O Pai Natal, com aquele olhar matreiro, observa descaradamente o motivo desta mensagem - a prenda que vos preparei - pensando talvez onde a acomodará no seu trenó puxado por Renas.
Eu capto-lhe a imagem sem que se aperceba e entrego-lhe o embrulho decorado a seu gosto! É surpresa... Digo-lhe! Sabendo de antemão que lhe despertei a curiosidade!
É tramado o velhote! Gosta de saber o que entrega... Ainda mais quando o número de casas a visitar é significativo.
Deve pensar com os seus botões: A mesma prenda para tanta gente... O que será? Porque é que o fulano me entrega isto fechado? Homessa!!! Eu sou o Pai Natal! Para quê tanto segredo se no fim tudo se sabe!?
Viro costas e volto atrás, espreitando-o sem que se aperceba. Vejo-o colocar a prenda junto de outras e sentar-se sem a perder de vista. Sinto a sua hesitação, fruto de curiosidade e alguma ética. Não resiste! A curiosidade é mais forte, agarra no embrulho, volta à sua cadeira e senta-o nos joelhos onde cuidadosamente o abre, evitando estragar o laço e o papel, justificando, de algum modo, a indiscrição cometida. Levanta a tampa com cuidado, parecendo receoso de que algo de lá salte e o repreenda, mas não!
No fundo da caixa está um envelope aberto, permitindo-lhe retirar algumas páginas com fotos e escrita, cuja visualização o faz largar o embrulho, poisar as folhas e dirigir-se à cozinha, de onde, após algum tempo, surge com um Ponche quente que poisa na mesa após primeiro gole, recostando-se em seguida na cadeira e iniciando a leitura, completamente absorto de tudo o que o rodeia. Não me contenho e fico por ali, relembrando as imagens, as palavras escritas e curioso sobre as reacções do Pai Natal.
A mensagem escrita, dirige-se a todos vós e consta de informação, supostamente importante sobre as últimas jornadas de pesca lá por Sines, transformada em virtual prenda Natalícia.
Não tenho presente a totalidade das palavras que escrevi, mas lembro-me dos conceitos e, as fotos andam por aí. Vou deixar o Pai Natal entretido e, já que o segredo está comprometido, ofereço-vos de imediato a prenda.
A rapidinha descrita na última entrada foi o prólogo destes últimos dias no "paraíso"... 11, 12, 13 e 14 de Dezembro, com mar a preceito, belas capturas, relógio esquecido, peixe grelhado e conversa de pesca a perder de vista.
As Douradas não se fizeram rogadas e os Pargos deram um ar da sua graça, fazendo as minhas delícias e as dos amigos que me acompanharam.
Não vou fazer um relato exaustivo de todas as jornadas, mas sim mostrar-vos alguns exemplares e deixar-vos alguma informação sobre os comportamentos observados, de peixes e pesqueiros, assim como, relembrar iscas e materiais em uso.
O material que apresento, salvaguardando outros de igual ou superior qualidade, é o que me tem ultimamente servido bem, considerando a relação preço/qualidade/serviço prestado.
O Gorila da Tubertini, nem muito macio, nem muito rijo, com cobertura de fluorcarbono tem-se revelado ideal para ponteiras de amortecimento e madres das baixadas, no diâmetro 0,40.
Nos estralhos, têm dado boa conta de si, tanto o fluorcarbono da Golden Fish, como o Revolution, da nacional Cormoura, respectivamente em 0,40/0,45 e 0,42. Ambos apresentam-se rijos, pouco tendentes a alterações durante jornadas inteiras de pesca e resistentes à abrasão e ao nó.
Os destorcedores para os estralhos continuam a ser os de barril acoplados, tipo crane, assim como os de alfinete para a chumbada; sendo estas, as que se vêem na foto, preferindo as cobertas a vermelho e branco, ou as sem cobertura, quando não consigo encontrar as primeiras.
No caso dos anzóis, continuo fiel aos Hayabusa Pró Value, nos tamanhos 18 e 20, respectivamente 4 e 6/0; ou a outros, com características idênticas, como por exemplo os Sasame.
Hastes nem curtas, nem longas; bicos reversed (torcidos face à haste), leves e resistentes, tanto a partir ou torcer, como à manutenção da capacidade de perfuração ao longo de cada jornada. A estes, junto por vezes anzóis de argola, com as mesmas características dos anteriores, em que a referida argola esteja alinhada com a haste.
As baixadas, têm 130 a 150 cm de comprimento, com estralhos de 80/100 em baixo e 60/80 em cima, sendo que a partir da inserção do estralho de baixo sai um fiel, para segurar a chumbada, com 25/30 cm.
