domingo, 10 de janeiro de 2010

As Douradas ainda lá estão, mas…

Dourada Ernesto 1

A ausência foi, mais uma vez,  longa!

As hipóteses de desculpas são inúmeras: as festas, a família, trabalho… Mas, as verdadeiras, dificilmente poderão ser consideradas como tal. Antes, aquela inércia por que sou assolado quando não pesco.
Não conseguindo exercer a actividade que mais gosto e exceptuando os trabalhos da área profissional, vou deixando rolar… É para hoje, é para amanhã…

Iniciei uma entrada sobre material que já era para ter colocado, mas, à medida que a vou escrevendo, vai-se complicando, ora por uma foto que falta, ora por mais uns pormenores que se acha serem importantes, obrigando a alterar sentidos de frases ou descrição de conceitos. O tempo vai passando e nem damos por ele, enquanto espiamos a oportunidade de ir ao mar que tarda em chegar.

Mas chegou! Qual ilha rodeada de mau tempo, em vez de mar, por todos os lados.

Sábado, 9 de Janeiro de 2010, a primeira hipótese de pescar desde 12 e 13 de Dezembro, do ano findo.
A saída para Sines aconteceu na Sexta, depois das aulas, sem perspectivas de pescar à tarde, atendendo ao vento frio que persistiu até à noite. O Sol, no entanto, brilhava e aquecia o interior do barco, permitindo a preparação das baixadas e a montagem das canas, em ambiente agradável, resguardado, à conversa com o amigo Joaquim que apareceu por ali.

Tudo tratado, liguei o termo ventilador para aquecer o habitáculo do barco, preparando a dormida e, respondendo ao estômago já a dar horas, fui procurar o jantar.

O Zé Beicinho já me aguardava, o Zeca, com quem iria pescar no dia seguinte, apareceu por lá e, como diz o meu amigo João Martins, estavam reunidas as condições para um “jantar técnico” ou seja, conversa de pesca até rebentar!

Às oito e meia da noite já estava no barco. Coisas do Inverno! O frio, não convidava a grandes voltas; o “cacau” que mais gosto, está de férias; tinha uns cabeçotes e vinis, para a Zagaia/Jigging, por montar; portanto, razões mais que suficientes, para não andar a inventar cá por fora!

O Sábado acordou frio e com Sol, seguimos para o mar à hora do costume, aquela em que alguns pescadores já têm a pesca feita e outros já mudaram de pesqueiro pelo menos uma vez. Chegámos à zona das Douradas e aquilo parecia um encontro de pescadores… Nunca tinha visto tal concentração de barcos em Sines.
Sou sincero… Estive quase para mudar de local!

Estas concentrações podem dificultar bastante a percepção do que possa estar a acontecer, atendendo a que serão certamente mais um factor a ter em conta nos resultados da nossa pesca.
Já lá estava e resolvi sondar por ali. Os fundos apresentavam-se ricos, direi mesmo: demasiado ricos!
As marcações de peixe eram densas, quer nos bicos dos pontões, quer nas beiradas e limpos que se lhes seguiam, indicando que, para além de Douradas, andariam por lá muitos daqueles peixes que não procuramos: Bogas, Cavalas e outros… Tipo isca. Resultado talvez do engodo, largado por todas as embarcações que pescavam a Sul de nós e trazido na nossa direcção pela aguagem que se fazia sentir. Pode ser bom ou… Nem por isso. Pensei para comigo.

Fundeámos! Tínhamos de testar aquilo!

A pesca iniciou-se com iscadas de Sardinha e Caranguejo, saindo-me um Pargo de quilo, logo à primeira. Será…?

Não foi!

As baixadas subiam limpas, os toques eram pouco perceptíveis, em determinados momentos os Caranguejos vinham amassados e parecia que as Douradas andavam por lá mas, nada acontecia.
A memória da última pescaria, em que só ao fim de umas duas horas houve entrada de exemplares, jogou contra nós, havendo no entanto outra variante: os sinais, oferecidos pela imagem de sonda; e, os toques sentidos; tinham sido muito mais claros na última pesca. Para além disso, algo mais se teria de ter em conta: a época deste tipo de pesca que, na passada pescaria, estaria no seu auge; supostamente, estaria agora perto do seu limiar.
Com tudo isto no pensamento, por volta das 13.00 horas, com um Parguito de quilo e uma ou duas Sarguetas a bordo, resolvemos mudar de local, tentando encontrar melhor pesqueiro.

