domingo, 4 de janeiro de 2009

Vamos às Douradas! Tempo de... Revisões!?

O sequeiro é algo que acontece! É triste... Mas acontece!

Nesta interrupção lectiva, em que a gestão do tempo está em grande parte por nossa conta, essencialmente trabalhei!

As condições climatéricas adversas não permitiram muito mais pesca que aquela que se falou por aqui. Ainda fui na Segunda Feira, antes do ano novo, naquela aberta que o vento e a chuva deram, mas, depois de um fundeio quase perfeito e de sete ou oito Douraditas capturadas, o vento rodou e tirou-me do pesqueiro, obrigando a nova emposta, com pouco sucesso, para além de um Parguito de 1,200 kgs que nem se via na fotografia. Azar... Ou talvez não!?

A procura de outros pesqueiros, impõe-se! Faltam dias calmos em tempo possível para tal! Vão aparecer! Depois veremos!

Entretanto, para que não fiquem sem nada para ler, resolvi fazer uma pequena revisão sobre o que já por aqui disse quanto a Douradas, de algum modo, complementando o anterior artigo!

Então, está decidido! Vamos às Douradas!
Carregamos com a vontade, o material, as iscas e a esperança de dar com elas... Grandes de preferência! E, ala para o mar, em direcção a pesqueiros mais ou menos conhecidos, mas que se revelem ser habitat destes espáridos, na presente época!
Pontões altos com outros mais baixos e entralhados à volta... Precisam-se!
Chega-se à zona eleita, abre-se a sonda e vá de procurar, algo parecido com a imagem abaixo!
A imagem de sonda que se apresenta, não foi tirada, nestes últimos dias, mas dá uma ideia de um bom fundo para capturar as "Lindas"!

O que se vê, é um fundo ainda duro, a 63,8 mts, na embeirada de um pontão, sendo que este se eleva até aos 50 metros de altura. Não tem de ser uma marcação tão intensa... Aquela linha de peixe junto ao fundo já chegava, mas, "a cavalo dado... Não se olha o dente"!

Nesta altura, estaremos com um sorriso de orelha a orelha temperado com a incerteza quanto à capacidade que teremos hoje de tudo fazer bem: fundear, iscar, sentir, ferrar... É hoje que entram as grandes? Mal me quer... bem me quer!

A manobra de fundeio parece correr bem... Abrimos a sonda e esta "diz" que sim, quando nos mostra o fundo onde queríamos ficar! É mesmo aqui!

Nesta altura, as canas saltam dos caneiros, preparam-se o Caranguejo e a Sardinha para iscar, escolhem-se chumbadas, monta-se tudo, testam-se as embraiagens dos carretos, sempre com aquele brilho nos olhos que até se sente, perspectivando visões de canas flectidas e carretos a "cantar", fruto de alguma "bruta" ou "bruto" que ferremos em algum momento.

Enquanto as pescas descem, vamos revendo mentalmente se iscámos os Caranguejos nos anzóis mais pequenos, assim:
O corpo do Caranguejo, liberta-se do casco, das bocas, das patas todas ou ficando só com as que se veêm e corta-se ao meio. Iscam-se as partes, introduzindo o anzol entre patas ou num dos buracos que estas deixaram, sempre deixando o miolo virado para a curvatura interna ou bico do anzol. Primeiro a metade sem patas, depois a outra, deixando as patitas caídas.

E no anzol maior ou se os Caranguejos são pequenos, será que fizemos bem? Vamos ver!
Sim! Tudo está conforme resultados já obtidos e que se continuam a ir obtendo!

Os dois Caranguejos sem casco e com pernas só de um lado, caindo estas como cauda fossem, talvez evitando embrulhos de linha na descida. E que suculento... Se eu fosse Dourada aquilo não me escapava! Ainda bem que não sou! Aquele anzol virado para a zona que se quer comer, não me agrada!
Os primeiros toques começam a sentir-se, levantam-se as canas e já não têm isca... São "elas" pensa-se! Estamos dormentes ou reagimos rápido demais?
Isca-se outra vez e lança-se, variando as iscadas conforme o tamanho dos Caranguejos e dos anzóis a iscar! Não está aguagem e enquanto as linhas saem dos carretos, preparamos mais isca para que não se perca tempo quando as subirmos outra vez, com Dourada, sem Dourada e, certamente, com anzóis tão limpos quanto o nosso rabinho após banho prolongado.
Entra uma, entra outra! Iscas para baixo outra vez! Dá-se um interregno de Douradas, mas outros ladrões andam por lá, sem boca para os anzóis mas com dentes para o Caranguejo! Um vem pelo rabo... Descuidou-se! Mas temos trabalho para ele!
Um "Piça"! Já tenho isca para a cana montada para pescar com vivo!
O anzol é retirado com cuidado e o animal colocado no balde de água salgada, enquanto coloco a chumbada na cana com estralho grande e preparo o caneiro para a colocar afastada das outras, certificando-me que o meu companheiro continua a manter a acção de pesca e pensando se será hoje que um daqueles Pargalhões grandes que costumam também ser frequentadores destes pesqueiros, se atirará a este "petisco"?
Atire-se ou não... Não será por que não o tenha provocado!
Tiro o "Piça" do balde e isco-o...
... Pelo lombo, com um só anzol, de modo a deixar-lhe liberdade de movimentos que lhe permita sacolear-se e atrair! Ai, ai, ai...

