terça-feira, 27 de outubro de 2009

Com o Astro Rei por companhia...

A saga continua... As costas ainda refilam comigo e o fim de semana passado trouxe outras pescas... Outras vivências...

Os dias e as horas passaram mornas, fui com o Zé Beicinho à zagaia na Sexta e acabei por ir a solo, no Sábado, pescar fundeado, atendendo a que o pessoal que estava para vir comigo acabou, por razões diversas, não o poder fazer. Acontece!

O Domingo ainda foi dia de dar uma fugida à zagaia, devido a querer voltar cedo para estar com a família.

Este ano só consigo chegar a Sines às 15.30 de Sexta, o que diminui significativamente o tempo útil de pesca, principalmente agora que a hora mudou... Uma chatice! Paciência...

As hostilidades iniciaram-se na Sexta, logo que chegámos ao pesqueiro eleito onde a sondagem mostrou a imagem que abre a entrada, indicando bolas de comedia alvoradas, em torno daquele pontão. A aguagem corria ao Sul com alguma intensidade, alinhada com o vento de força variável e com tendência a mudar continuamente de quadrante.

Procurei a deriva que me faria passar sobre a zona supostamente mais "quente" do pesqueiro, aquela que a sonda tinha mostrado, e, iniciei a primeira passagem largando a amostra que animei com gestos curtos e rápidos, intervalados com outros mais longos seguidos da queda errática da amostra escolhida que tanto trabalhava a subir como a descer, embora de formas diversas.

A passagem iniciou-se junto à beirada do pontão, obrigando-me a retirar a amostra, para que não se prendesse no início da parede, tornando a lançá-la no pico na perspectiva de explorar a beirada oposta enquanto o barco derivava.

Assim que a amostra terminou a descida já no início da beirada referida e logo que iniciei a animação um pouco acima do fundo, vi a linha "bamba", elevei um pouco a cana, senti um tremelicar e ferrei alto! Era "um"... Não havia dúvidas!

A luta deu-se! Nada do outro mundo mas fazendo-me pensar: Já... Isto começa bem!

O "artista" chegou cá acima com a "língua" de fora, passou ao estrelato e seguiu directamente para a geleira da ordem. Nem o pesei... Entretenham-se e façam cálculos!
Continuámos, com entusiasmo, a animar as amostras, mudando-as conforme a claridade se ia esvaindo e as passagens se sucediam sobre as zonas mais prometedoras, sem que qualquer outro peixe se conseguisse capturar.
É assim! Só lá estaria este ou não conseguimos acertar com as passagens e amostras seguintes? Não sabemos!
Voltámos ao porto e jantámos o Parguito cozido, com todos e regado a tinto. Ainda deu para quatro e sobrou qualquer coisa.
O dia seguinte prometia na pesca fundeada que, só para o fim da noite soube, faria a solo atendendo a que o pessoal amigo que era para vir, por razões diversas, não poderia fazer-me companhia. Convidar outro pessoal e deixá-los com água na boca por já terem outras coisas combinadas também não achei bem. Por tal, deixei rolar.
Certo era que tudo estava preparado, não constituindo tais circuntâncias impedimento para a minha pesca.
Fui para o mar ao sabor do tempo que o Astro Rei me indicava, desprezando por completo aquela máquina a que chamamos relógio. O peixe não quer saber dele e eu? Vou preocupar-me com tal artefacto para quê?
Fundeei perto, depois de ter pensado em não sei quantos pesqueiros e, atirei-me à pesca com todos os sinais a prometerem, até uma pequena aguagem a Sul, normalmente contribuinte para o sucesso.
As coisas correram de feição, os toques iam ficando mais agressivos e o habitual roubo de iscas sucedia-se, entrando primeiro um Parguito de quilo, depois uma maiorzito e a seguir o que aqui abaixo se apresenta, perto dos dois quilos.
A pesca prometia e não me fiz rogado, mantendo o ritmo e aguardando outra revoada deles.
A aguagem aumentou, variei iscadas em tamanho, forma e qualidade mas, meus amigos, nem mais um peixe entrou durante as duas a três horas que se seguiram.
Não faço ideia das razões... Talvez o local onde passou a cair a isca, talvez a aguagem os tenha afastado para outro lado, talvez a proximidade das mexidas de mar que aconteceram durante a semana, talvez tanta coisa... Até a minha teimosia em manter uma pesca activa correspondente aos sinais que se mantinham. Se tenho estado com companhia, possivelmente teria mudado de pesqueiro mas, fui ficando por ali e continuando até achar que tanto a insistência esgotante quanto a hora tardia, indicavam o caminho de terra para tratar do barco, de mim e dar descanso às costas que já refilavam, fazendo-me temer pela fugida à zagaia que pensava fazer Domingo antes de voltar cedo a casa para estar com a família.
Fui zagaiar talvez uma hora mais cedo... A mudança da hora foi certamente a culpada!
Preparei cana e carreto e espalhei as zagaias no tabuleiro das iscas, mirando-as e pensando em quais apostar, tentando adivinhar as cores de água, considerando todos os conselhos dos mestres, assim como alguns resultados por mim obtidos; e, desandei para o mar.
Escolhi pesqueiro sondando sempre. Os sinais não eram dos melhores mas apareciam comedias por aqui e por ali onde, lançava as zagaias e batia incessantemente. Não dava... Mudava de pesqueiro e recomeçava o trabalho, insistindo... palmilhando... Agitando as amostras sem qualquer outro sucesso para além da desgraça do Peixe Piça da foto abaixo que, eventualmente zangado pela invasão de território por animal tão feio, resolveu intimidá-lo e... Tramou-se!
É caso para dizer que até para ser Peixe Piça é preciso ter alguma sorte!