Rumámos a Sul, passando para lá da concentração de barcos, nesta hora já significativamente diminuída e, desatámos a procurar pesqueiro em território totalmente desconhecido. Nunca por ali tinha sondado!
A sondagem iniciou-se, em rumo mais ou menos paralelo à terra, traçando linhas de mais ou menos 500 metros, ora para Norte, ora para Sul, também elas paralelas entre si. Nesta procura, acabámos por encontrar uma descida ligeira, com um fundo pouco rijo e com marcações de peixe interessantes, embora espaçadas. Fundeámos!

Os toques eram diferentes! Entrou-me um Pargo de quilo e pouco, seguido de outro capturado pelo Zeca.
O peixe ia entrando, intervalado com roubos de isca muito ao jeito das nossas “amigas” que acabaram por aparecer, não muitas, mas as suficientes para alegrarem a pesca e recompensarem a nossa procura.

Aqui está a primeira:

Dourada Ernesto 1

O Zeca, entretanto, tirou um Pargo com uns dois quilos que não fotografámos. Parece estranho… Então um Pargo com dois quilos já não merece foto? Merece com certeza! A questão prende-se talvez com o objectivo… As Douradas! Que loucura!

Fotos à parte, capturei outra, quase em seguida:

Dourada 2

Nesta altura, com alguma desconfiança, pensava-se que aquilo não ficaria por ali; de facto não ficou, mas a regularidade de capturas alterou-se, principalmente quanto a Douradas, já os Pargos, de um a dois quilos, iam entrando de vez em quando, mais ao Zeca, estando eu a tentar um exemplar maior, iscando grande e variado; e ele, muito assíduo com o Caranguejo.

O Zeca acabou por capturar a dele… Cá vai ela!

Dourada Zeca

Abrimos a arca do peixe, olhando os vermelhos e os prateados listados a ouro, pensando que não sendo a pesca brilhante de outras jornadas, era bonita e suficiente.

O Sol já se encostava à linha do horizonte. Este dia espectacular, entre tormentas, chegava ao fim. Tudo fizéssemos para o alongar, retornando ao porto já com as luzes do barco ligadas e fazendo o balanço dos resultados do dia, enquanto contemplávamos a esteira do barco, os últimos reflexos de claridade e as fugas das gaivotas que, poisadas na água à entrada do porto, sempre são incomodadas pelos barcos que entram, por mais que estes não o queiram fazer.
Quanto ao balanço da jornada de pesca, considerando a época e o respectivo objectivo, importa apontar o que gosto de denominar por: opções pouco correctas, para ser bonzinho para comigo; ou, opções erradas, para ser mauzinho. Não fora esta última denominação pecar por demasiada certeza, era sem dúvida a que escolheria.

Opções pouco correctas:

1. Atendendo ao momento e considerando a tendência desta época de Douradas, muito provavelmente estaremos no final da mesma, pelo que as visadas tenderão a alterar comportamentos, não sendo certamente, pescar perto de grandes concentrações de barcos e engodos, a opção que nos permita ter mais controlo sobre a veracidade dos sinais. Teria, eventualmente, sido preferível escolher pesqueiros com menos barcos, procurando e trabalhando o próprio pesqueiro.

2. Fundear o barco com as imagens de sonda encontradas no primeiro pesqueiro, prestava-se a que acontecesse o que de facto aconteceu: alguns sinais de peixe maior e depois só o peixe miúdo que lá se encontrava em grande quantidade a usufruir das nossas iscas. Possivelmente as “raparigas” tinham muito que comer, sem serem chateadas, ali bem perto.

3. O tempo gasto neste primeiro pesqueiro que, não se considerando perdido pelo que se aprendeu, certamente pecou por excesso se atender-mos aos sinais em que não quisemos acreditar, esperando sempre que a determinada hora os resultados se invertessem. Suposição pouco credível, tendo em conta a leitura de sonda efectuada.

Sobre montagens e material utilizado, posso dizer-vos que houve quem as capturasse, em maior quantidade, com pescas de mão e estralhos bem mais grossos, diferindo o pesqueiro, o acto de engodar, a hora de início da pesca e, certamente, anos de trabalho profissional neste tipo de pesca. A este pessoal, tiro o meu chapéu!

Tudo isto para aferir que dificilmente se situarão, no material e nas iscas que utilizámos, as razões da pouca produtividade matinal.

Resumindo e concluindo, parece-me poder afirmar que infringi várias regras e fui contra vários conceitos que sigo e tenho divulgado aqui pela Minha Pesca, nomeadamente:

- Fundeei, em época pouco propícia, perto de uma grande concentração de barcos em acção de pesca.
- Fundeei com sinais de sonda pouco credíveis.
- Levei demasiado tempo a reconhecer os factos anteriores.

Não tenho a certeza de tudo isto mas os sinais estiveram lá!

