segunda-feira, 22 de junho de 2009

Mais um dia... Diferente e Muito Bom!


Momentos há na nossa vida em que resolvemos modificar, fazer outras coisas, por vezes sem saber muito bem porquê, o que importa muito pouco desde que gostemos do que nos está a acontecer porque assim decidimos.
Não raro, acontece escolhermos sempre a altura que acabamos por achar menos boa... Acumulamos trabalho, escolhemos mal a época ou pura e simplesmente, mesmo que assim não fosse, acabaria por ser... O dia só tem 24 horas, temos de dormir e as tarefas que já existem têm de ser realizadas.
Todo o palavreado introdutório vem no sentido de explicar mais esta ausência aqui das lides.
Como sabem, o Porto de Abrigo está criado e de boa saúde, sendo que o nascimento foi trabalhoso e cumulativamente com a vida profissional e familiar obrigou a este pequeno interregno.
A uma fase de desequilíbrio sucede-se normalmente alguma calma e descanso até que nova fase mais dura se apresente, importando que esses momentos sejam gozados ao pormenor e sirvam também para compensar as pessoas com quem vivemos, normalmente afectadas pelas acções que realizamos.
Tudo isto para explicar que neste passado fim de semana, 20 e 21 de Junho, combinei com a minha mulher passar os dias em Sines, com a promessa de não a pressionar com a pesca.
Estão a ver!?
Com as previsões meteorológicas de mar calmo e pouco vento, acrescidas das pescas que sinto faltarem, a coisa não estava a correr bem... Mas o certo é que também eu estava a precisar de descanso e mentalizando-me com tudo o que sempre há a fazer no barco, decidi esquecer a pesca e apanhar Sol.
Prefiro assim! Quando as coisas correm num certo sentido, coloco as intenções onde têm de estar e esqueço o resto. Não é fácil, mas aprende-se com a idade.
Fomos na Sexta à noite, depois de entregarmos a neta, com a sensação de sermos donos do tempo, sem pressas de nada.
O Sábado correu quente, calmo e relaxante, entre Sol, banhos, algumas arrumações e outras tantas idas ao computador até à hora de preparar para o jantar, hora esta em que se fez ouvir o som dos violinos e de não sei quantos mais instrumentos duma orquestra celestial quando, sem que nada o fizesse esperar, a minha mulher disse:
"Amanhã ainda vai estar mais calor... Se arranjássemos isca, estávamos melhor na pesca que aqui, desde que não pescássemos muito fundo nem viéssemos muito tarde".
Retorqui de imediato: "isca... Arranja-se já! Pescar fundo... nem pensar! Espera aí que vou telefonar!"
Telefonemas para esquerda, visita á loja de congelados para a direita... Em meia hora estava arranjada a isca, programada a pesca e um dia aliciante para ambos, pois a Patroa também gosta! Às vezes precisa é de um pequeno empurrão, mas desta nem isso foi necessário.
A isca não era grande coisa, principalmente a Sardinha, congelada do Verão passado e com ar de quem tinha ido à guerra antes de ter entrado no frio. Mas ia pescar e não dei grande importância a esse pormenor, já que a Lula e o Camarão adquiridos na loja dos congelados poderiam talvez vir a colmatar as deficiências da isca "mãe" que caso não o fosse, poderia pelo menos servir para interessar alguns "malandros" a visitar o pesqueiro.
Depois ainda tinha as Cavalas que sempre aparecem nestes dias quentes, podendo servir tão bem ou até melhor que a Sardinha, principalmente por serem mais rijas e consequentemente aguentarem melhor as investidas da "canalha miúda".
Saímos no Domingo, pelas dez da manhã, cedíssimo, quase madrugada, cheios do cheiro do mar trazido por uma brisa de Oeste que indicava já mudanças de rumo do vento ao longo do dia. O mar estava calmo, uma lama... Como dizem os pescadores da zona!
Rumei a um lugar perto, ali pelo Sul, aquele onde me fugiu o último grande, pensando que tentaria poitar bem, com pouco cabo, contando já com as voltas que o barco daria, atendendo a que era esperado um dia de vento fraco com mudanças de direcção. Neste caso, com pouco cabo dado, as alterações da direcção do vento não afectariam tanto as deslocações do barco para fora da zona forte do pesqueiro.
A foto que inicia esta entrada, identifica o pesqueiro através dos sinais dados pela sonda, verificando-se um fundo entralhado entre os 31 e os 33 metros, situado entre pontões que se elevam aos 29 metros a toda a volta. Os sinais de peixe junto ao fundo, sem serem daqueles cujas probalidades nos deixassem a pensar coisas, considerando experiências anteriores, apresentava-se consistente quanto a hipóteses de capturas.
Os dados estavam lançados e a pesca iniciou-se!
O peixe roubava rápido, sem grande agressividade, mas assegurando que a Sardinha se espalhava e que algum frenesim haveria lá por baixo.
As horas passavam, a Sardinha de má qualidade desaparecia a olhos vistos dos anzóis e do balde da isca, o que nos limitava quanto à mudança de pesqueiro atendendo à quantidade de isca necessária caso fosse do mesmo género deste. Decidimos ficar por ali e insistir, aumentando o ritmo de pesca e alternando sempre a Sardinha, com iscadas de cabeça e tripa de Lula, assim como de filetes de Cavala acabada de apanhar.
Era uma e tal da tarde e a pesca resumia-se a três Polvos, uma Sargueta e duas Choupas de bom tamanho, sem que um único sinal de peixe grande se tivesse ainda sentido.
De repente, surgindo do nada, a cana da Dina afunda e ela luta mais forte... Nada do outro mundo, mas com características conhecidas, antecipando a captura do Parguito da imagem abaixo.
Ficámos atentos!
Acontece muito nesta altura do ano que entrem de seguida e a coisa de facto correspondeu!
Ainda o Parguito saltava na caixa e já eu tirava um outro, mais encorpado, sem ser uma estrela de realce.
Ambos entraram à Cavala fresca colocada no anzol de baixo, desdenhando a Sardinha do anzol de cima que colocávamos tanto para manter o pesqueiro engodado, quanto para perceber se o Pargo a preferiria à Cavala fresca, o que normalmente acontece. Mas não! A Sardinha não estava nos seus dias como isca de eleição, talvez devido à "idade", para não falar dos ferimentos da tal guerra onde terá andado.
Mudávamos as iscas e as formas de iscar com os sentidos alerta e entrou coisa melhor, afundando a cana e dando outra luta, mais forte e dura!
Cá está o primeiro dos maiores!
Não sendo tão grande quanto outros já capturados, pesava 2,500 kgs e elevava o dia de pesca, já que, considerando as condições que apresentava e a companhia, o dia já era excelente!
Não queria acreditar que se completaria ainda melhor, mas certo é que, à segunda vez que atiro a baixada ao fundo após esta última captura, sinto como que um roçar seguido de um pequeno afundanço, ferro alto e dá-se nova luta, parecendo esta mais dura que a anterior, verificando-se ser verdade atendendo aos 2,800 kgs deste segundo maior que resolveu abocar uma cabeça de Lula com a tripa agarrada, iscada do anzol de baixo.
Aí os têm!
O primeiro e o segundo maiores, na mesma foto, muito por causa da semelhança entre eles, caso fossem mostrados em fotos diferentes à frente do mesmo "artista", vestido de igual.

