A pesca é daquelas actividades, onde a dificuldade de conseguir dois dias parecidos, encontra a sua melhor expressão! O estado do tempo e do mar, os resultados... Podem ser melhores ou piores mas as parecenças são difíceis, salvo pormenores que por vezes nos escapam!
No Sábado, fui com o Raimundo e o Pedro, aquele pessoal de Pegões, também já por aqui conhecido!
Assim que nos encontrámos, contei-lhes do dia anterior e gostaram!
Não exteriorizaram, mas pareceu-me que não quiseram "embandeirar em arco", preferindo pensar que a coisa poderia não correr bem e tal... Não forçar a sorte! Mas, lá no íntimo, esperando que os resultados fossem idênticos ou até melhores!
Andámos à volta com a Sardinha que saíu ao preço do ouro, lá por Sines, mas lá nos safámos e mar com eles!
Optei por voltar ao pesqueiro do dia anterior! Não é meu hábito! Como já referi algures em entradas anteriores, gosto de mudar de pesqueiro no dia seguinte a uma pesca boa e voltar a ele caso a coisa não funcione!
No entanto, a pesca de Sexta Feira, deixou-me curioso, não tanto pelo peixe capturado, mas pela velocidade a que aconteceu, não é usual! Muito menos se tivermos em conta que só entraram Pargos e a Dourada! Já me tinha acontecido, mas não com aquela rapidez!
Chegámos ao local e a sonda mostrou que a actividade submarina continuava intensa. O vento era muito fraco e uma pequena aguagem em direcção a NW, não me permitia fundear com a mesma proa do dia anterior.
Andei às voltas, conseguindo o fundeio no local pretendido, largando pouco cabo, para evitar que as mudanças contínuas da intensidade do vento conjugadas com a aguagem, não interferissem tanto com a fixação do barco sobre o fundo pretendido, prevendo desde logo uma mudança estratégica assim que o vento de Norte, esperado para mais tarde, entrasse.
A pesca começou, Os toques pareciam bons e, ao fim de alguns minutos, entraram dois Parguitos, mais uma Bica, tudo à volta de quilo! Uma Sargueta deu um ar da sua graça, as Chopas sem medida começaram a subir e as bogas não se fizeram rogadas... Estamos feitos! Pensei!
Liguei a sonda e apercebi-me de que havia por lá muita coisa que não nos interessava, mas, pelo meio, os pontos de côr mais intensa, tiraram-me a vontade de pensar em mudar de local. Para além disso, o vento começava a soprar mais forte indiciando desvios na posição do barco, sendo que a hora de o reposicionar se aproximava a passos largos.
E as Bogas... Não nos largavam! E as Chopas... Sem medida! E os ladrões... Deixavam-nos sem isca num piscar de olhos!
Ele era Sardinha... Ele era Cavala... Ele era Choco... E o Camarão! Tudo marchava perto da velocidade do som!
O barco tinha mudado de posição, descaíndo muito para a zona de limpo e, atendendo ao que acontecia, parecia indicar que o peixe melhor estaria posicionado mais junto da pedra! Era tempo de parar, reposicionar o barco e comer qualquer coisa! Para além disso aproximava-se a hora em que as capturas tinham acontecido no dia anterior, pensando eu que seria esse o factor predominante nos resultados de Sexta Feira 13.
Levantámos ferro e reposicionámo-nos, tendo o cuidado de ficar sobre a zona rija, onde esta acabava à queda do pontão! Caso não aparecesse o que procurávamos, podiamos dar cabo e tentar mais pelo limpo! As opções estavam lá todas, faltava ver no que dava!
Não me enganei! Os Parguitos começaram a entrar!
Não com a frequência de Sexta! Entravam espaçados um agora outro logo, precedidos pela Douradita empunhada pelo Raimundo na imagem de abertura!
Estava diferente, mas resultava!
Parguito aqui... Boga acolá... Roubo de isca a entremear e a pesca ia-se fazendo, sempre à espera duma surpresa maior que não aconteceu! Falo "daqueles" que enchem as fotos! Paciência... Maus hábitos...