Resta saber o que aconteceria se a opção tivesse sido outra.

Boa noite a todos os leitores

13 comentários:

Anónimo disse...

Viva Ernesto
Não sei porquê mas ao ler fico com a sensação que para si foi uma pesca com um sabor triste...
Para mim, coisas de quem tem uma bitola alta e é demasiado exigente consigo próprio
Pelas fotos e pelo relato foi uma bela pescaria!
Pormenor técnico que me ressalta: a mudança de pesqueiro, porquê (sinais) e quando (momento)?
Parece ser muitas vezes uma decisão arriscada e difícil de tomar.

Grande abraço e até à próxima
João Martins
.

Ernesto Lima disse...

Viva João!

Grato pelo comentário!

Quanto à pesca com sabor triste, nem pense nisso!
Quanto à bitola alta, também não ia por aí.
Já a exigência comigo próprio, sem dúvida!

Mais ou menos peixe, não me traz qualquer problema, desde que sinta que procurei, achei, embora não tenha conseguido melhor.
Neste dia, acho que cometi erros, sentindo que os estava a cometer, tanto na escolha do primeiro pesqueiro, como no tempo que levei a decidir mudar.
Foi bom! Porque contrariei conceitos que tenho como correctos e acabei por os aplicar no segundo pesqueiro, embora tardiamente, com bons resultados.

Relativamente à escolha do momento de mudança de pesqueiro, acho que se foi para além do esgotamento de tentativas, considerando as imagens de sonda apresentadas e os objectivos da pesca. Aquilo não era uma imagem "segura" dum fundo de Douradas, principalmente tão perto da concentração de barcos.
Depois, os sinais corresponderam perfeitamente ao fundo que tinha identificado e cedo indicaram que havia que demandar outro pesqueiro.
O problema é que tenho a sensação de repetição de erros, sendo isso que me fez pensar.
Claro que ficaremos sempre sem saber o que daria outra opção mas... A opção supostamente errada, era supostamente bem conhecida. Lol

Daí, castigar-me com palavras e obrigar-me a pensar e dar respostas longas!

Agora tristeza... Nem pensar! Fui para Sines! Lol

Abraço

Ernesto

Nuno João Ribeiro disse...

Boas Ernesto

Essa sensação de "vazio" é normal na época natalicia. Eu também sofro um pouco disso.
As coisas que mais prazer nos dão parece que não têm o mesmo sabor.
Acho que tem que ver com a "distracção" de nos dedicarmos aos outros, á familia, amigos e áqueles que nos são proximos e queridos.
Ficamos a reflectir a nossa pessoa e se tudo está bem ou se podemos fazer melhor.
Faz parte.
Quanto à pesca parece-me que ainda não perdeste o jeito. Fazes das tripas coração para correr bem e isso nota-se.
A afluência de barcos como nunca tinhas visto será de "mirones"??
Espero que não.

Um forte abraço
Nuno

Ernesto Lima disse...

Viva Nuno!

Grato pelo comentário!

Relativamente à época natalícia, é de facto como dizes... Momentos de reflexão e de "fare niente".

Quanto aos barcos, não são "mirones"!

A maioria, são pessoal que há muito faz aquela pesca, aliás, ainda eu não andava por Sines, já aquela malta fazia esta pesca.

Não é normal é estarem tantos, no mesmo dia e local. Percebe-se que tenha acontecido, atendendo às condições climatéricas, não terem dado as abertas usuais.

Abraço

Ernesto

Anónimo disse...

Viva Ernesto,

Essa pesca não sendo como as habituais , mas mesmo assim pode-se considerar um verdadeiro "luxo".
Só para comparar , eu estive desde a meia-noite de 6ª às 6 da manhã de Sábado na praia da Mesquitana com temperaturas negativas , não apanhei um peixe e vim de lá satisfeito.
Fui dormir ao Canal Caveira e na noite seguinte lá estive novamente e desta vez com mais sorte.
É preciso é ir pescando e há-de sempre haver uns dias melhores que outros.

Um abraço,

Luís Guerreiro

CANTINHO DA PESCA disse...

Os meus parabens pelo artigo que deixa sempre quem lê com agua na boca pela qualidade.
Um abraço
Cordeiro

Ernesto Lima disse...

Viva Luís e Cordeiro!

Grato pelos comentários!

Ao Luís!

É verdade Luís! A pesca não foi nada má. Como já disse, em resposta ao J. Martins, é a análise das opções que achei incorrectas que mais pode melhorar a minha pesca e quem sabe a de outros interessados.

