima disse...

Viva João!

Grato pelo comentário!

Ir lá três dias seguidos, tem vantagens acrescidas.

Abraço

Ernesto

Nuno disse...

Boas Ernesto!
Ontem não tive oportunidade de me despedir de si mas não queria deixar de o cumprimentar e de lhe dizer que foi um prazer conhecê-lo pessoalmente e deixar um forte abraço e mais uma vez agradecer as dicas e as ajudas que se vão tornado preciosas visto que, cada vez mais pretendo “apurar” a minha pesca.
Com certeza que nos vamos continuar a encontrar por ai e de certeza que o vou continuar a chatear com as minhas duvidas, visto que o Ernesto é das poucas pessoas que partilha o seu conhecimento e a sua experiência com pessoas que, como eu, não têm a experiência que só os anos e as tentativas, umas conseguidas outras nem por isso, nos trarão e que não temos vergonha de perguntar e de querer aprofundar as técnicas e os pormenores deste nosso prazer comum.
Aquele abraço,
Nuno Sousa

Ernesto Lima disse...

Viva Nuno!

Grato pelo comentário!

Ontem eu estava a trabalhar e você com a família e miúda pequena atrás, donde hipóteses de despedidas compridas haveria muito poucas. Deixe lá isso.

Disponha!

Abraço

Ernesto

Doni pesca disse...

Ao escolher um molinete, o pescador deve levar em conta diversos fatores, pois existem vários tipos de molinetes, de diversos modelos e tamanhos, como o calibre da linha, a força da correnteza onde se vai pescar, o tamanho da vara de pesca, tipo de chumbada, tipo de peixe que se pretende pescar, entre outros fatores. Muito legal seu blog, continue postando suas fotos e contando suas histórias.

Mais dicas sobre molinete ou roteiros de pesca você encontra em http://www.donipesca.com.br/pescaria

EDSON FONSECA disse...

OLA AMIGO..PUBLIQUEI UMA MATERIA FALANDO DE VOCE...NO BLOG EDSON FONSECA...NO QUAL VC E SEGUIDOR...DE UMA OLHADA..ABRALOS