Mas a coisa compunha-se e alguns maiorzitos deram um ar da sua graça!
Como este que me calhou na foto abaixo, com dois quilitos e muito!
Depois o que se segue, apanhado pelo Raimundo, passando do quilo e devolvendo-lhe a fé que andava perdida entre pescas anteriores menos boas! A coisa está-se a compor companheiro!
E foi assim o Sábado, um bocado para o lado do Portugal dos Pequeninos, embora tenham entrado uns catorze, mais a Dourada, Carapaus grandes, umas quantas Sarguetas e duas Chopas das grandes!
Há dias piores, outros melhores! Este foi bom!
Pensou-se a pesca! Riu-se! Pescou-se bem! E... fomos servidos de belas refeições para os tempos mais próximos! Talvez até à próxima pesca!
Chegou o Domingo 15!
Zé Beicinho, Tavares e Zeca; pessoal lá de Sines com pesca prometida há uns tempos e cheios de fé, como eu que sempre a trago comigo, assim como algum cansaço acumulado nos dois dias anteriores, o qual só sinto ao acordar e no fim da pesca, principalmente quando esta não é famosa!
As condições de mar e vento não eram as mesmas!
Ao longo do dia, o vento entrou mais cedo e acabou mais cedo também, proporcionando-nos um belo dia de mar, inicialmente cinzento, depois brilhante e calmo!
Não iniciámos no mesmo local! Fomos lá para o Sul, para outros pesqueiros famosos, nesta época!
Entraram bicas, entraram Pargotes, para aí uns oito ou nove, mas a coisa não estava fácil!
Muito roubo de iscas, mudança de pesqueiros, um Pargo aqui... Outro ali... Dois Sargos de bom tamanho e o melhor exemplar, entre sete ou oito apanhados no total, aqui apresentado pelo Zé Beicinho, mesmo assim, com jeito, quase cabia no chapéu do homem!
Bom... O chapéu também é grande!
Belos dias, bons peixes, boa companhia e a sensação de que os Pargos de Verão, já cá andam junto à terra, parecendo que este ano a coisa começa no tempo normal, malgrado as alterações climatéricas!
Vamos ver o que aí vem e que aventuras e exemplares nos trará este Estio!?
Eu vou contando...
PS: O fim deste relato faz-me lembrar aquele dito popular; onde vais Manel? Vou prá feeeeessstaaaa!!!! Donde vens Manel? Aiii... Epá, venho da festa.
7 comentários:
Viva grande Comandante!
Pelos vistos a coisa deu-se uma vez mais!
Choras choras, mas a mala térmica vem sempre com aquela côr ambar tão do nosso agrado.
É o que faz a persistência e a interpretação dos sinais aliado aos conhecimentos adquiridos.
Tenho que levar o meu barco para Sines, está visto!
Ahhh? não me dás as marcas dos pesqueiros?
Eh eheh, quero lá saber; é só ir atrás de ti, o GPS fará o resto.
Mas fica descansado que em terra quem paga o jantar sou eu!
Isto aqui pela barra do tejo, é só chólinhas, lá entram umas maiores, mais uns bons sargos legitimos (poucos mas bons), mas o tempo tem sido pouco para as lides embarcadas.
Aquele abraço e continuação de boas proas!
Mário Baptista
Boas Pescas!!
O amigo Zé beicinho, a mostrar , que é mestre também na pesca, não é só nos petiscos..!lol
Abraço,
Daniel Rodrigues
Viva Ernesto
Mais uma grande faina, desta vez a coisa foi melhor que na sexta. Tens de arranjar uma montagem anti-boga. Eu depois digo-te como. Parabéns.
O que é que o Mestre Mário anda aqui a fazer? Humm? Queres marcas? Então marca aí um choquo frite prá gente, anda. LOL
Abraços
Paulo karva
Viva Pessoal!