Continuámos cheios de fé mas o pesqueiro começou a alterar-se mostrando-se menos activo e indicando que seria melhor mudar, o que teria feito se fosse Sábado, mas não... Era Domingo, estávamos satisfeitos e queriamos voltar cedo e ainda gozar o dia.
Chegámos ao Porto eram três da tarde e concluímos que os resultados da acçâo de pesca, quando surgiram, fizeram-se em pouco mais de meia hora... Vejam só o que pode acontecer a quem esmoreça e deixe de pescar.
Mais um dia inesperado a fazer as delícias destes dois mortais!
Outros virão, melhores ou menos bons... Queremos lá saber! Desde que se pesque!
Agora vou contar lá pelo Porto... Com ar mais sério!
Boa noite a todos os leitores.

14 comentários:

Anónimo disse...

Viva Ernesto
Essa do "...Rumei a um lugar perto, ali pelo Sul, aquele onde..." nem precisava de ser escrita... imaginava-se logo!
Ele há-de acabar por lá voltar...
Quanto ao resto, não vou repetir o que escrevi no Café do Porto
Fico-me pelo sábado e aquele diálogo sem palavras até à luz verde para a ida à pesca no domingo. Está do melhor que tenho lido!
Abraço

João Martins
.

@oel@ disse...

Boas

Queria sabar que tamanha de ansol usa? Obrigado

Vou começar a fazer pesca embarcada na zona da Nazaré por isso a minha pergunta.

Ernesto Lima disse...

Viva Leo!

Uso Hayabusa Pró-Value 4/0, de pata e Barros Ref.ª Chinu R - BN 5/0, de argola.

As razões têm principalmente a ver com a necessidade de envolver uma posta de Sardinha por baixo da espinha, o que implica anzóis com alguma dimensão e consequentemente limita capturas de exemplares mais pequenos.

Sobre os materiais que uso, tem por aqui algumas indicações e a ficha técnica completa destas capturas no site www.portodeabrigo.com, no tópico "Pescarias".

Abraço

Ernesto

Anónimo disse...

Viva Ernesto!

Mais uma vez a perícia e insistência resultaram num belo dia de Pesca!!

O mote e mesmo esse: ” Outros virão, melhores ou menos bons... Queremos lá saber! Desde que se pesque!”

Um abraço,

Rui Viegas

Paulo karva disse...

