domingo, 8 de agosto de 2010

Manutenção de barco... Quando a idade obriga a cuidados suplementares!?


Mas o que é isto? Um extraterrestre ou um "Sapateiro a tocar rabecão"? Sinceramente, inclino-me mais para a segunda opção!

A "farda" com que me visto neste imagem de entrada tem história e está claro que a vou contar!

Não há muito tempo, para aí há um ano, falei-vos sobre manutenção de casco! Questionar-se-ão os leitores... Outra vez?

Ah pois... Julgavam o quê? É só navegar e pescar? Nem pensem nisso! A água salgada não descansa e quem tem barco deve ter isso em conta!

Todos os anos se têm de fazer verificações ao casco e de quando em quando fazer uma manutenção maior, muito porque as tintas têm um prazo em que são efectivas e, no caso de barcos que passam a vida dentro de água, esse prazo ronda os cinco a dez anos e, o Makaira já vive no meio aquático há oito, portanto impunha-se uma revisão à pintura, entre outras.

O tratamento inicial do casco de um barco novo para ficar na água, implica um conjunto de tarefas de pintura que devem ser extremamente cuidadosas... Não podemos esquecer que será esse tratamento a ditar a respectiva longevidade. No caso, a listagem simples de tarefas é a seguinte:

1. Lixar todo o casco com uma lixa fina, no sentido de "desvidrar" o Gel Coat inicial para que a tinta agarre bem ao casco, seguindo-se uma lavagem à pressão e secagem.

2. Aplicar 4 ou 5 camadas de primário próprio que se destina a proteger a fibra do contacto com a água salgada evitando a osmose, conhecida na gíria como o Cancro da fibra.

3. Aplicar duas camadas de tinta anti-vegetativa, destinando-se esta a evitar/diminuir a incrustação de organismos marinhos, como algas, cracas, mexilhões..., etc..

Ao longo da vida do barco, se a tinta aplicada não for daquelas indicadas para 10 anos, o barco deverá ser retirado da água anualmente e efectuado o tratamento que já documentei aqui no blog.
No caso da tinta para 10 anos, todos os anos se deverá pelo menos subir o barco e limpar alguma "nata" que sempre se agarrará.

No caso do Makaira, foi efectuado o tratamento em novo e, ao fim de oito anos na água com tratamento anual; este ano, como mandam as regras, decidi ver o casco outra vez e tratá-lo de novo. Só assim se saberá se o tratamento inicial foi bem dado, obrigando no entanto a repeti-lo de novo.
Uma coisa é certa... A "desvidragem" inicial do casco em novo, um trabalho relativamente leve, não se compara à remoção do tratamento que lhe foi aplicado, nomeadamente se esse foi bem feito. E na verdade, felizmente para o casco, foi.

Então a listagem simples dos trabalhos a desenvolver é a seguinte:

1. Lavagem para retirar organismos vivos e desincrustar as peças móveis e imóveis aplicadas no casco (hélice, veio, saídas de água e transdutor da sonda em bronze).

2. Retirar totalmente o tratamento anterior até que toda a extensão de fibra fique à vista.

3. Reparar o que aparecer. No caso da Makaira, só algumas pequenas zonas onde, eventualmente por má limpeza ou fibra mal batida no processo de fabrico, o Gel Coat se separou da fibra. Osmose... Nem um pontinho apareceu! Pfiuuu!

4. Aplicar de novo todo o tratamento que se dá em novo (ver acima).

Eu disse listagem simples, não foi? Foi pois! É que cada uma das tarefas nomeadas implica todo um conjunto de pequenas, demoradas, chatas... Sub tarefas, normalmente efectuadas debaixo do barco, em posições e com esforços que não lembram ao diabo. Nada do outro mundo! Nada que centenas ou milhares de outros donos de barcos não façam por aí fora! Mas certamente duro , chato e sempre em época quente e de férias, normalmente adequada para pescar e usufruir do barco! Mas é assim... Há que fazê-lo! Mãos à obra!

Sexta Feira, dia 23 de Julho, de 2010: subida, observação, lavagem e desincrustação do casco.

O casco à saída:


Aspecto do hélice, veio e leme:


Início da operação de lavagem e desincrustação, posição I (até nem é das piores):


Posição II (já dói, mas não é má de todo...):


O calor era muito e até sabia bem levar com alguma água. O pior estava para vir...

