Olho a rua, através da janela da minha casa, sinto a azia derivada, não ao Alfaquim cozido capturado lá por Sines que comi ao almoço, mas sim, às últimas medidas de austeridade, ou, se quiserem, lunáticas e mal intencionadas, emanadas pelos fulanos do costume e penso para comigo: preferia ter o mar por trás das árvores em vez de parque de estacionamento; preferia estar a pescar, em vez de estar aqui a preparar tudo para a actividade náutica já programada para 15 de Setembro, mas... tem de ser e não há volta a dar!
Assim em vez de tomar um Conpensan ou chupar umas Rennies, mais vale falar de pesca... a azia é capaz de passar e supostamente torno-me útil!? Vamos ver!?
Nos passados dias 4 e 5 de Setembro, fui pescar!
No primeiro dia, com pessoal amigo aqui de Setúbal - o Morais, o Teles e o Fernandinho - no segundo dia, com o meu companheiro João Martins!
Duas pescarias com características diferentes, em horários, intenções, comportamentos, peixes capturados...; ambas em excelente companhia e, também verdade, muito idênticas relativamente às condições de mar e vento, sendo o elemento de realce, a aguagem que se verificou em ambas as jornadas.
Considerando experiências passadas e estas últimas que particularmente me chamaram a atenção, vou-me isolar do mundo, concentrar na pesca e conversar convosco sobre o assunto em título... "Pescar com Aguagem"!
O termo refere-se, na gíria, à corrente que muitas vezes nos aparece ou já existe no mar, respectivamente, no pesqueiro em que já actuamos ou naquele em que fundeamos à chegada. Neste último caso, por vezes, nota-se na deriva do barco quando o seu rumo não é igual ao do vento ou este não existe; o mesmo não sendo tão visível quando coincidente com o rumo do vento existente, sendo tão mais difícil perceber quanto a maior intensidade deste.
Quando tal acontece, as reacções dos pescadores são diversas: uns, não gostam pura e simplesmente de pescar nestas condições, nomeadamente quando a aguagem é significativa; alguns outros, ficam na dúvida e outros ainda, adoram pescar nestas condições!
Estes gostos e comportamentos normalmente associados, estão certamente ligados a experiências anteriores de sucesso / insucesso, por sua vez, sediados nos comportamentos de cada um, face às condições referidas. Isto é, se a experiência é diminuta e pouco frutífera, pescando com aguagem, normalmente deixa de se acreditar e tentar, promovendo assim o insucesso. Se o contrário for verdade, lêem-se os sinais, alteram-se comportamentos, talvez baixadas e até técnicas de pesca ao fundo, assim como, paciente e atentamente se aguardam os resultados para os quais se dirigem estas novas acções, promovendo neste caso o aumento das hipóteses de sucesso.
Pessoalmente, gosto de pescar com aguagem, mas já lá vamos!
Antes de falar sobre interpretações e sobre o que fazer ou tentar face a estas, importa caracterizar aguagens, principalmente quanto à intensidade, já que, relativamente aos rumos, alguns destes, podendo ser menos propícios atendendo à zona onde estamos fundeados e a determinada época do ano, não vão certamente interferir com as funções da aguagem que estarão sempre presentes. Ou seja, a "dita cuja" levará sempre os cheiros das nossas iscas e / ou engodos, assim como as vibrações causadas pelos pequenos peixes que actuam em frenesim sobre os mesmos, permitindo-nos colocar as nossas baixadas em procura, mais perto ou mais longe, dependendo da nossa capacidade de leitura dos sinais oferecidos por toques, ausência destes, e, do nosso conhecimento dos fundos para além do local onde fundeámos. Resultará, não resultará... se não tentarmos porque não gostamos, está garantido que não vai resultar. Mas vamos às intensidades.
No sentido de qualificar aguagens quanto às intensidades, de forma prática e considerando os meus limites de conforto / desconforto, considero como intensidade de aguagem máxima, para pescar ao fundo com estralhos, quando, aplicando uma chumbada de peso máximo 350 grs, em linhas do carreto de 0,30 de diâmetro, consigo chegar ao fundo com a linha a formar um ângulo de 30 a 45º (a olho), do lado mais fechado com a linha de água, em qualquer profundidade. Pior em zonas mais profundas, maior intensidade que esta, torna-se desconfortável e pouco razoável para pescar, na minha perspectiva. Isto porque, o tempo que se perde a largar linha, o esforço que se despende, o descontrolo sobre onde a baixada se encontra e os resultados obtidos em situações de intensidade superior, embora tentados, raramente deram resultados para além de um ou outro exemplar esporádico. Com intensidades abaixo desta, já outros resultados se obtiveram, muitas vezes, senão sempre, superiores a situações de ausência de aguagem, nomeadamente no que a capturas de exemplares maiores se refere.
