sábado, 4 de dezembro de 2010

Douradas Outono/Inverno... Procurar! Diversificar! Insistir! Pescar!


O Sol penetrando pelas nuvens, em dia cinzento de mar calmo, quase ali... Embelezando a paisagem agreste enquanto colocava alguns prateados naquele mar de chumbo; cativando-nos o olhar e a vontade de guardar tal imagem, por não sabermos se a tornaremos a ver; ou, a chuva ao longe, caindo de nuvem ameaçadora, qual ilha suspensa prestes a desabar sobre nós...


... Imagens que vos deixo, conseguidas por estes dias, esperando desviar a atenção sobre o interregno na escrita ou, caso não o consiga, obter alguns créditos para a absolvição de tal comportamento.

Entre a última entrada e a actual, vários foram os dias de pesca, quase todos produtivos, uns com mais outros com menos, exceptuando o Sábado, dia 23, em que, por minha deficiente análise do estado do tempo, fomos obrigados a demandar mares de terra e consequentemente a sair dos territórios de peixe grande, supostamente mais adequados para a época, e, entrar no mundo da pesca aos diversos, o que, como sabem, não é nada do meu gosto!
Mas, esteve-se no mar, procurou-se, pescou-se, aprendeu-se ... Melhor que ficar em casa a pensar: ah e tal... Era melhor ter ido, porque torna e porque deixa...

Salvo este percalço, o que vos posso dizer é que me sinto em estado de graça!

A anterior afirmação poderá suscitar em alguns de vós comentários do género: "o gajo endoidou!", "a reforma está a acabar com ele...", ou ainda, "vai escrever sobre religião e moral..."; entre outros...

Mas não meus amigos! Eu explico!

A época das Douradas Outono/Inverno já se desenrola há algumas semanas, o que se pode verificar considerando resultados obtidos em várias zonas do país, como Sines, Setúbal... Parece-me também lá pelos Algarves e, eventualmente, por outros locais do país de que não tenho notícia.
No entanto, esta tem sido uma época em que, no que respeita à minha prática, embora produtiva, nenhum dos pesqueiros de anos anteriores apresentou resultados significativos, obrigando a tentar entender razões e, com base nessas tentativas, diversificar a procura de pesqueiros que, considerando as suas características e as condições de mar encontradas, se adequassem à captura das nossas "interlocutoras", assim como dos seus "primos" que certamente não desprezamos.

Reportando-me a experiências anteriores, já referidas na entrada "Eu e as Douradas"  (http://aminhapesca.blogspot.com/2007/10/eu-e-as-douradas-24fev2007_29.html ), pode dizer-se que a minha primeira pesca desta época com o objectivo Douradas, da qual vos dei conhecimento na entrada: http://aminhapesca.blogspot.com/2010/11/dois-dias-no-paraiso-numa-calma-dourada.html , aconteceu no passado Sábado, dia 6 de Novembro.

O relato deste dia deixa claro que, em primeiro lugar, tentámos testar pesqueiros do ano anterior, coisa que se tornou impraticável atendendo à forte aguagem que se fazia sentir.
Tal facto, obrigou a raciocínios sobre o assunto, cuja linha de desenvolvimento foi mais ou menos a que se apresenta.

Sobre a aguagem:

Este factor, desde que com intensidade aceitável; por definição, quando se verificar que com fios finos e chumbada até 300 grs, a linha, quando chega ao fundo, deixa formado, entre a ponteira e a linha de água, um ângulo de 45 a 30º (não vale a pena levar transferidor... é só uma imagem!); já se verificou ser bastante produtivo e até momento inicial de capturas.
Já aguagens com intensidade superior, tornam a acção de pesca difícil, senão quase impraticável.
Analisando por outro prisma, aquele que se prende com o momento de chegada das Douradas aos mares de fora, outros pensamentos se cruzaram... Sabendo nós que qualquer animal tentará gastar o mínimo de energia para conseguir os seus objectivos, não nos pareceu ilógico que aquela aguagem pudesse funcionar como uma "parede", interferindo na deslocação das nossas amigas, obrigando-as a procurar locais antes da dita, onde encontrassem algum bem estar no cumprimento dos seus desejos?! Isto porque uma coisa, era já estarem nos locais pretendidos; outra coisa, seria terem de atravessar tal obstáculo para lá chegarem!?
Esta análise orientou-nos na procura de pesqueiros mais à terra, onde as condições, quer para as Douradas, quer para nós, fossem mais aceitáveis. Local que, encontrado, deu os resultados divulgados na referida entrada, representando a primeira boa pescaria de Douradas da época Outono/Inverno 2010.