O que mais me preocupava era a retirada do tratamento anterior, senão vejamos: lixar toda as camadas de tinta que eu sabia ter aplicado, à mão ou com lixadeira, era algo que não queria entregar a nenhum profissional pois os preços da manutenção subiriam em flecha. Por outro lado, fazê-lo eu a solo não estava nas minhas intenções, quer pela dureza, quer pela morosidade do trabalho.
Por tal tinha falado com uma empresa de decapagem com provas dadas neste tipo de trabalho e aguardava que viessem ver do que se tratava, de modo a darem início ao trabalho que, neste caso, duraria um dia, podendo eu encetar as operações de pintura, coisa a que me destinava. Mas, não correu bem!

O homem da empresa chegou na Segunda Feira à tarde, conversámos, mirou o casco, tirou umas fotos com o telemóvel, disse-me que certamente algo se havia de arranjar, mas, o certo é que no dia seguinte me foi dito que... Ah e tal... Estamos cheios de trabalho, não dá para fazermos o serviço, não sabemos quando pode ser e coiso... Muito ao estilo português (com letra pequena por razões óbvias...).
Resultado: fiquei com a "criança" nos braços e tive de resolver também ao estilo Português, (agora com letra grande) atirando-me à tarefa e solicitando apoio ao Rebelo, um daqueles profissionais que o são mesmo!
Eu não me queria meter nestes trabalhos... Mas teve de ser!

Ora cá vai!

Este o aspecto após lavagem e desincrustação:


Faltava agora procurar o branco do casco e ver o que o tempo em contacto com o meio aquático teria produzido. Para tal era necessário lixar, lixar e ainda tornar a lixar. Ora vejam:

O início das lixadelas, começando pela parte mais fácil, a linha lateral, como que fazendo um aquecimento para o que viria a seguir.


Tudo isto sempre acompanhado do Rebelo, sem dúvida que o homem percebe da poda, ainda eu ia a meio e já ele tinha feito toda a linha lateral da zona que escolheu.


Feita a linha lateral. a coisa começou a pesar, exigindo outras posições de trabalho, como por exemplo: sentado:


À medida que se trabalhava mais fundo ou baixo exigiam-se outras posições como a de joelhos que se segue:


Outra opção possível, no caso deste atrelado... Trabalhar deitado! Ah... Abençoado Alentejo!



De vez em quando a necessidade de descansar os braços impunha-se fortemente!


Certo é que quando se iniciam estes trabalhos, a paciência, persistência e a mente direccionada para o processo, em detrimento da necessidade de rapidamente terminar a tarefa, fazem com que o trabalho se vá efectuando e, de repente, quando pensamos que nunca mais acaba, vislumbramos uma luz ao fundo do túnel, neste caso, quando começámos a ver área branca com dimensões significativas:


E, mais tarde, ambos completamente derreados, apreciávamos obra feita, com mais de meio casco limpo e já com hipótese de controlar o tempo para finalizar a limpeza total, obra mais complicada e morosa de todo o trabalho a desenvolver.


Até que chega o momento mais desejado... O casco todo limpinho, à vista. pronto a ser lavado a alta pressão, de modo a que qualquer defeito se mostre e nos permita efectuar o respectivo tratamento.


Um pormenor da zona do transdutor da sonda e da tomada de água para arrefecimento, contornadas pela lixadeira:


Também a zona onde se encontram, o hélice, veio e leme; retirados para manutenções próprias, como seja: mudar a chumaceira onde trabalha o veio naquela peça em bronze mais próxima e arranjar os pontos que fazem segurança à falange do veio, junto ao motor, por estarem degolados.


Certo é que, caso não se fizessem este tipo de manutenções, uma série de pequenos problemas, em  espaço de tempo imprevisível, poderiam transformar-se em sérias dores de cabeça e consequentemente em gastos monetários muito mais significativos.
Resumindo: há que manter! Não adianta protelar certas operações sob pena de aumentar significativamente as hipóteses de acidentes no mar e as situações de perigo de tal decorrentes. Isto no que respeita às questões mecânicas pois, quanto ao casco, uma coisa são pequenas zonas onde a camada de Gel Coat se descolou da fibra e que, descobertas pela lavagem à pressão posterior à eliminação do tratamento anterior, podem ser tratadas antes do aparecimento da osmose. Aí sim... A coisa tornar-se-ia dolorosa em tempo e dinheiro gastos.

Nesta altura, o pior já tinha passado e o início da reposição da nova pintura iniciou-se com uma primeira camada de primário preto e uma segunda de branco, antecedendo mais duas deste primário, cuja função é aderir ao casco, protegendo-o de qualquer contacto com a água salgada.