O Sol já tinha começado a descer do seu ponto mais alto, indicando-me serem horas de voltar procurando o aconchego de casa conforme prometido e voltei... Satisfeito com as decisões tomadas e com o fim de semana passado com o Astro Rei por companhia.

Até uma próxima, uma boa noite a todos os leitores!

11 comentários:

Unknown disse...

Olá Ernesto.

Já há algum tempo que sigo os seus relatos. Quando encontrei o seu blog, cheguei a ler todos os artigos mais antigos.

Nunca antes viu um comentário meu porque não tenho o hábito de fazer comentários nestes espaços, no entanto, considero este o que mais leitura de qualidade me proporciona.
Poderá então perguntar-se qual o meu objectivo com esta mensagem. Bem, uma vez que dedica o seu tempo livre (fora familia, profissão e pesca) aos seus leitores, reconsiderei a minha postura de "não participante" para lhe dar os parabéns e também para lhe dizer que anseio sempre pelo seu próximo artigo.
O modo como escreve os seus relatos faz como que sinta que faço parte das suas aventuras.

Um abraço e as melhoras para as costas. Espero que não mais o chateiem.

André Matos.

Anónimo disse...

Viva Ernesto
As colunas e estruturas adjacentes sofrem um bocado com a pesca e com os excessos ao longo dos anos
Brinquei com as suas queixas e também as penei. Foi castigo!
Adiei a escrita, a preguiça instalou-se e hoje, quando me decidi, já havia relato novo. Ainda bem
Quando puder, não quer dar-nos uma dicas sobre a postura que se deve adoptar na pesca embarcada? Para limitar danos imediatos e à distância. Acho que é importante
Quanto ao resto, novidades, algumas, com excepção das capturas. É sempre peixe a sério e não falha uma saída. A família deve estar enjoada de pargo!
A minha curiosidasde de momento é perceber o “seu” jigging.
Já deu para entender que os sinais que orientam a acção são escassos e muito mais subtis e difíceis de ler. E é fundamental o conhecimento ao pormenor dos pesqueiros em que se actua.
Não é para todos, é um patamar de pesca evoluído
Fico à espera das próximas lições
Abraço
João Martins

Anónimo disse...

Viva Ernesto,
Este fim de semana foi mesmo mau. No sábado estiveste a pescar aí a um quarto de milha a sul de onde eu estava, se não me engano, na caída da baixa ali pertinho do porto, tinha acabado de fundear quando vi um barco que parecia o teu começou a sondar em busca de sinais. Eu também tive o mesmo problema, muito pouco peixe e uma aguagem fortíssima para sul aliada a um vento que custou a ficar certo e que fez levantar ferro duas vezes. No domingo, ao contrário do que é hábito, fui pescar dois dias seguidas, insisti mais por terra tentando aproveitar a maré cheia da manhã e os rsultados também foram fracos. Penso que a água um pouco fria, comparado com os dias anteriores, aliada ao mar bravo que remexeu os fundos também não ajudou. Mas é como o Mestre Ernesto diz, nem sempre acertamos (muito menos eu com tão pouca experiência) e o que dá mesmo gozo é o preparar a pesca, o pensar que vamos, e o estar lá sem qualquer outra preocupação.. Obrigado por mais este relato que nos leva a estar mesmo lá, na pesca enquanto estamos sentado aqui ao PC.
Um abraço

João Carlos Silva

Anónimo disse...