Sobre o comportamento do peixe, tendo sempre em conta a lei do mínimo gasto de energia para um máximo de ingestão de comida, parece evidente que quanto maior for a aguagem, maiores serão as alterações comportamentais quer de predadores, quer de predados. Com alta intensidade, os predadores tenderão a procurar uma zona de refluxo, colocando-se ao abrigo dum pontão alto, do lado contrário à aguagem, de onde partirão para os seus ataques e aí retornarão após estes ou, na ausência de tal, fiarão a aguagem, progredindo ou não e aguardando por algo fácil fornecido por esta corrente; sendo que o ataque às nossas iscas dependerá em muito da colocação destas, o que podemos variar aumentando ou diminuindo o peso da chumbada; deixando ir ou travando a descida da linha; ou ainda, lançando à distância que entendermos. Tudo isto procurando sinais, quer de toques, quer de capturas.
Para decidir que mantemos a acção de pesca na zona de pesqueiros escolhida e nas condições referidas, importa ir testando e relacionando as intensidades com os sinais dos toques, tendo também em conta o nosso conhecimento acerca da configuração dos fundos que se encontram na linha da aguagem e para além do nosso barco. O que quero dizer com isto?
Imaginemos que estamos poitados num pontão e que a queda deste se alonga num fundo rico de limpos e entralhados, com pontões mais ou menos altos, lá longe, relativamente perto do local onde a nossa baixada vai cair. Nestas condições, tudo indica que para além da capacidade de atracção das nossas iscadas, podemos ainda contar com a actuação dos atacantes que se encontrarem abrigados nesses locais ou de outros que lá se venham abrigar podendo vir a tornar-se potenciais interessados naquilo que lá colocámos!?
Portanto, como conceito, parece-me importante que, considerando a época do ano, a zona de fundo, em torno do eixo representado pela linha de aguagem e para além do local onde caiam as baixadas, seja conhecida e se apresente com características passíveis de passagem ou abrigo daqueles que procuramos. Resumindo, a aguagem, por razões óbvias face ao descrito, poderá ser um aliado ou um inimigo. Pessoalmente, gosto de a considerar como um aliado, quando não exceda a intensidade definida.
Das experiências efectuadas com aguagem, sem duvida que os melhores resultados que obtive verificaram-se até ao limite em que, com linha de 0,30 e chumbada de 180 / 200 grs, a linha formou um ângulo até aos 45º, do lado mais fechado. Quer em pesqueiro com aguagem logo à chegada, quer em pesqueiro onde esta entrou, ao fim de algumas horas de pesca. Acontecendo muitas vezes uma melhoria significativa da qualidade de capturas algum tempo após esta alteração de condições, nomeadamente, quando a pesca estava pouco frutífera e em locais onde para além da popa do barco os terrenos de fundo são propícios.
Outros locais houve, em que só após a diminuição da intensidade da aguagem se conseguiram capturas de nota, neste caso aconteceu estarmos na beirada de um pontão, carregada de peixe, nitidamente agarrada ao abrigo do refluxo da aguagem que estava no limite do possível. Não tínhamos tempo para mudar e aguentámos, sempre com o peixe miúdo a roubar. Quando a intensidade diminuiu e conseguimos colocar as iscas mais perto da beirada, fizemos em meia a uma hora uma pesca espectacular de Sargos grandes e alguns Pargos que, como tudo indica, não se deslocaram para comer uns bocados de sardinha que os obrigaria a um alto consumo energético. É verdade... não é? Não tenho a certeza, mas a forte sensação que sim.
Relativamente ao descrito e a muitas outros resultados em outras ocasiões, parece-me poder dizer o seguinte:
Desde que a intensidade da corrente não ultrapasse os números máximos que referi, quer logo que se começa, quer quando entra após algum tempo em acção de pesca, pessoalmente, gosto de alterar e aguardar sinais que permitam perceber se valerá ou não o esforço de continuarmos por ali.
Verdade também que em certos pesqueiros, não me lembro de ter feito uma pesca de jeito sem aguagem e garanto-vos que os testei várias vezes, em diferentes épocas do ano.