A quantidade de pequenas tarefas para efectuar a pintura é enorme!

O rolo, as luvas, o fato e óculos protectores, a mistura da tinta que, sendo de dois componentes e cara, obriga a cuidados contínuados quanto à gestão das porções de mistura e quantidades para cada aplicação, de modo a evitar estragar tinta, também ela com preços que não dão para brincar aos pintores. Isto já para não falar dos tempos de espera entre aplicações. Mas digo-vos, estimados leitores, para além da diminuição de gastos, estes não são trabalhos para entregar a profissionais em que não se confie. O ideal será informarmo-nos sobre os procedimentos, qualidades de materiais... E estarmos presentes durante as operações que, por serem chatas e morosas tendem ao facilitismo de qualquer um, mesmo profissional, o que não é o caso do Rebelo que para além de sabedor, não se poupa a esforços, tendo em conta que todos os procedimentos deverão ter lugar antes de o barco entrar na água e dando continuamente indicações sobre os mesmos a este aprendiz de pintor de cascos.

As camadas de primário já estão aplicadas, é hora das camadas de anti-vegetativo onde a côr azul já nos começa a indicar que não tarda temos a embarcação na água.

Aqui está ela.... A tal côr azul!


A primeira camada de anti-vegetativo deixa logo um outro visual, muito perto daquele final. Só a fita demarcadora da linha de pintura coloca a nota de inacabado, mas não perde pela demora.
Entretanto, a malta amiga vai passando, uns apreciando, outros perguntando, outros trocando umas palavras e até outros, vindos da pesca e pedindo-me para tirar fotos como esta:


Pois é... O Sr. João Carlos Silva a ver-me naqueles trabalhos e entre os dois tons de azul... Oh Ernesto... Tens aí máquina? É que eu não trouxe!
Tenho... Respondi!

Então tira-me lá uma fotografia a este animal!

E pronto! Tiro a foto, coloco-a aqui e atiro-me ao segundo tom de azul, enquanto aguardo que ele faça o relato, talvez lá no Porto de Abrigo... Não sei!

Finalmente, entre todos estes acontecimentos, eis que o tom de azul final aparece:


A fita já foi retirada e, não fossem os retoques nas zonas de apoio, podia dizer-se que estava terminado no que respeita a pintura mas, já não falta tudo!

Ainda o leme, o casquilho que suporta o veio e o hélice, assim como estes; serão montados no intervalos de espera da aplicação dos retoques finais de pintura.

Deixo-vos a imagem dos bronzes... Em fundo azul!


De mais perto para mais longe: O buraco onde entra o leme, o suporte do veio do hélice e, lá ao fundo à direita, o transdutor da sonda. Bronzes estes que também levarão tinta própria, após limpos com diluente específico.

E, finalmente...


... Tudo montado e pronto a entrar na água assim que se pintarem os pontos onde o barco esteve apoiado, recorrendo à grua para o elevar e deslocar uns centímetros para trás (ou frente... Dependendo dos respectivos pontos de equilíbrio).

A lista de regras e procedimentos deste tipo de manutenção é enorme, dela vos deixo algumas recomendações, aquelas que me disseram serem as mais importantes e que até ao momento deram bons resultados.