O pesqueiro em causa, mostrou-se produtivo em quatro pescarias consecutivas, nem todas com a qualidade e quantidade da primeira, devendo no entanto considerar-se que os estados do mar e do tempo também não foram iguais, tendo certamente influído os resultados, mas não deixando de dar nota positiva ao pesqueiro e consequentemente às análises e raciocínios que levaram à sua escolha.
Verdade também que nada nos diz não terem sido outras as razões das Douradas estarem por lá, mas, à falta de melhor, ficamos para já com as encontradas. Outras épocas trarão outras razões e, com o tempo, os raciocínios poderão ser cada vez melhor ponderados.

Ainda voltando a este pesqueiro, na medida em que a época foi avançando, tornou-se cada vez menos produtivo, indicando talvez que as "moças" terão ficado sem "parede" e encontrado condições para a sua deslocação habitual, o que se veio a confirmar em outros relatos de outros pescadores, originando tais factos a procura que se efectuou no período entre a última entrada e a que se oferece. Mesmo assim, os pesqueiros do ano passado não se têm mostrado grande coisa, obrigando a novas procuras e pescarias em novos locais, que têm proporcionado regularmente capturas em quantidade e qualidade, mais até deste último tipo, como se pode ver no relato fotográfico que se segue; ilustrativo, em termos de exemplares, das últimas pescarias conseguidas.

O Zé Beicinho a mostrar uma do tamanho mais usual que se tem capturado!


O Zeca, com um dos "primos" que sempre se apresentam quando "elas" por lá andam!


Também o Brás, mais uma vez, com uma daquelas "mais normais"!


Um "primo" ao Pé... Não quis que os meus companheiros perdessem tempo a tirarem-me fotos!


A maior da época... Calhou-me! 3,550 kgs de fúria Dourada! Chatice...


Um pormenor importante... A Sardinha tem capturado os maiores exemplares, pelo menos até ao momento, embora na primeira pescaria o Caranguejo tenha capturado em pé de igualdade; factores similares aos da época passada, em que, só na fase mais intensa, elas quase abandonaram o interesse pela Sardinha em detrimento do precioso crustáceo.

Não se pense que se pesca mais com Sardinha e por tal as "raparigas" ou a comem ou não comem nada! Não senhor!
Começamos só com Sardinha, chamando a atenção para o local e intervalando com Caranguejo, alternando ambas as iscas, quer nos anzóis (cima e baixo), quer uma de cada vez nos dois anzóis. Certo tem sido que, no Caranguejo, caem Sarguetas, Besugos e Douradas pequenas; na Sardinha, os Besugos e as Douradas maiores, espaçadas num tempo temperado de paciência atenta.
Até ao momento é o que vos posso dizer... Não sabemos se se manterá ao longo da época?! Vamos ver!

Espero agora, meus amigos que compreendam o tal estado de graça!?

O que sinto verdadeiramente, prende-se com muito do que por aqui tenho escrito sobre pesca, particularmente no que respeita a Douradas, procura de locais, variabilidade de comportamentos  do peixe face a determinados pesqueiros, em determinadas épocas... Questões que muitos de nós conhecemos, teimando por vezes em não as testar, muito devido talvez à relação falta de tempo para tal/vontade de capturar, o que, tendencialmente nos leva a procurar os mesmos pesqueiros onde em anos anteriores tivemos sucesso e, caso as capturas não aconteçam, ficarmos desiludidos, sem soluções ou, pior ainda, decidirmos que: "não há peixe"! "A época ainda não começou"! "Elas estão lá mas não querem comer"... Entre outras.
Estas decisões, podendo até em alguns momentos terem a sua razão de ser, são certamente limitativas quanto às nossas capacidades de procurar, testar, diversificar, insistir; por, de imediato, rotularem taxativamente determinados momentos de pesca.

A conversa atrás desenvolvida, tem por base o que me tem acontecido na actual época de Douradas, em que, caso não tivesse insistido, tendo em conta o seu comportamento esperado nesta época, e diversificado, estaria possivelmente limitado quer nas análises, quer nos raciocínios que têm permitido os resultados apresentados.