Vamos aos sinais:
A aguagem está no limite da intensidade, não dei por ela antes de fundear e não gosto dos fundos que estão para além do barco, levanto o ferro e recoloco-me de modo a que possa acreditar no que estou a fazer. É evidente que se antes de fundear me apercebo que existe aguagem, tento colocar-me logo em local com as características que já referi.
A partir deste momento, há que testar... primeiro, mais perto; depois, mais e mais longe e, outra vez mais perto. Caso não existam toques e as iscas venham continuamente inteiras, ao fim de mais ou menos uma hora, decido-me normalmente por mudar de pesqueiro.
Caso em determinado ponto da procura, os toques comecem a acontecer, insiste-se, vai-se continuando por ali e até mais longe e, normalmente, o resultados aparecem.
Em outra situação, estou a pescar sem aguagem, ou com uma muito leve que de repente entra ou aumenta. Neste caso, após alterar o peso da chumbada para ângulos adequados e a cana passar para uma posição alta e perpendicular à aguagem, no sentido de melhor se perceberem os toques; várias situações podem acontecer:
1. Os toques e roubo de isca continuam
2. Os toques e roubo de isca param
No primeiro caso, está assegurado o chamamento dos maiores que por ali andem e, se os roubos se tornarem mais rápidos e imperceptíveis, atendendo às novas condições, importa aumentar o tamanho e eventualmente a rijeza das iscas.
No segundo caso, há que aguardar e testar distâncias procurando peixe. Se tornarmos a ele, sentindo toques, tudo bem! Se não... pois teremos, em função dos fundos em que estamos e da hora do dia, de arriscar ficar, ou mudar.
Sinceramente, às 4 da tarde e em situação de entrada de aguagem, prefiro arriscar, sem toques, um pesqueiro que na linha de aguagem tenha bons fundos do que mudar para a incerteza da falta de tempo útil em acção de pesca.
Na procura de peixe para a popa do barco, em qualquer destas situações, não me refiro unicamente à pesca ao fundo com estralhos e chumbada pesada, mas também da exploração utilizando a pesca à chumbadinha que, já testada com bons resultados por muitos e fiáveis companheiros, me parece extremamente versátil nestas condições.
Ilustrando o referido com mais algumas experiências, quero contar-vos as últimas duas pescarias, ambas com aguagem para chumbada de 150 / 180 grs, entrada a meio da pesca e falar-vos sobre os comportamentos, alterações e resultados conseguidos.
No primeiro dia, 4 de Setembro, fui com os meus amigos Morais, Teles e Fernandinho, muito amigos da pesca, do Sol e dos comes e bebes. O Teles, sem dúvida, o mais insistente e difícil de demover da pesca, mesmo em condições mais adversas.
Chegámos ao pesqueiro, iniciando a acção de pesca e pouco depois já entravam Parguitos de quilo, augurando a chegada dos seus pais e avós.
Até ao meio dia, capturámos uns dez, quase todos do tamanho aqui apresentado pelo Teles...
Sobre o comportamento do peixe, tendo sempre em conta a lei do mínimo gasto de energia para um máximo de ingestão de comida, parece evidente que quanto maior for a aguagem, maiores serão as alterações comportamentais quer de predadores, quer de predados. Com alta intensidade, os predadores tenderão a procurar uma zona de refluxo, colocando-se ao abrigo dum pontão alto, do lado contrário à aguagem, de onde partirão para os seus ataques e aí retornarão após estes ou, na ausência de tal, fiarão a aguagem, progredindo ou não e aguardando por algo fácil fornecido por esta corrente; sendo que o ataque às nossas iscas dependerá em muito da colocação destas, o que podemos variar aumentando ou diminuindo o peso da chumbada; deixando ir ou travando a descida da linha; ou ainda, lançando à distância que entendermos. Tudo isto procurando sinais, quer de toques, quer de capturas.
Para decidir que mantemos a acção de pesca na zona de pesqueiros escolhida e nas condições referidas, importa ir testando e relacionando as intensidades com os sinais dos toques, tendo também em conta o nosso conhecimento acerca da configuração dos fundos que se encontram na linha da aguagem e para além do nosso barco. O que quero dizer com isto?
Imaginemos que estamos poitados num pontão e que a queda deste se alonga num fundo rico de limpos e entralhados, com pontões mais ou menos altos, lá longe, relativamente perto do local onde a nossa baixada vai cair. Nestas condições, tudo indica que para além da capacidade de atracção das nossas iscadas, podemos ainda contar com a actuação dos atacantes que se encontrarem abrigados nesses locais ou de outros que lá se venham abrigar podendo vir a tornar-se potenciais interessados naquilo que lá colocámos!?