Sobre a lavagem inicial:
  • Dar-lhe início logo após a saída da água se possível. A nata mais pequena sai facilmente, já as cracas saem melhor depois de um dia ou dois no exterior.
  • Percorrer todo o casco aproximando o jacto à pressão para que qualquer problema de tinta mal agarrada, zona fraca de pintura... Se deixe ver.
  • Utilizar uma máquina de alta pressão mais potente que aquelas da lavagem automóvel. Só assim se assegura a efectividade da lavagem.
  •  Dirigir o jacto quase perpendicular à zona de lavagem.
Sobre a retirada do tratamento anterior:
  • Usar lixadeiras rotativas com discos de 60. Caso a pintura anterior esteja bem feita, só assim se poderá optimizar a relação dureza do trabalho/tempo despendido.
  • Ter cuidado ao lixar, evitando retirar o mínimo de Gel Coat. É este o primeiro protector da fibra.
  • Após toda a tinta retirada, lavar outra vez o casco à pressão, percorrendo este minuciosamente. Sem a protecção da tinta é possível que se encontrem zonas de gel mal aplicado, o que não deverá ser desprezado, procedendo-se ao seu tratamento.
  • Durante esta lavagem, não ter receio de abrir buracos no gel. Se lá estiverem, devem ser detectados, sendo esta a fronteira entre retirada do tratamento anterior e a preparação da pintura.
Sobre a pintura e sua preparação:
  • Após a última lavagem descrita, deve ser aplicada a primeira camada de primário (anti-osmose), sendo esta diluída, utilizando diluente aconselhado pelo fabricante da tinta em uso. A razão da diluição prende-se com a melhor penetração inicial no gel coat.
  • Em seguida preencher os espaços onde saltou gel, com betume próprio, respeitando os tempos de recobrimento quer da tinta, quer do betume que deverá ser lixado antes da aplicação da camada de tinta seguinte.
  • Aplicar pelo menos 4 camadas deste primário.
  • Aplicar em seguida duas camadas de anti-vegetativo.
  • Muito importante que se respeitem quer os tempos de intervalo de aplicação entre camadas, assim como o tempo de cura do primário até à entrada na água. Estas indicações encontram-se nas latas e em caso de dúvida deverá contactar-se o fabricante da tinta em uso.
  • Tentar fazer estas manutenções com tempo quente e seco.
Muito se poderá ainda dizer, mas acho que o principal está por aqui.

Numa última recomendação sobre materiais, caso se atirem para este serviço, deverão para além das tintas e diluentes, adquirir ou ter à mão alguns dos seguintes materiais:
  • Luvas plásticas, pelo menos um par por cada camada a aplicar.
  • Panos velhos. A quantidade de limpezas que temos de fazer é enorme.
  • Uma navalha para os vários tipos de cortes que se têm de efectuar.
  • Uma medida e garrafões vazios de 5 lts de água, caso o primário seja de dois componentes e a mistura tenha de se fazer a parte.
  • Uma chave de fenda para abrir as latas de tinta.
  • Máscara e óculos profissionais.
  • Chapéus ou camisolas velhas para enrolar na cabeça. protegem do Sol e dos encostos à tinta do casco.
  • Dois fatos de trabalho em papel. Um para a retirada do tratamento inicial e outro para a pintura.
  • Rolos, um por cada aplicação de camada. Estar a lavar rolos é um trabalho chato e desnecessário. Não são assim tão caros. Já o cabo para os rolos pode ser sempre o mesmo, tendo o cuidado de retirar o rolo utilizado e limpar o cabo para receber o próximo.
  • Tabuleiros, dois. Um para o primário e outro para o anti-vegetativo.
Penso que está cá quase tudo?! Se não... Digam qualquer coisa ou perguntem.

E é neste pé em que estou. Amanhã vou iniciar os acabamentos e espero, para a próxima entrada, já vos poder mostrar "outras coisas" conseguidas na minha pesca.

Até lá, boas férias e divirtam-se!

Boa tarde a todos os leitores.

25 comentários:

Eu Adoro o que Faço disse...

viva ernesto.
pouco ou nada entendo eu de barcos e muito menos da sua manutanção, e te garanto que para um leigo na matéria como eu, ao ler está mensagem, poucas duvidas me restam, e pouco espaço dás para eventuais perguntas, de tão bem explicado e minusioso que está este post.
meus parabens, agora só me resta dormir que amanhã estou em viagem de férias. hehhe

1 abraço

João Martins disse...

Viva Ernesto
Um trabalho infernal mas que valeu a pena! o Makaira já era um grande barco e vai ficar ainda melhor!
Parabéns pelo esforço e pela forma como fez e relata a obra
Para quem já pisou esse barco e tem sempre presente grandes momentos de pesca nele, este tópico tem um significado muito especial, acredite

Um grande abraço para si, outro para o Rebelo (um profissional a sério) e muita força para as tarefas finais
João Martins
.

João Martins disse...

Esquecia-me...
Parabéns também ao João Carlos Silva pelo vermelhão
Espero que ele nos relate o combate

Abraço JM
.

marco disse...

Boa noite,
sempre que posso dou uma "saltada" a este blog (geralmente já a noite vai longa) e é com enorme prazer que leio os seus relatos, idependentemente da sua natureza.
Este à semelhança de outros é bastante construtivo, dá para uma pessoa se "cultivar" hé hé.
O meu barco está em doca seca, logo não precisa destes tratamentos, mas de hoje para amanhã poderá estar numa marina, sendo assim gostaria de colocar uma pergunta,ao comprar o primário e o antivegetativo quais as quantidades por mt quadrado, incluindo as várias demão que o Ernesto menciona?