Quanto aos Guerreiros da Areia, a conversa é outra! Vocês são mesmo aqueles pescadores de excelência que muito sofrem para obter capturas.
Sinceramente, tiro-vos o chapéu!

Ao Cordeiro!

Não conhecia o seu espaço!

Gostei bastante e dou-vos os meus sinceros parabéns por ele!

Abraço

Ernesto

Anónimo disse...

POR VEZES NA PESCA ESTAMOS + ATENTOS OU + EFICIENTES OU POR VEZES NAO DEPENDE DE VARIOS FACTORES,QUANTO Á EPOCA ,ELAS VIERAM TARDE ABALAM TARDE;)PROXIMOS VENTOS DE SE PENSO QUE SERAM MELHORES DIAS DE PESCA .COMO PENSO ENQUANTO TIVER ESTE FRIO DESGRAÇADO QUE NOS DA CABO DOS OSSOS,ELAS ANDARAÕ EM MAR ALTO.CONTINUE A INSISTIR,ABRAÇOS

Ernesto Lima disse...

Viva Sr. Anônimo!

Grato pelo comentário!

Se se vão tarde... Veremos!?

Espero que esteja carregado de razão! Ehehehe.

Quanto a andarem por fora com o frio, sem dúvida que essa é a tendência, mas depois espalham-se e às vezes até se apanham maiores em menores profundidades.

Abraço

Ernesto

Anónimo disse...

concordo consigo em "elas "dispersarem ou juntarem se apos as mudanças de temperatura .mas quero referir que muitas perdem se pelo caminho e nao chegam as zonas pretendidas e ficam por vezes em zonas que por vezes nao imaginamos que lá estejam ficam a algumas milhas das outras em pedras por onde outras já lá ficaram em tempos anteriores )..fica aqui 1 breve á parte :em toda a minha vida de pesca das coisas + surpreendentes que já acompanhei foi ver 1 velhote a pescar num sitio que parecia + 1 lago que outra coisa onde esse lago de agua salgada tinha só 1a pequena passagem de agua (quase nem passava 1 rato..lolol) .lago cheio apos as enchentes ficava com 1mt d altura,o que ´´e certo é que esse velhote que andava de bengala e levava quase 10 m a ver a cana e pescava com 1a cana reparada das + grossas e o fio quase podre e anzois ja usados d varias pescas e carreto que quase nem enrolava. o que valia era a embraiagem que ainda rodava e a paciencia dele e a experiencia a puxar os peixes .apanhava douradas de varios tamanhos .ele dizia k o record dele era d 7,200 e acredito pois cheguei a ver em 2s dias ele com peixes d 3 a 4kg .contou m que "elas por vezes deitam s fazem d linguado e lambem a pesca ,+ 1 ensinamento:) . .espero ter ajudado.abraço

Ernesto Lima disse...

Viva Sr, Anônimo!

Concordo com o que diz, sobre a diversidade de locais para onde as "maganas" vão... Para onde tiverem o comer que pretendem e as maiores, certamente, terão as suas manhas!

Sobre a questão de se deitarem na areia, quais linguadas, tem aqui no blog um relato meu que talvez goste de ler!?

Se for ao "Arquivo" do blog e clicar em "Janeiro de 2008", encontrará, entre outros, um artigo denominado "Tempo de Sequeiro: Espaço de História"!

Querendo aproveitar este mau tempo e se estiver com paciência para ler, dê uma leitura no referido artigo e depois comente se assim o achar.

Abraço

Ernesto

Anónimo disse...

Viva Ernesto,

Pelas fotos parece-me que continua a pescar com a cana 7even first edition , lá da loja do Nuno , estive por lá e gostei do aspecto dela. Como estou a pensar adquirir outra cana gostaria de saber qual a sua opinião sobre a mesma.
Obrigado,

Luís Guerreiro

Ernesto Lima disse...

Viva Luís!

Sobre a cana em causa o que posso dizer-lhe é:

Acção: parabólica progressiva real
Peso: bastante leve, atendendo ao comprimento e material do blank.
Sensibilidade: do melhor com que tenho pescado, naquele tipo de acção.
Fiabilidade na ferragem e fortaleza: muito boa!
N.º de ponteiras: 3


Porta carretos: Gosto!
Passadores: o seu ponto menos bom!

Relação preço/qualidade: Muito bom!

Manutenção e stock de suplentes: Assegurados!

Apreciando globalmente a cana, apraz-me dizer que:

Não sendo uma cana topo de gama em termos de alguns materiais, é sem dúvida muito boa em acção de pesca! Provou-o sobejamente nesta época de Douradas!
Tendo um preço que acho muito aceitável e manutenção assegurada, parece-me uma excelente aquisição!

Abraço

Ernesto