Portanto, como conceito, parece-me importante que, considerando a época do ano, a zona de fundo, em torno do eixo representado pela linha de aguagem e para além do local onde caiam as baixadas, seja conhecida e se apresente com características passíveis de passagem ou abrigo daqueles que procuramos. Resumindo, a aguagem, por razões óbvias face ao descrito, poderá ser um aliado ou um inimigo. Pessoalmente, gosto de a considerar como um aliado, quando não exceda a intensidade definida.
Das experiências efectuadas com aguagem, sem duvida que os melhores resultados que obtive verificaram-se até ao limite em que, com linha de 0,30 e chumbada de 180 / 200 grs, a linha formou um ângulo até aos 45º, do lado mais fechado. Quer em pesqueiro com aguagem logo à chegada, quer em pesqueiro onde esta entrou, ao fim de algumas horas de pesca. Acontecendo muitas vezes uma melhoria significativa da qualidade de capturas algum tempo após esta alteração de condições, nomeadamente, quando a pesca estava pouco frutífera e em locais onde para além da popa do barco os terrenos de fundo são propícios.
Outros locais houve, em que só após a diminuição da intensidade da aguagem se conseguiram capturas de nota, neste caso aconteceu estarmos na beirada de um pontão, carregada de peixe, nitidamente agarrada ao abrigo do refluxo da aguagem que estava no limite do possível. Não tínhamos tempo para mudar e aguentámos, sempre com o peixe miúdo a roubar. Quando a intensidade diminuiu e conseguimos colocar as iscas mais perto da beirada, fizemos em meia a uma hora uma pesca espectacular de Sargos grandes e alguns Pargos que, como tudo indica, não se deslocaram para comer uns bocados de sardinha que os obrigaria a um alto consumo energético. É verdade... não é? Não tenho a certeza, mas a forte sensação que sim.
Relativamente ao descrito e a muitas outros resultados em outras ocasiões, parece-me poder dizer o seguinte:
Desde que a intensidade da corrente não ultrapasse os números máximos que referi, quer logo que se começa, quer quando entra após algum tempo em acção de pesca, pessoalmente, gosto de alterar e aguardar sinais que permitam perceber se valerá ou não o esforço de continuarmos por ali.
Verdade também que em certos pesqueiros, não me lembro de ter feito uma pesca de jeito sem aguagem e garanto-vos que os testei várias vezes, em diferentes épocas do ano.
Vamos aos sinais:
A aguagem está no limite da intensidade, não dei por ela antes de fundear e não gosto dos fundos que estão para além do barco, levanto o ferro e recoloco-me de modo a que possa acreditar no que estou a fazer. É evidente que se antes de fundear me apercebo que existe aguagem, tento colocar-me logo em local com as características que já referi.
A partir deste momento, há que testar... primeiro, mais perto; depois, mais e mais longe e, outra vez mais perto. Caso não existam toques e as iscas venham continuamente inteiras, ao fim de mais ou menos uma hora, decido-me normalmente por mudar de pesqueiro.
Caso em determinado ponto da procura, os toques comecem a acontecer, insiste-se, vai-se continuando por ali e até mais longe e, normalmente, o resultados aparecem.
Em outra situação, estou a pescar sem aguagem, ou com uma muito leve que de repente entra ou aumenta. Neste caso, após alterar o peso da chumbada para ângulos adequados e a cana passar para uma posição alta e perpendicular à aguagem, no sentido de melhor se perceberem os toques; várias situações podem acontecer:
1. Os toques e roubo de isca continuam
2. Os toques e roubo de isca param
No primeiro caso, está assegurado o chamamento dos maiores que por ali andem e, se os roubos se tornarem mais rápidos e imperceptíveis, atendendo às novas condições, importa aumentar o tamanho e eventualmente a rijeza das iscas.
No segundo caso, há que aguardar e testar distâncias procurando peixe. Se tornarmos a ele, sentindo toques, tudo bem! Se não... pois teremos, em função dos fundos em que estamos e da hora do dia, de arriscar ficar, ou mudar.
Sinceramente, às 4 da tarde e em situação de entrada de aguagem, prefiro arriscar, sem toques, um pesqueiro que na linha de aguagem tenha bons fundos do que mudar para a incerteza da falta de tempo útil em acção de pesca.