Já agora segundo o que oiço dizer, os antivegetativos já foram melhores do que o que são (proíbição de adicionamento de chumbo), qual a marca que utiliza?

Pergunto isto porque não sabia que uma tinta destas sendo bem aplicada poderia aguentar tanto tempo (8 a 10 anos).
Apesar de o meu barco não ser semelhante (casco aberto de 5,5mt) sei que ao comprar uma tinta é preciso ter em conta o tipo de casco (velocidade de navegação,etc).
Fico a aguardar a partilha dos seus conhecimentos.

Cumpts e boas marés !
Atentamente
Santana

Ernesto Lima disse...

Viva Marco!

Grato pelo comentário!

Quanto às questões colocadas, cá vão as respostas que sei, tendo em conta algumas das experiências efectuadas.

Quanto às quantidades por m2, o melhor será mesmo falar com o fabricante, em função da tinta a aplicar. Por exemplo, o primário dá normalmente menos por m2 que o anti-vegetativo.
No meu barco, estou a usar entre 1,5 a 2 litros, no total, para cada de mão; quer para o primário, quer para o anti-vegetativo.

Quanto às tintas que duram mais, existe de momento uma à base de cobre que dá para 10 anos. acho no entanto que para barcos que tenham pesos que lhes permitam subir em gruas fixas poderá não ter grande interesse, isto porque qualquer barco que viva na água, na minha opinião, deve ser levantado e observado todos os anos. Nunca se sabe.

Na compra da tinta, sem dúvida que para um barco rápido ou para um lento, as características da tinta serão diversas e mais uma vez o melhor será falar com o fabricante ou com um lojista informado.

Agora que dei um tratamento novo, mudei da INTERNATIONAL para a HEMPEL, por razões que se relacionam com o preço e também porque gosto mais do primário de duas componentes desta última.

Espero ter elucidado, se não, pois é só perguntar mais!

Abraço

Ernesto

Anónimo disse...

Viva Ernesto Homem de pesca e de trabalho (eu sou testemunha, vi...).
Obrigado por este lição de como tratar do casco que é tão útil aos maçaricos como eu que se estão a iniciar nestas lides. É incrível como de forma práctica e simples nos passas tanta informação útil que, muitas vezes, os profissionais não conseguem ou não querem passar...
Quanto ao "Sr" que apanhou o peixe, deixa lá isso, o gajo não é sr e teve foi muita sorte. O combate, e para responder ao João Martins, com muita pena minha, não foi tão violento como eu estava à espera, ou então, a adrenalina foi tanta que nem dei pelo passar da luta. Acho que foi mais esta 2ª situação... O peixe deu um arranque grande e violento e após levantar uns poucos metros do chão a luta ficou mais intermitente, com grandes arranques mas menos violentos. Foi apanhado a 24 metros. O material: cana Barros Galega 3,30 montagem com madre e estralhos grandes em fluorcarbono 7even 0,45, anzóis Hayabusa Pro-VALUE penso que nº20 (sei que é grande, forte e corresponde ao 4/0) e isca de sardinha em posta, uma sardinha sem rabo e sem cabeça dá 3 iscas. Isto é, imitação de pesca made by ERNESTO LIMA.
Obrigado Ernesto pelos teus ensinamentos e pela paciência com que nos passas o que sabes e tentas que aprendamos qualquer coisa.
Abraço
João Carlos Silva

Nuno Paulino disse...

Provavelmente este comentário já te vai chegar a meio dos preparativos para colocares o Makaira na agua. Finalmente dirás tu!
E percebe-se. Não só pela trabalheira mas também pela falta que te faz a pesca e o mar.
É nestas alturas que dás graças a Deus por não teres um barco maior, hehehehe!
Abraço e espero que possas em breve voltar ao teu elemento juntamente com o teu menino.

Ernesto Lima disse...

Viva Pessoal!

Grato pelos comentários!

Ao João Carlos Silva:

Pois é Sr.João! E repito Sr.!

A sorte pode ter lá estado, mas quem ouve, procura os seus próprios pesqueiros, acredita e coloca em prática, mais dia menos dia, acaba por ter o seu prémio!
A sorte... Existe de facto, mas também temos de lhe dar umas ajudas! Lol

Parabéns pela tua captura! Era deliciosa!

Ab

Ernesto

Ao Nuno:

Pois é companheiro!

De facto, amanhã já vai para a água e é hora de estar um bocado com a família... Isto tem sido um grande afastamento.