Quanto à procura de pesqueiros característicos de Douradas, nesta época, aconselho-vos vivamente, para além do que por aqui tenho escrito sobre esta espécie, a leitura da entrada contida neste link: http://aminhapesca.blogspot.com/2007/10/procura-de-pesqueiros-1-parte-04fev07.html

Não entendam estas minhas sugestões como conversa para encher ou de quem se acha isto ou aquilo... Elas representam precisamente aquilo que continuo a usar para encontrar o que procuro. Nada mais!

Muito ficará sempre por dizer quando se aborda qualquer técnica de pesca... Neste caso, o autor anda por aí... É só perguntar!

Quanto a formas de trabalhar Sonda e GPS, no sentido de encontrar os pesqueiros que nos sirvam, brevemente tentarei criar a oportunidade de estarmos juntos, em local em que vos possa mostrar, ao vivo e a cores, como os utilizo, justificando sempre cada passo dado.

Até lá e enquanto as condições climatéricas nos obrigam a ficar no quentinho, espero que se divirtam por aqui.

Boa tarde a todos os leitores.

13 comentários:

Anónimo disse...

Olá Ernesto

já vi que nesse dia Neptuno deixou pescar algumas da suas mais belas amantes e seus primos vermelhos , e estava quase mar de azeite .É bom partilhar emoções e esatados de graça ,porque tanbem levanta a moral de quem lê e sente o gosto por um dia no mar e de preferencia a Pescar . nenhuma dessas meninas acabou escalada na Brasa !!acho dificil tal não ter acontecido

um grande abraço Nuno Mira

A. Ferreira disse...

Viva,

Parabéns pelas belíssimas capturas, dá gosto ver "o que vai saindo" nesse espectacular "spot" de pesca.

Obrigado por continuar a partilhar essas pescarias.

Um abraço,

Anónimo disse...

Olá Ernesto,
Espectáculo este cheirinho de pesca, aqui no conforto da casa, que nos trouxestes. E informação precisa que nos dá vontade de ir para lá, procurar aqueles pesqueiros mais abrigados das aguagens, que não "são" de douradas, mas que parecem que também servem. Já agora o que pode ser um fundo para o peixe nesta altura do ano? Pedra e areia? Pedra alta? Pontões? Menos fundo, 40/50m?
Obrigado pela partilha.
Abraço
João Carlos Silva
PS - Desta vez não nos troxeste aquela parte 3 da pesca, o pós, onde o debate, a comida, bebida e a amizade abundam. Espero que só a tenhas ocultado, mas que ela tenha existido na mesma

Unknown disse...

Boas Ernesto.

- Mais uma mágnifica crónica de pesca e...eu... aqui de castigo no quentinho.

Obrigado por mais este momento.

TóZé (Évora)

Anónimo disse...

Viva Ernesto,

A "pesca" é isso mesmo... "a procura !" e tentar perceber o que se passa lá em baixo.
O teu estado actual permite-te isso mesmo, tempo para procurar.
A maior parte dos pescadores,na sua ansia de pescar ( por vezes só com uma oportunidade de ir à pesca em 1 mês ou 2, ou pelo vicio de pescar qualquer coisa o mais rápido possivel ) descuram esse pormenor, compreendo-os perfeitamente, mas se querem obter outros resultados têm que entender que o trabalho de procura é o mais importante ( para além da sorte :) )

Um abraço,

Luís Guerreiro

Ernesto Lima disse...

Viva Pessoal!

A todos agradeço os comentários!

Sabe-me bem saber que contribuo para ocupar algum do tempo em que não podem pescar. Eu também o faço, com agrado, enquanto leio e respondo aos Vossos comentários.

Sobre os fundos para Douradas, não diferem muito de outras épocas, se bem que tendem a ser mais efectivos, para além dos +/- 50 metros.
As beiradas de pedra nas bases dos pontões, os entralhados que se possam encontrar perto destes, os espaços entre pontões, os topos de pedras rasas perto de pontões mais altos e até sobre zonas de pedra baixa; são locais onde a aposta pode e deve ser feita, por vezes mesmo, quando não se vê grande actividade sobre tais locais. Verdade também que, caso exista actividade junto ao fundo ou até um pouco acima, costuma ser mais fiável, sem que no entanto seja obrigatoriamente necessário, segundo os resultados que se tem obtido.