Na procura de peixe para a popa do barco, em qualquer destas situações, não me refiro unicamente à pesca ao fundo com estralhos e chumbada pesada, mas também da exploração utilizando a pesca à chumbadinha que, já testada com bons resultados por muitos e fiáveis companheiros, me parece extremamente versátil nestas condições.
Ilustrando o referido com mais algumas experiências, quero contar-vos as últimas duas pescarias, ambas com aguagem para chumbada de 150 / 180 grs, entrada a meio da pesca e falar-vos sobre os comportamentos, alterações e resultados conseguidos.
No primeiro dia, 4 de Setembro, fui com os meus amigos Morais, Teles e Fernandinho, muito amigos da pesca, do Sol e dos comes e bebes. O Teles, sem dúvida, o mais insistente e difícil de demover da pesca, mesmo em condições mais adversas.
Chegámos ao pesqueiro, iniciando a acção de pesca e pouco depois já entravam Parguitos de quilo, augurando a chegada dos seus pais e avós.
Até ao meio dia, capturámos uns dez, quase todos do tamanho aqui apresentado pelo Teles...
... e este outro, não muito maior (embora pareça), aqui apresentado pelo Fernandinho!
Então, por volta do meio dia, entrou a tal aguagem, fazendo com que, por via dos roubos sucessivos e diminuição da frequência de capturas, a pesca fosse relegada para segundo plano, face aos banhos de mar e comes e bebes jeitosos. Este pessoal e aguagem sem resultados logo ali, não combinam! Tudo bem... foi um excelente dia de pesca e mar, em que se perdeu a oportunidade de testar à séria as capacidades da aguagem como eventual aliada, o que não impediu que testássemos, uma vez mais as capacidades culinárias do Zé Beicinho, com três dos Parguitos capturados, escalados na brasa... uma delícia!
No dia seguinte, fui com o meu companheiro João Martins e a coisa foi outra, embora sem muitos exemplares.
O dia foi quase tirado a papel químico, quer à chegada, sem aguagem e com capturas menos frequentes que no dia anterior; quer na entrada da "dita cuja", com intensidade e rumo idênticos.
Os sinais relacionados com toques e roubo de iscas mantiveram-se com a corrente, tornando-se mais imperceptíveis e rápidos no que ao roubo se refere, sendo as cavalas grandes no anzol de cima a única captura que se conseguia.
Alterei a baixada, retirando o estralho de cima e aumentando o de baixo para 1,50 mt, assim como o anzol que passou para 8/0, escondido em sardinhas inteiras, sem cabeça, iscadas com o anzol a sair junto ao final da barriga e pasme-se... tudo desaparecia com alguma rapidez, embora menor que a anterior iscada de duas postas.
Certo é que, ainda me entrou um Pargo com uns dois quilos e tal, não fotografado porque sempre pensei que entraria um maior, dois mais pequenos e uma Dourada.
O João Martins também não deixou créditos por mãos alheias, primeiro com esta Dourada...
No dia seguinte, fui com o meu companheiro João Martins e a coisa foi outra, embora sem muitos exemplares.
O dia foi quase tirado a papel químico, quer à chegada, sem aguagem e com capturas menos frequentes que no dia anterior; quer na entrada da "dita cuja", com intensidade e rumo idênticos.
Os sinais relacionados com toques e roubo de iscas mantiveram-se com a corrente, tornando-se mais imperceptíveis e rápidos no que ao roubo se refere, sendo as cavalas grandes no anzol de cima a única captura que se conseguia.
Alterei a baixada, retirando o estralho de cima e aumentando o de baixo para 1,50 mt, assim como o anzol que passou para 8/0, escondido em sardinhas inteiras, sem cabeça, iscadas com o anzol a sair junto ao final da barriga e pasme-se... tudo desaparecia com alguma rapidez, embora menor que a anterior iscada de duas postas.
Certo é que, ainda me entrou um Pargo com uns dois quilos e tal, não fotografado porque sempre pensei que entraria um maior, dois mais pequenos e uma Dourada.
O João Martins também não deixou créditos por mãos alheias, primeiro com esta Dourada...
... depois, com este Alfaquim:
Considerando o assunto, as duas pescarias feitas, o tempo que faltou para experimentar mais, pese embora que uma cana tenha estado sempre a pescar à chumbadinha, "em automático", como diriam alguns especialistas desta técnica que comigo já pescaram... mais não se conseguiu!