A pesca e o barco vão agora passar para segundo plano, durante algum tempo.

Ab

Ernesto

Pedro Russo Baião disse...

Excelente tutorial Ernesto!

Muito obrigado pela partilha e pela descrição detalhada do processo de manuntenção.

Sem dúvida muito útil para quem já percebe alguma coisa do assunto, e para os que como eu, não percebem mesmo nada do assunto, mas esperam vir a ter um barquito em breve :)

Abraço e boas saídas ao Mar

Ernesto Lima disse...

Olá Pedro!

Grato pelo comentário!

Caso adquiras barco e necessites de algum apoio, conta com o que estiver ao meu alcançe.

Abraço

Ernesto

Anónimo disse...

Que trabalho duro Ernesto! Manutenção 5 estrelas que de certeza vai deixar o Makaira agradecido! Ele irá recompensar-te com excelentes pescas como é hábito! uuufffff... ainda bem que a minha embarcação não precisa desse tipo de manutenção... basta 1 moeda de 50 cêntimos no elefante azul e já está!

Abraço, Luis
Saudações da Tribo Fishyak

Ernesto Lima disse...

Viva Luís!

É verdade!

Quando tiver o meu, nem isso gasto... Vou ao quintalito do "mê" pai e dou-lhe uma mangueirada. Assim vingo-me destes trabalhos e que se lixe o Elefante Azul!LOLOLOLOLOL

Abraço

Ernesto

fgdfgv disse...

27Boas Sr. Ernesto

Necessitava da sua ajuda


Tenho o barco em seco para tratar do casco. Qual é a melhor tinta anti-vegetativo aplicar, e qual a influencia da cor na pesca e na duração da mesma.

Tenho ouvido alguns comentários em relação à cor do casco que o vermelho é melhor para pesca, preto é mais resistente o azul até algum peixe encosta ao casco etc etc

Abraço

Carlos

Ernesto Lima disse...

Boa tarde Sr. Carlos!

Relativamente às suas questões, cá vai resposta:

Depreendo que limpou o casco totalmente e que pretende fazer a pintura total.
Se for o caso, de facto poderá escolher tinta de qualquer marca. Caso tenha lá alguma camada e vão só colocar anti vegetativo, pois deverá colocar a mesma tinta quer de marca, quer de características, ou, aplicar um selante e então mudar de marca, mas para isso deverá informar-se com o representante.

Partindo então do princípio que limpou o casco até ao gel e quer aplicar tinta de novo, as duas marcas com que até agora lidei, são: Hempel e International, qualquer delas muito boa.
Na verdade, estou agora muito satisfeito com a Hempel, quer pelo anti osmose que é de dois componentes e parece-me muito bom; quer com o anti vegetativo que se aplica muito bem e me parece, tem efeito um pouco mais duradouro que o anterior da International, se bem que nada tenho a apontar a esta última que me serviu muito bem durante os primeiros 8 anos de vida do barco.

Se vai aplicar de novo ou após lavagem até ao gel, deverá aplicar umas quatro de mãos de anti osmose e a seguir duas de mãos de anti vegetativo. Sobre este último, pessoalmente, prefiro a matriz mole à matriz rija.

A matriz mole, vai saindo ao longo do tempo e arrastando alguma nata; a matriz dura, quase não sai e parece-me mais difícil de lidar, nas manutenções anuais.

Em qualquer marca, deverá falar com o representante para que ele lhe diga qual a mais indicada para o seu barco, dependendo tal, das velocidades que atinge. Barco lento ou barco rápido, requerem tintas de características diferentes.

Quanto à cor da tinta anti vegetativa, portanto a que se fica a ver, escolho a que mais se adequa, esteticamente, às cores do barco. No meu caso o Azul escuro. Pode ser que tenha algo a ver com o peixe... nunca me apercebi e é a 1.ª vez que oiço falar.

Quanto aos cuidados de preparação e aplicação, estão descritos nesta entrada e se quiser colocar alguma questão relacionada, disponha!

Abraço

Ernesto

Ernesto Lima disse...

Outra vez Sr. Carlos!

Faltou-me falar da questão da cor versus duração...