Largo esta baixada para o fundo, devagar, para não lhe tirar muita vida pelo esforço dispendido, enquanto o meu companheiro tira outra Dourada, percebendo-se que o pesqueiro continua activo.
A pesca continua, as "armadilhas" vão funcionando, umas mais que outras e aguarda-se a todo o momento, algum peixe que leve ao limite as capacidades de pescadores e materiais, tanto uns quanto outros a postos para o que der e vier.
Os pescadores terão algum saber, feito de perdas, ganhos, dias de muito e dias de pouco ou nada. As baixadas e os materiais em uso, são sua escolha. Tão bons quanto muitos outros, escolhidos pelo mar, pelas derrotas e pelas vitórias!
Aqui estão! Numa pretensamente simples e pequena compilação que devido à situação de aprendizagem do "artista", saíu pequena demais! Para a próxima já sai melhor! Entretanto, nada se passa que uma lupa não resolva...

Baixadas, anzóis, destorcedores, chumbadas, monofilamentos de flurocarbono, multifilamentos trensados, adquiridos ali por Setúbal, na Casa Pita, na Companhia dos Mares, no Planeta Pesca, onde o Nuno sempre procura fazer umas coisas diferentes com materiais; e, também em Sines, lá pela loja do Paulo, na marina, onde já de tudo se encontra. Todos, locais onde faço gosto em passar algum do pouco tempo livre, considerando aquele que dedico à família, ao trabalho, aos amigos e à pesca.
Muito do que por aqui disse e mostrei não é novo... Como sabem!
Os materiais e as iscadas, exceptuando a do peixe vivo, já por aqui andam em entradas lá para trás!
Entendam esta conversa, como uma revisão à "matéria dada" sobre Douradas e abrangente a peixitos maiores, evitando que se desloquem lá muito para trás!
Compreendam!
Tenho as fichas todas para iniciar as aulas da semana! Pesca não há, devido ao mau tempo, portanto... sai "papel"!
Com tanta conversa, ainda vou a Ministro!?
Espero que vos valha de alguma coisa!?
Eu, à falta de melhor, estive distraído enquanto para aqui fui falando!
Boa noite a todos os leitores!

10 comentários:

José Manuel Enderenço disse...

Ora viva Ernesto,
mais uma bela aula à distância de "como pôr em prática", e realmente não são muitas as pessoas, que têm a facilidade de demonstrar de forma simples e prática, a abordagem ao pesqueiro como tu o fazes: rápido e directo, e de manga arregaçada para não esconder nada, eheh.
Já agora uma pergunta, no caso de iscares cavalinha viva, também o fazes da mesma forma, usas alguma laçada na cauda, ou usas o sistema tandem. E os resultados?
(É pá isto já parece o forum, lol)

Um abraço, e agradeço-te os momentos que aqui passo, a pescar contigo

zend

Fernando Encarnação disse...

Viva Ernesto.

Começa o tempo e elas "andem aí"...

Conto a médio/curto prazo ver umas boas capturas das meninas.

;)

Para além disso temos de falar, preciso de umas aulinhas ;) Açores trip Fishing.

Abraço.

João Rosa disse...

Caro Amigo Ernesto
Está-lhe no sangue essa de ser professor, obrigado pela grande aula que ensina estes pseudo pescadores a arte de bem lidar com os materiais equipamentos ao nosso dispor.
Um abraço e Bom Ano.
João Rosa

Ernesto Lima disse...

Viva Pessoal!

Grato pelos comentários!

Ao João Rosa:

Essa do professor, não sei se gostei!? Lol

Por aqui, só falam resultados, na escola, também... Mas dependem de tanta coisa!?