No entanto a aguagem, na minha opinião, é muito sinceramente uma aliada a ter em conta, principalmente nas condições que descrevi, aquelas que até agora testei.
Haverão certamente outras experiências sobre o assunto que poderão melhorar ou contrapor o que por aqui foi dito!? Aguardo sinceramente por outras opiniões que só poderão melhorar os nossos conceitos, ocupar-nos as nossas jornadas e melhorar os nossos resultados!
Uma boa noite a todos os leitores.
12 comentários:
Boas amigo acima de tudo um tempo muito bem passado,com umas capturas a maneira e um relato......simplesmente extraórdinario,grande abraço companheiro.
Viva Ernesto
Nas poucas vezes em que me confrontei com aguagens como as descritas, senti-me muito mais à vontade com uma cana mais dura (Antares, com ponteira "média") e mantendo a linha "para o leve"
Só nestas circunstâncias, os toques eram bem perceptíveis e as capturas interessantes
É um factor a considerar neste cenário de pesca? apenas uma resposta pessoal? ou apenas coincidência?
Abraço JM
.
Boas Ernesto,
Mais umas belas leituras de um tema bem interessante a aguagem, um post a rever pois trás muita informação importante.
Quanto hás pescarias e como não tem fotos tuas nem do crock :) vou felicitar o amigo João Martins pela captura do alfaquim, que é peixe que ainda não provei e toda a gente diz que é bom.
Um abraço, continuação de boas idas e mais posts destes.
É um pormenor interessante este das aguagens, eu não tenho experiência nenhuma em pesca embarcada no mar, tenho alguma em águas interiores, água salgada mas em rios. Não sei se podemos comparar as aguagens ao efeito das marés, mas na minha opinião pessoal quando existem marés com muito pequena amplitude e podemos pescar à vontade por norma o peixe está muito menos activo e difícil de ferrar, por outro lado quando são marés muito vivas chega a ser impossível pescar apesar de ser nestas marés que se conseguem grandes exemplares, apesar de muito escassos. Sem dúvida que as marés intermédias l, na minha opinião claro, são as melhores porque conseguimos pescar e ao mesmo tempo sente-se o peixe bastante activo, daí eu achar que o peixe gosta de alguma corrente Q.B. porque se fosse só pela facilidade de pescar nas marés mortas seria sempre melhor, mas não, nas marés mortas apenas a canalha mostra alguma actividade e dificilmente sai um bom peixe, e com a maré mesmo parada então mais vale dar por encerrada a pescaria.. presumo que em mar aberto deva acontecer algo do gênero, é claro que na pesca não há verdades absolutas mas que existem tendências existem.. Filipe
Boas Ernesto! Resolvi responder ao teu apelo e contribuir nesta partilha de ideias sobre aguagem. Identifico-me com as tuas palavras lançadas em discussão no tópico e gostaria de acrescentar que eu também tenho realizado diversas experiências nas minhas saídas... umas com mais sucesso.. outras nem tanto. As minhas saídas não são feitas na tua zona de Sines. Comparando os fundos, há diferenças significativas e de certeza que as tuas experiências, tal como as relatas, são feitas em função das tuas análises e leituras dos fundos. Independentemente das diferenças entre os fundos, fui construindo o meu saber, baseado em experências de pesca passadas (retiradas de anos de embarcada em contextos muitos diversificados) mais fundo, menos fundo, fundos diversificados, variação de condições climatéricas e de estação do ano, etc,). Nestas experiências comecei a introduzir algumas alterações significativas, oriundas de pescas costeiras, desde encostadas a terra, das que faço de kayak, e dos largos anos de pesca quer em rocha, quer em fundos alternados rocha/areia. Ora daqui Ernesto, retirei muitas aprendizagens... muitas dúvidas também se levantaram.
Quando surgem as aguagens, elas alteram os hábitos predatórios dos peixes e foi no meio destas dúvidas e observações de condições de aguagens (independentemente da sua direção e da sua intensidade entre o forte e o muito forte) que resolvi começar a introduzir a já tão famosa pesca à chumbadinha... mas com algumas alterações relativamente àquilo que normalmente se aplica.