Viva Ernesto

mais um dia de pesca bem passado, este especialmente na companhia da esposa, parabéns aos dois pelas capturas.

Tens aí dois Pargos de "raças" diferentes ou é reflexo do Sol?

Abraço

Paulo karva

Ernesto Lima disse...

Viva Paulo!

Grato pelo comentário!

Quanto à tua pergunta, sinceramente, não tenho a certeza... Parece-me que são dois legítimos.

Talvez o Sol, a diferença de tamanho ou sexo, estejam a fazer a diferença, assim como, um já ter estado na arca com gelo e o outro ainda não.

Pode ser que alguém mais conhecedor possa dar uma resposta mais concreta...

Abraço

Ernesto

Anónimo disse...

Olá Ernesto,
Excelente fim de semana o seu, um tempo fantástico e com companhia adequada. São estes os dias que nos fazem sentir vivos. Muitos parabéns pelo fim de semana que passou, pois a família é sempre mais importante que 10 excelentes pescas. Também por aí andei, mas no sábado, e também me calharam uns, mas mais pequenos. Tenho de continuar a treinar e qualquer dia chego lá.
Cumprimentos
João Carlos Silva

PS - preciso de trocar o conector de linha, do lado do depósito, qeu faz a alimentação à mangueira que vai ao motor. Sabe onde vendem e que possam mandar à cobrança dado que o tempo é escasso? O motor é Yamaha. Obrigado

Ernesto Lima disse...

Viva João Carlos Silva!

Grato pelo comentário!

Penso que o que quer é o adaptador para a mangueira de combustível que liga ao depósito... Se sim, diga-me que motor é da yamaha, pode haver diferenças.

É a dois ou a quatro tempos? E a cavalagem?

Eu vejo o que há aqui por Setúbal!

Abraço

Ernesto

Anónimo disse...

Obrigado Ernesto pela sua ajuda. Sim, é o adaptsdor que nos catálogos dele tem esse nome. É um 40cv a 2tempos. Se é aí por setúbal, não precisa de se estar a incomodar, diga-me só onde pode haver e os contactos, se tiver, que eu arranja maneira de ir buscar. Obrigado
João Carlos Silva

Pedro Carvalho disse...

Viva Prof.Ernesto,
mais um grande e bem disposto relato donde destaco estas frases que mais parecem retiradas do "Leão da Estrela" lol.
"(...)Retorqui de imediato: "isca... Arranja-se já! Pescar fundo... nem pensar! Espera aí que vou telefonar!"
Telefonemas para esquerda, visita á loja de congelados para a direita... Em meia hora estava arranjada a isca, programada a pesca e um dia aliciante para ambos, pois a Patroa também gosta!"

Parabéns por mais este excelente relato de uma jornada em família. E eu que julgava que eram 2 coisas inconciliáveis pesca/mulher.....reparou quem é que eu pus em primeiro?Lol

Um abraço
Pedro Carvalho
Pop1967

Ernesto Lima disse...

Viva Pedro!

Grato pelo comentário!

Quanto àquilo do "nome que colocou primeiro", veja lá... Cuidado com o "politicamente correcto"! Lol

Abraço

Ernesto

PS: Ah! Já me esquecia... Aquela coisa de "prof.", esqueça lá isso! Lol

Ernesto Lima disse...

Viva João Carlos Silva!

Relativamente à sua questão, contactei o representante da Yamaha aqui em Setúbal e ele não tem nada disso em stock, mas disse-me que conseguia de um dia para o outro, necessita é da referência do motor, um conjunto alfanumérico que se encontra numa placa metálica algures no corpo da máquina.

Veja lá!

Fico a aguardar!

Ernesto

Anónimo disse...

Olá Ernesto,
Mais uma vez muito obrigado pela sua ajuda e disponibilidade. Eu tenho ligado a alguns dos representantes e dizem quase todos isso, insistem um bocado no nº do motor. Já me disseram que há a "vontade" de registar o maior nº de motores em uso. Será? Não sei. No meu caso eu só não tenho aqui o nº do motor, tenho tudo lá em baixo (documentos incluídos), e queria só resolver a coisa o mais depressa, até tenho aqui a peça em questão que no site da marca me dizem ser quase universal. Acho que vou pedir a alguém lá de baixo para me ir ver ou então perco um bocadito e dou um salto aí para resolver a coisa. Muito, mas muito mesmo, obrigado pela sua disponibilidade.
João

Ernesto Lima disse...

Viva João Carlos Silva!

Se vier a Setúbal, dirija-se à NAUTILUS MAR e fale com o Sr. Frazão, foi com ele que tratei do assunto!

Outras questões, se o entender, envie-me o seu mail através das mensagens privadas do Porto de Abrigo. Assim, não tem de o tornar público, eu contacto-o e tratamos do que necessitar na medida das nossas disponibilidades e conhecimentos.

Abraço

Ernesto