Quanto à procura referida pelo Luís Guerreiro, parece-me essencial, principalmente para quem tenha barco. O tempo que gastar a ler, informar-se, sondar, testar... Deve ser encarado como tempo útil de pesca e vai certamente dar prémio, mais cedo ou mais tarde, melhor talvez que o tal ponto de GPS que deu uns peixes ao amigo no dia tal e que muitas vezes dará zero no dia em que lá vai.
Se formos nós, com mais ou menos tempo a tentar perceber o que se passa em cada tipo de fundo, penso que, a pouco e pouco, nos autonomizaremos, diminuindo assim a influência do factor sorte.

Com o que escrevo por aqui, tento economizar alguns passos a quem queira ler um bocadinho e tomar umas notas. Espero que o esteja a conseguir!?

Quanto ao pós pesca, embora não se tenha referido desta vez, aconteceu todos os dias, com realce para uma Sargueta como há muito não via, tanto pelo seu tamanho quanto por estar tão gorda que quase serviu de creme hidratante, enquanto a amanhava. Ahahahaha

Abraço

Ernesto

Fernando Rodrigues disse...

Caro Ernesto, essa reforma está de vento em popa. É só espécies de qualidade e de tamanho GT. As suas narrativas estão cada vez mais refinadas e a sua pesca também. Um dia destes gostava de o conhecer.
Abraço.
Fernando Rodrigues
http://pescaaoengano.blogspot.com/

Ernesto Lima disse...

Viva Fernando!

Grato pelo comentário!

Quanto a conhecermo-nos... É uma questão de oportunidade. Mais cedo ou mais tarde a coisa dá-se!

Parece-me que você vive por Lisboa, eu vivo em Setúbal e vou a Lisboa quase todas as semanas ver a minha neta.

Aqui no Rio Sado o pessoal do Spinning anda a capturar uns Robalos XL e sendo um homem da modalidade (segundo o seu blog), vai-se ver um dia destes vem por aqui.

Até lá, um abraço

Ernesto

Daniel Pedro Silva disse...

Boas Ernesto.

Mais uma boa leitura de uma boa pescaria ;)

3,5Kg já devem dar umas boas cabeçadas. um dia destes tambem quero apanhar uma desse calibre.

Abraço e anzois afiados que o bom tempo está quase ai de novo, seguido dos relatos ao nivel habitual. :)

João Martins disse...

Viva Ernesto
Mais umas pescas bonitas e as primas e os primos a corresponderem para variar, pelo menos em qualidade.
E um relato com excelentes fotos, a começar pelas duas primeiras.
Com jeito ainda acaba poeta... hehe

Abraço JM
.

Ernesto Lima disse...

Viva Pessoal!

Grato pelos comentários!

Ao Daniel:

É verdade, parece que o bom tempo chega lá para o Fim de Semana, com tendência para se alastrar um pouco por mais uns dias. Vamos ver!?

Ao João Martins:

Tenho de ter cuidado com isso...

Poeta e Pescador... Daqui a pouco ainda me candidato a Presidente da República e acho que isso não é: nem a minha competência nem a minha praça. Será que é a do outro? Não sei não?

Abraço

Ernesto

Rebolo disse...

Boas Ernesto,
Mais informação útil para o cpu memorizar.
Aquela foto da entrada, é algo de maravilhoso é uma das regalias que a embarcada tem, em podermos ver estes cenários do mar. Essa até parece um ovni, :) a entrar pelo céu nublado, bela chapa Ernesto.
Quanto às pescarias, quem sabe sabe e o resto é conbersa.
Faz sempre bem rever as tuas experiências anteriores, porque a meu ver, à sempre algo importante nos teus relatos que nos pode escapar.
Ainda à pouco tempo, revi um dos teus relatos mais antigos e vi que a minha ideia de sondar as zonas onde as batimetricas se aproximam, ou onde existem maiores variações, não era afinal mal pensado, isto em vez dos habituais pontos de pesca.
Abraço, boa reforma, e boas idas lá para dentro, que é o que é preciso para animar a coisa.

Ernesto Lima disse...

Viva Tiago!

Grato pelo comentário!

Muito bom para quem tenta comunicar, quando alguém mostra que se apercebe do que se tenta passar para além do óbvio.

Abraço

Ernesto