A chumbada só corre até determinado ponto, mas mantém a vantagem de patrulhar uma vasta área na nossa popa, pode funcionar em piloto automático, como disseste (gostei desse termo aplicado). A conceção da montagem é alterada de forma a funcionar o mais possível como um meio de poder "localizar" o peixe preguiçoso, abeirado, entocado e tudo o mais. Também tenho andado em fases de novas experiências, onde deixa de ser a chumbadinha e passa a ser um "chumbadão", com alterações muito significativas na montagem e na maneira como a isca se apresenta ao peixe que queremos capturar.
Desde há muitos anos Ernesto que concebi a ideia que isto da pesca, especialmente embarcada, trata-se exatamente como a isca (comida) se apresenta ao peixe e em que condições.
Falando naquilo que o João disse, e ele falou especificamente numa cana que é "só" a minha preferida (a Shimano Antares) e isto pegando na parte em que cada um de nós está com a cana na mão, podemos fazer também alterações realmente significativas que por um lado, aumentem o nosso número de capturas, como também se consiga ser mais seletivo nas capturas, especializando-se em exemplares dignos de registo. João não tenhas medo de arriscar a ponteira mais fina, mesmo com gramagens até 200 gramas! Experimenta também meter aquela ponteira mais grossa, na pesca da chumbadinha mais pesada, a Antares torna-se uma verdadeira máquina em ângulos de posição intermédios (45º).
No que diz respeito à concepção do estralho/montagem, falaste Ernesto, em eliminar o estralho de cima (correcto!! há anos que só já pesco com 1 estralho) o que melhora no meu entender a hidrodinâmica da nossa montagem quando está aguagem.
Depois falaste no comprimento do mesmo... referes 1,5m (arrisca mais) por isso é que pesco com canas tamanho mínimo 3,5m... permitindo uma ferragem alta e eficaz.
Também no que diz respeito à ligação do próprio estralho à madre central, ando a introduzir alterações de registo que se afiguram como importantes e algo determinantes a trabalhar lá no fundo. permitindo colocar ou não o estralho numa área que certamente, pouco ou nada apostamos.
Claro, como sabes, isto tudo aliado a uma grande dose de paciência e perseverança, trará a seu tempo, aquelas capturas que nos enchem de orgulho.
"Desculpa" lá a seca e espero ter acrescentado algo ao teu post.
Aquele abraço, Luis Ramalho
Viva Pessoal!
Grato pelos comentários!
Relativamente ás questões técnicas levantadas pelo J. Martins, o Filipe, o Luís Ramalho e outras eventuais, tudo indica que o tema tem pano para mangas e a resposta não pode, nem deve ser curta e pouco fundamentada. Por tal, estou a preparar uma nova entrada, subordinada ao tema, abordando as Vossas questões, atendendo a que, doutra forma, ficaria a mesma perdida aqui pelos comentários. Por tal vou solicitar-vos um pouco de paciência até que a coisa saia!
Abraço
é isso mesmo! fico a aguardar! Filipe
Olá Ernesto
Existe no mágnifico texto (na minha opinião) 2 tipos de "aguagens". A apresentada logo no inicio; para a qual possivelmente só o Ali-BáBá terá solução. E o tipo "Náutico": Forte ou fraca ou até nem tanto, mas a única que me dá prazer.
Muito interessante matéria. Percebi e compreendi o que li. Falta a experiência.
Ao Ernesto e ao outro pessoal (leitor /comentador) os meus agradecimentos.
ToZe
Gosto, sigo e absorvo tudo o que aqui é expresso. Muito obrigado pela gentileza em partilhar momentos e experiências, que...mais não são do que lições para todos os que tal como eu, se iniciam nestas lides. Abraço.