Márinho... Queres marcas para quê? Com as dicas do blog, um GPS e uma carta estás feito! Lol
Bom... Uma ajudita inicial arranja-se sempre! Lol
Daniel... O beicinho já sabe mais que o que lhe ensinaram! Lol
Karva... Essa da montagem anti-boga, quero ver!? Lol
Abraço a todos!
Ernesto
Olá Ernesto
Começo por lhe dar os parabéns pelo seu blogue, do qual sou um frequentador recente mas já assíduo. Agradeço também, a sua genuína generosidade na partilha quer das suas histórias quer dos conhecimentos que foi amealhando. A sua paixão pela pesca é contagiante. Obrigado!!!
Temos, para já, duas coisas em comum: a paixão pela pesca e pelo mar (que a partir de agora passarei a fazer numa embarcação sonhada há muito tempo ) e a profissão embora noutra área do conhecimento (artes).
Aspiro a mais coisas em comum, nomeadamente, algumas vitórias ( e certamente derrotas ..).
Mas sem querer abusar da sua generosidade e do seu tempo, pergunto-lhe se por acaso tem algum contacto de alguém que faça os "ferros" artesanais, que o Ernesto tem exemplificado no blogue. Aqui por Lisboa, o único contacto que tive pedia-me para lá deixar o escalpe...
Ainda a propósito do sistema de balão para levantar a âncora, o Ernesto faz a tracção inicial com o cabo preso na proa ou na ré?
Antecipadamente grato pela sua resposta.
Um abraço e continuação de épicas pescarias.
Paulo B
Viva Paulo B!
Grato pelo comentário!
Quanto à tracção inicial para levantar o ferro eu faço-a pela proa. Tem mais força devido ao movimente ascendente e descendente originado pelas vagas, mesmo pequenas.
Conduzo a estibordo! No arranque viro a bombordo para controlar visualmente a bóia, volto ao rumo controlando a passagem do cabo a estibordo e quando o ferro já está preso na bóia, faço a manobra de aproximação e subo tudo.
Caso conduza a Bombordo, na minha opinião, deverá fazer a manobra inversa, sempre controlando a situação do cabo, no sentido de evitar que vá ao hélice!
Quanto aos ferros... O Inox é caro, a mão de obra também e a maioria do pessoal que trabalha para embarcações de recreio acha que somos todos ricos, independentemente do tamanho do barco e das nossas opções!
Em lisboa não conheço ninguém, pois não me movimento por lá.
O meu conselho é que tente arranjar alguém curioso que o faça, mesmo que compre voçê o material, cujas medidas e peso serão adequados ao barco.
Não sei se terá algum amigo que pesque consigo e lhe possa dar uma ajuda?
Quanto às medidas, se me disser que barco tem, eu posso, por comparação, dar-lhe uma ideia das mesmas!
Posso ainda ver, aqui em Setúbal, uma loja que por vezes os tem, já feitos, a um preço aceitável; continuando para tal a necessitar de saber as medidas do ferro ou o tamanho do barco!
Espero ter ajudado!
Ao dispôr!
Abraço!
Ernesto
Caro Ernesto.
Obrigado pelas dicas. Quanto ao ferro é para uma embarcação de 5,40 , entre os 7 e 10 Kg de peso. Como não conheço ninguém que me faça o obséquio, não estive pelos ajustes e ontem "aproei" a Setúbal pela tardinha com a perspectiva desencantar um torneiro que me tinha sido indicado. De facto, posso assegurar que mesmo com a gasolina quase ao preço do whiskey, compensou e de que maneira. Face aos 200 que me pediram aqui em Lisboa a coisa ficou pelos 80 no amigo Eleutério, e ainda como brinde deu-se uma banhoca na Praia dos Galápos. Portanto, um dia de "vitória retumbante", eheehehe.
Ainda passei pela Casa Pita, mas saía mais caro e não me agradou muito a conversa do empregado. De qualquer das maneiras deu para ver que os amigos aí de Setúbal em termos de Lojas de Pesca e de Iscos estão muitíssimo bem servidos.
Obrigado pelas diversas ajudas.
Continuação de grandes vitórias.
Um abraço
Paulo B
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