Boa noite Professor,

já estava com saudades desta cadência de escritos e nunca pensei ser presenteado, hoje, com mais um magnifico relato.
Quero só fazer uma questão:
na pesca fundeada o seu peixe alvo é unicamente o pargo? Na cana de mão não põe anzois mais pequenos em cima para apanhar uns besugos e/ou safias?

Um abraço deste seu aluno,
Pedro Carvalho

Ernesto Lima disse...

Viva Pessoal!

A todos agradeço os comentários e passo a responder.

Ao André:

Viva!

Bem Vindo a este local, e, é com orgulho despretencioso que verifico ter sido o que por aqui escrevo a razão da sua participação.

Obrigado e sinta-se como em sua casa.

Ao João Martins:

Companheiro João... Espero que as suas costas o deixem de incomodar assim como as minhas que ainda andam por aqui a dar um ar da sua graça.
Quanto às sugestões pertinentes sobre futuras entradas, o que posso garantir é que, na medida e com a brevidade possível, tentarei corresponder.

Ao João Carlos Silva:

É verdade João! Era eu que andava por ali e a coisa não esteve fácil.

É assim... Há dias na pesca em que até a nossa persistência nos pode enganar.

Ao Pedro Carvalho:

Bom... Quanto a essa do professor/aluno... sinceramente, não concordo. Mas pronto! Lol

Quanto à sugestão dos anzóis, das Sarguetas e dos Besugos, sem pretensão, são pescas que gosto de fazer, apanho de uns e outros enquanto me dedico aos maiores embora raramente me direcione para esses exemplares.

Não por serem pescas desinteressantes mas por as ter feito durante muito tempo, em Setúbal e nos primeiros anos em que cheguei a Sines, sempre com os olhos nos "outros".

Relativamente à minha pesca, direcciono-a essencialmente para exemplares maiores, sendo que o Pargo e a Dourada, parecem ser os mais usuais nas nossas águas.

Penso avançar para outras pescas... Aos grandes Robalos, Corvinas e outros peixes, diversificando as técnicas, nomeadamente virando-me a médio prazo para Zagaia/Jigging profundo e para pesca com isca viva, tentando sempre aperfeiçoar em função dos resultados. Isto sempre procurando exemplares maiores.

Não coloco de lado, juntar-me com um grupo de amigos, variar para montagens mais leves e tratarmos de capturar umas Sarguetas e Besugos, abundantes aqui pela zona mas, o tempo disponível empurra-me decididamente para os "maiores" em todas as oportunidades que tenho de ir ao mar. É assim! Não há volta a dar-lhe... Pelo menos para já!

Abraço a todos

Ernesto

Paulo karva disse...

Viva Ernesto

Parabéns por mais um grande relato, desta vez na versão de isca de chumbo.LOL
Tem atenção ás costa que a zagaia não ajuda nada,poupa-te.

Estiveste a fazer zagaia a que profundidade? Com os jigs de quanto peso?

As melhoras!

Abraço
Paulo karva

Ernesto Lima disse...

Viva Paulo!

Grato pelo comentário!

Andei pelos 40/50 metros com zagaias entre 150 a 230 grs.

Isto porque a Deriva não era muita e considerando os peixitos que por ali andam.

Abraço

Jose Valle disse...

Bonito y completo blog.
Enhorabuena por las capturas.
Un saludo desde Gijon.

Ernesto Lima disse...

Olá José!

Bien venido por aqui!

Grato por la atencion!

Ernesto

Anónimo disse...

Sr Ernesto é realmente o melhor blogue de pesca a nível nacional!!!

Só você para contar as suas peripécias semanais com tanto entusiasmo que nos deixa agarrados ao computador todas as segundas feiras, à espera que o Sr Ernesto tenha ido fazer mais uma pescazita para nos deliciar com estes belos relatos.

eu só tenho pena de não o conhecer pessoalmente porque se assim escreve, imagino ao vivo.....

um grande abraço e muita saúde

Flávio batista

Ernesto Lima disse...

Viva Flávio!

Passando os exageros do melhor blog...E do Sr...., Agradeço-lhe o comentário e a opinião!

Quanto a ser melhor ao vivo... Não sei?

Casco já enrugado, meio brincalhão... Desconversador, a falar de pesca pelos cotovelos... Etc..
Dependerá certamente dos ouvintes!?

Ehehehe...

Abraço

Ernesto