PS. Gostaria de saber a sua opinião sobre determinada matéria (material para pesca embarcada). pode facultar-me o seu contacto? Grato
Paulo Barbosa
Ora, bem ditas aguagens! Este tema, na minha opinião, dava para passarmos um fim de semana de roda de uma mesa a petiscar, beber umas jolas e não acabávamos com ele. Assim, e de forma a não tornar maçador este espaço de comentários, vou tentar falar mais de outras coisas e menos das que já falaste, pois, para além dos teus limites (para mim acho-os já um pouco duros, só pescando com um único estralho de quase 2 braças, chumbada pesada e isco bem rijo para aguentar mais tempo) concordo com tudo. Concordo ainda com o Jmartins na opção por canas mais rijas e com o Lramalho no melhoramento da aerodinâmica das montagens (estralhos, destorcedores e/ou iscas, carreto com melhor saída de linha). Dou especial importância também ao sentido da aguagem e à sua persistência. Isto porque, em meu entender, podemos ter uma aguagem espectacular em determinada altura e passado pouco tempo, tal como acontece nesta altura do ano, a mesma começar a mudar de rumo constantemente. Isto cria um problema em fazer com que a dita engodagem traga peixe até nós, no sentido em que não chama peixe continuamente de determinado sítio e estamos a perder tempo de pesca. Depois, também de pouco nos serve a aguagem ser de determinado rumo que leve a engodagem para um “deserto”. Se bem que neste aspecto, temos a solução de escolher o local onde poitar e se necessário escolher outro. Quem não sabe de pesqueiros que só funcionam, ou funcionam bem melhor, com determinada aguagem? Após tudo isto, em meu entender, a aguagem é sempre nossa aliada e, em último caso, mais vale aguagem a mais (podemos sempre fazer qualquer coisa de todas as faladas neste post e comentários ou outras ainda) do que aguagem a menos. É frequente, em alguns pesqueiros, termos a certeza que está lá peixe, naquela altura em que lá estamos, e o mesmo na ausência de aguagem come mal, parece que está mole, preguiçoso e mal há aguagem, desata a comer. Coincidência? Não me parece, pois a quantidade de vezes que acontece (as que reparamos e as vezes em que nem reparamos) é grande para ser só isso.
Abraço
João C Silva
Viva Pessoal!
Aos novos comentadores. agradeço os comentários!
Ao Paulo Barbosa deixo como contactos, o meu móvel: 96 357 91 32; e o meu mail: makaira53@gmail.com
Ao João Carlos Silva, quero dizer que terei em conta as suas dicas para o "Pescar com Aguagem... 2.ª Parte".
Abraço
Ernesto... vou falar mais 1 bocadinho do tema que isto está animado. No seguimento do João Silva, que acrescentou mais umas ideias que subscrevo... concluo que depois de tudo o que dissemos, somos mais a favor da aguagem do que da ausência desta! Eu falo por mim... já fiz pescas de sonho no arranque das aguagens! Até se meter aquele "canhão de água" é capturas brutais... Outro fenómeno que tenho observado, é que em pesqueiros "baixos" na casa dos 20/30m pescar numa aguagem quase parelela a terra que seja em contrário da vaga... ui...ui! Muitos bons resultados! Nestes momentos devemos utilizar 1 multi de diâmetro inferior a 0,20 e um estralho, lá está, bem fora da madre e da chumbada o que confere à isca uma naturalidade bem mais apetecível à maioria do peixe grande, que como sabem, é muito desconfiado. Tal como tinha dito, fui alterando as minhas montagens de acordo com as experiências e penso ter chegado a um ponto de maturidade já engraçado... eliminei todos os atritos possíveis em todo o tipo de união, principalmente com termo selagens. Por outro lado, finalmente consegui conceber uma montagem que me deixa orgulhoso e com resultados comprovados, onde o estralho é nivelado ao gosto do utilizador. Aqui, reparei que aquela zona onde menos apostamos... chamemos nós zona "morta" que é aquela distãncia que normalmente se deixa entre um estralho de baixo mais saido e um estralho de cima mais curto, tem tido resultados deveras interessantes... Isto para dizer o quê? Que todos nós classificamos a aguagem em si como uma só, mais forte, menos forte, etc, etc, mas deveriamos estudar melhor as diferentes aguagens dentro da própria aguagem. Pode parecer algo confuso mas lá em baixo a aguagem não é a mesma que à meia água e por cima de água... Lá em baixo existem fatores, principalmente derivados da topologia de fundos irregulares que invariavelmente provocam fluxos diferenciados em zonas de água muito "próximas". Assim sendo, este estralho de "correr" permite "sondar" estes fluxos e aferir sobre possíveis localizações do peixe. Isto tudo aliado a cana (principalmente esta) que consiga detetar até ao mínimo encosto na isca, garanto-vos que farão umas capturas muito positivas. Ao longo destes anos tenho reparado que muita malta pesca com a ponteira em "esforço" algo mergulhada para baixo pois está a sentir todo o peso da chumbada e normalmente deveria ser só manter a ponteira o mais direito possível senão torna-se quase impossível detetar e capturar os bons exemplares, principalmente perante aguagens. Tenho certeza de uma coisa, é que muitas condicionantes e fatores estarão por detrás de como pescar na aguagem e a melhor conjugação possível será certamente... a vencedora!
Desculpa Ernesto se baralhei mais 1 bocadinho a malta.
Aquele abraço, Luis Ramalho
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