Sobre esta questão, poderão existir relações, pois as cores parecem reagir de modos diferentes, nomeadamente face ao Sol. Mas sinceramente, vejo toda a gente preocupada com a manutenção do barco, a fazer a mesma todos os anos, independentemente da cor. Se uns vêm melhor e outros pior, não sei.
Uma questão me parece importante: mais significativo que tudo isso são, sem dúvida, os cuidados de preparação para pintura e aplicação da tinta! Estes parecem-me, de entre todos, os que podem fazer a real diferença!
Ou seja, podemos escolher a melhor tinta do mundo, a cor mais adequada, rolos e pincéis xpto..., mas, se não limparmos bem a superfície do casco a pintar, se não mexermos bem a tinta, se não respeitarmos os tempos entre aplicações..., certamente teremos problemas no que respeita a duração. Mais uma vez, estes cuidados estão referidos neste artigo e os que não estão, têm indicação para falar com os representantes da marca.

Abraço

fgdfgv disse...

Obrigada pelas respostas

Mas necessito mais de alguns promenores.

Eu comprei o barco 2ª mão quicksilver 620 pilothouse e tem 10anos o antigo proprietário que tinha o barco numa marina o ano todo e que tirava o barco uma vez por ano para o pintar que penso que deveria ser o anti-vegetativo.

A minha pergunta o selante e mesmo que a tinta anti osmose?

Só se deve aplicar anti-osmose ou selante quando se retira o anti vegestativo? até ficar o gel coat a vista? tenho obrigatoriamente de linhar todo o antigo anti vegestativo?

O meu barco tem o anti vegetativo vermelho como não sei a marca da tinta o que me aconselha? o anti vegestativo tem 1 ano.

Por ultimo penso eu, quais são as marcas/produto para poder fazer uns retoques no gel coat é que tenho alguns riscos fundos e a colocar no reboque tambem tirei um bocado na quilha.

Sei que são muitas duvidas e perguntas mas se poder ajudar agradecia

Abraço

Carlos

Ernesto Lima disse...

Boa noite Carlos!

Vamos lá então tentar esclarecer!

ANTI OSMOSE: É o primário que se dá numa pintura inicial ou após ser retirada toda a pintura até ao Gel Coat - tem a função de proteger o casco da osmose.

ANTI VEGETATIVO: Tinta que se dá sobre o anti osmose, cuja função é diminuir ao máximo a incrustação de organismos vivos.

Ambas as tintas acima, no seu conjunto, fazem parte de um processo normal de pintura inicial ou, pintura total, quando ao fim de alguns anos anos (a apartir dos 5), normalmente resolvemos fazê-la na totalidade.

Anualmente, lava-se o casco e aplica-se só o anti vegetativo.

SELANTE: Tinta que se aplica sobre um anti vegetativo para receber anti vegetativo de marca diferente.

No seu caso esta última pode ser uma opção, atendendo a que não sabe qual a marca da tinta que lá está.
Neste caso, deverá lavar o casco à pressão, deixando o anti osmose e algum do anti vegetativo que lá está, aplicar o selante e em cima o anti vegetativo que escolher.
Para tal deverá informar-se com o fabricante do anti vegetativo novo que vai aplicar.

No entanto, atendendo a que o barco já tem 10 anos e se desconhece a sua história de pintura, aconselho vivamente a retirar toda a pintura e tornar a aplicar o anti osmose e o anti vegetativo, como se de uma pintura inicial se tratasse. Até para ver o estado do casco. É muito tempo dentro de água e nunca se sabe!?

Sobre o gel coat e aplicações, não sei bem que marcas sugerir, no entanto amanhã vou tentar falar com o homem da fibra em quem confio e tentar saber pormenores.

Abraço

Ernesto

fgdfgv disse...



explicação 6 estrelas

Fico aguardar sobre gel coat

Obrigada

Carlos

Ernesto Lima disse...

Viva Carlos!

Hoje não consegui estar com o homem. Vamos ver amanhã!?

Abraço

António Neves disse...

Boa tarde
Quero deixar o meu apreço e felicitações ao Ernesto Lima pela partilha das suas experiências e conhecimentos, que para mim vão ter muita utilidade. Vou dar início à remoção das camadas de anti-vegetativo antigo para aplicar a pintura anti-osmose. Se houver tempo, gostaria que pudesse confirmar se a tinta preta da primeira demão (que presumo que tem o objectivo de salientar as irregularidades) também é epóxi ou de um componente.
Cumprimentos;
António Neves

Ernesto Lima disse...

Boa noite António Neves!

Grato pelo comentário!

Sobre as suas questões, sinto necessidade de tecer alguns comentários.