Ao Fernando Encarnação:

Amigo! Só tens de dizer o que necessitas! Tudo o que esteja na minha área de possibilidades, está por tua conta!

Ao José Manuel Endereço:

Os resultados já se deram com os Piças, as Cavalinhas e até com Chopas pequenas!

Quanto à forma de iscar, o único que se deve iscar unicamente pelo lombo, parece-me ser o Piça, devido a que se flexibiliza muito e embaraça os tamdens!

Os outros, podem ser iscados de qualquer forma!

Se forem pequenos, só com um anzol pelo lombo ou abaixo da barriga, embora eu prefira pelo lombo!

Maiores, pois justifica-se o tandem!

Não sei se ajudei!

De qualquer modo, estou por aqui! É só perguntar!

Abraço!

Anónimo disse...

Viva Ernesto Lima
Desta vez não gostei do post, o texto está sem alma e contem erros técnicos que vou passar a identificar
Hehe, no dia em que eu de facto começar assim o mundo está todo louco e eu irrecuperável ou é o 1º de Abril

Outro grande texto, aparentemente uma revisão da matéria dada mas com algumas dicas que são novidade
Permita-me o resumo, há uma boa preparação física (a profissão ajuda...), um conjunto de procedimentos protocolados e cumpridos na íntegra (muitos estão no post) e depois chega o momento da verdade - ritmo, sempre muito ritmo, sentidos e cérebro a responderem em pleno
Numa pesca aparentemente fácil e monótona, pré-definida, muito do seu grande gozo está na detecção e resposta quase perfeitas às subtilezas que acontecem a 30, 40 ou mais metros de profundidade
O que só é possivel para alguns
Para mim, embora a não pratique, é isto que dá beleza à embarcada e a transforma numa arte

Um pedido, não arranja maneira de clicando-a se poder ampliar a foto que tem o material e a montagem?
E que venham mais posts!
Hoje, como dizem os açoreanos, consolei-me...

Um abraço

João Martins
.

Ernesto Lima disse...

Viva João!

Grato pelo comentário que me fez passar de preocupado a, como direi? Talvez babado!? Lol

É verdade! A ideia que tenho é que o ritmo é a "alma do negócio"! Lol

Quanto à foto... Já tentei, já perguntei a quem sabe disto mais que eu, mas o que acontece é que deveria tê-la construído com mais pixels logo de início, pois depois de construída, quando se aumenta fica desfocada.

Fica para a próxima!

Entretanto, vão-me desculpar, mas têm que ir mesmo buscar a lupa! Lol

Abraço!

Ernesto

Anónimo disse...

Olá Ernesto!!

Mais uma vez um excelente e didatico artigo!!!
É pena é nao ter tido ainda a oportunidade de exprimentar as dicas!
Acabei de falar com um amigo meu que foi hoje á Vereda e por incrivel que pareça nao estava lá um unico barco!??!?!?!
A pescaria tambem nao foi famosa pois só apanharam 1 dourada!! Devem andar noutras paragens!

Um abraço,
Rui Barracha

Anónimo disse...

Viva Ernesto
A rever a matéria e a fazer crescer água na boca ao pessoal.LOL
Gostei de reler, é sempre bom avivar a memória.

Abraço
Paulo karva

Ernesto Lima disse...

Viva Paulo e Rui!

Grato pelos comentários!

Ao Rui, quero referir que, segundo me disseram, o pessoal este ano anda mais pela zona do Cabo Espichel!

Não quer dizer que "elas" não andem mais perto... Talvez por outros mares quer da Vereda quer perto, mas o certo é que este ano está a mostrar-se "sui generis", quanto às Douradas e até a outros peixes, mesmo lá pela zona de Sines!

Só há que ir! Tentar e diversificar! Mais cedo ou mais tarde acerta-se! Lol

Abraço

Anónimo disse...

atrasado mas ainda a tempo eheh.
Douradas este ano nem velas nem senti-las, nem na vereda nem no cabo.Estao particularmente desconfiadas ou fora de sitio, ou entao ja tem a barriga cheia do pelado que anda por ai segundo ouvi dizer. De qualquer das formas é sempre bom ver a materia por outros olhos e outras sabedorias, as fotoas das iscadas dao mesmo vontade de ir la a elas novamente, quem me dera.
Safou-se o final de ano com uns parguinhos a fazer o gosto ao dedo, ja nao me posso queixar eheh.
tenho andadode mao quente nos parguinhos de kilo.
Vamos la preparar as coisas que este ano é para fazer a estreia ai em Sines se tudo correr bem.

Um Abraço e continuaçao de boas pescarias