Quando diz que vai retirar o anti vegetativo e aplicar anti osmose, devo reafirmar que, caso entenda dar anti osmose novo, deverá retirar toda a pintura (anti vegetativo e anti osmose) até ao gel e só depois iniciar o novo tratamento. Neste caso não sei se pode utilizar um selante e além disso convém retirar tudo para ver o estado do casco.
De qualquer modo deve consultar um fabricante de tintas para ter a certeza.

Quanto à aplicação de anti osmose, em cores diferentes, isto deve-se a poder cobrir bem tudo em cada demão e, em cada ano, aperceber-se ao lavar, qual a cor de anti osmose que aparece, podendo assim perceber se alguma zona do casco pode estar perto de ser desprotegida.

Quanto ao anti osmose ser de dois componentes ou não, depende da marca. Por exemplo, a Internacional, tem um anti osmose de aplicação directa; a Hempel, tem um de dois componentes que pessoalmente me pareceu mais consistente, embora não tenha tido qualquer problema com o tratamento inicial da International.

Espero ter apoiado!?

Para todos os efeitos, se me quiser contactar o meu número de telemóvel é: 96 357 91 32

Abraço

Pedro Reis disse...

Caro Ernesto, nunca serão demais as felicitações pelo excelente trabalho, como tal, quero, também, deixar aqui o meu registo pelos vastos esclarecimentos que nos proporciona.

Comprei um veleiro de 20 pés no início do ano, com lastro embutido no casco. O 1º registo data de 1994 e não faço ideia do seu histórico de pintura do casco. Antes de o colocar na água dei-lhe o anti-fouling.

Agora está em doca seca e sabendo que de agora em diante, ele vai permanecer 7/8 meses na água e os restantes 5/4 meses em doca seca. Sabendo que ele não apresenta qualquer sinal de osmose, valerá a pena refazer todo o esquema de pintura, incluindo o anti-osmose?

É certo que lhe vou dar todos os anos o anti-fouling....não será suficiente?

Gostava que me desse a sua opinião.

Obrigado,
Pedro Reis

Ernesto Lima disse...

Boa tarde Pedro Reis.

Grato pelo comentário.

Sobre a questão que coloca, e pese embora eu saber que é muito chato e não barato, considerando ainda que vai querer gozar-se desse seu barco por muitos e bons anos, tenho de o aconselhar vivamente a retirar toda a tinta e aplicar o tratamento todo de novo, portanto o antiosmose e o antifouling. E porquê?

O barco tem quase 20 anos. Ora, não conseguindo saber o historial anterior e embora não mostre sinais de osmose, nunca se sabe se de um momento para o outro "ela" não aparecerá, atendendo aos anos que a tinta aplicada já poderá ter.
Para além disso, pode até haver um ou outro ponto escondido debaixo da tinta e até zonas onde o gel coat esteja fraco, o que só se verá com a limpeza total do casco, retirando toda a tinta.
Portanto, pessoalmente e se tivesse intenções de ficar com o barco durante alguns anos, era o que eu faria.

Se entretanto quiser facilitar e só dar o antifouling, verifique pelo menos, minuciosamente, se em algum lugar do casco, aparecem algumas pequenas bolhas, mesmo ténues. Se tal acontecer, pressione-as e com uma faca afiada perfure-as, se sair líquido, alguma coisa haverá.

Os fabricantes e o pessoal mais batido nestas coisas de pinturas de cascos, aconselham a mudar tudo, pelo menos de 10 em 10 anos.

Acho que é o melhor que lhe posso aconselhar.
Pode ainda tentar saber o historial do barco, quanto a pintura. Nada nos diz que não tenho sido repintado totalmente não há muito tempo.

Espero ter apoiado e caso necessário disponha.

Abraço

João Alves disse...

Boas Sr. Ernesto

Que primário é esse que utiliza no fundo da embarcação?

Cumprimentos

João Alves

Ernesto Lima disse...

Boa tarde João Alves

O primário (antiosmose) que dei é da Hempel, e é de dois componentes (tem de se misturar antes da aplicação).

Tem outros, como por exemplo o da International, que são de aplicação directa.

Para todos os efeitos, quando limpa o casco do barco e aplica a 1.ª mão de primário (antiosmose), independentemente de ser de um ou dois componentes, deverá diluí-lo (diluente próprio) para que entranhe melhor. As de mãos seguintes já podem ser dadas sem diluição.

Nunca deverá dar menos de 3 de mãos de primário (anti osmose)

É importante que use primários, anti vegetativos e diluentes da mesma marca.

Cumprimentos

Ernesto Lima