O conjunto cana/carreto, são: a 7even, 3,60 mts, de 3 partes, com acção parabólica progressiva; e, o Cabo 60 da Quantum; estando este, actualmente montado, com multifilamento 0,25 da Rapala Titanium.
As iscas, pouco variadas nesta época do ano, atendendo aos exemplares que procuro - Douradas e Pargos - são as incontornáveis Sardinha e Caranguejo.
A Sardinha, iscada à posta, com os anzóis envolvendo a espinha central; o Caranguejo, iscado em duas metades para cada anzol, umas vezes com, outras, sem patas; devendo estas, após iscadas, ficar de maneira a fazerem o mínimo de pressão contra a água, tanto a subir, quanto a descer.
As baixadas, têm 130 a 150 cm de comprimento, com estralhos de 80/100 em baixo e 60/80 em cima, sendo que a partir da inserção do estralho de baixo sai um fiel, para segurar a chumbada, com 25/30 cm.
O conjunto cana/carreto, são: a 7even, 3,60 mts, de 3 partes, com acção parabólica progressiva; e, o Cabo 60 da Quantum; estando este, actualmente montado, com multifilamento 0,25 da Rapala Titanium.
As iscas, pouco variadas nesta época do ano, atendendo aos exemplares que procuro - Douradas e Pargos - são as incontornáveis Sardinha e Caranguejo.
A Sardinha, iscada à posta, com os anzóis envolvendo a espinha central; o Caranguejo, iscado em duas metades para cada anzol, umas vezes com, outras, sem patas; devendo estas, após iscadas, ficar de maneira a fazerem o mínimo de pressão contra a água, tanto a subir, quanto a descer.
As iscadas referidas, poderão e deverão variar, entre si e na forma de iscar, quando os roubos de isca são rápidos e frequentes, devendo a imaginação e criatividade de cada pescador ser uma constante e ter o céu como limite, durante toda a acção de pesca.
Armas prontas e seguimos para o mar... Eu, o Nuno Mira, o João Maria, o Vira e o seu filho, o Miguel Ângelo, em dias diversos; conseguindo sempre capturas de qualidade e em quantidade suficiente, das quais vos deixo a miscelânea de imagens que se segue.
Sobre os pesqueiros, pode dizer-se que estiveram activos ao longo de todos os dias e centraram-se na mesma zona de pesca, embora em pontos variados.
Quanto às iscas mais produtivas, ao contrário da época passada, em que a partir desta altura, o Caranguejo foi Rei; sem dúvida que, desta feita, a Sardinha tem dado cartas de forma significativa, verificando-se também que paragens na acção de pesca originaram quebras significativas de frequência nas capturas que se efectuaram, obrigando por isso a trabalho continuado e bastante exigente em termos físicos, considerando a velocidade com que se fica sem isca e a profundidade média (64 metros) a que se tem pescado. Trabalho esse, correspondente a gastos energéticos importantes, repostos com as calorias que abaixo se identificam, transformando Dourada fresca, em escalada à moda do nosso Zé Beicinho. Uma delícia!
Aqui têm então o motivo de curiosidade do nosso Pai Natal, certamente, por esta hora, já satisfeita!
Agora por isso... Vou espreitá-lo!
Olha o malandro... Deve ser pescador!? Vejam só que está com as páginas da Vossa mensagem abertas em cima da mesa, anzóis, destorcedores, fios... Também por ali espalhados, com uma cana e carreto a ele encostados e dormindo o sono dos justos. O que faço?
Acho que vou deixá-lo estar!? O homem está com um ar tão satisfeito, certamente fruto de sonhos com peixes enormes!? Se for por isso, pescador que é pescador não corre o risco de interromper tais momentos.
Para todos os efeitos a prenda está entregue e com ela os meus sinceros votos de: Feliz Natal e Próspero Ano Novo a todos vós que por aqui vierem!
Boa Noite!
10 comentários:
Olá Ernest(o)
- Obrigado por mais uma mágnifica crónica.
Bem escrita, com criatividade necessária à quadra em que estamos.
Feliz Natal
TóZé (Évora)
Sr Ernesto, um belíssimo resumo destes dias....
é só para lhe desejar um óptimo natal com muitas felicidades para si e para os seus.
e que no novo ano seja ainda mais fértil em capturas e que continue com a sua maneira de ser que nos acompanha todas as semanas .
Feliz Natal
Flávio Batista
Viva,
Espectáculo, as "prendas" do Pai Natal comprovam que o amigo se tem portado bem :-)
Feliz Natal!
Abraço,
as Prendas do Natal já cá cantam , umas já foram digeridas , outras estão em espera para o Sal e para uma sopa de peixe com pão tomate e muito calduço .
Um Obrigado ao Mestre Lima e aos seus ensinamentos , que tem surgido grande efeito no minha qualidade de sacador de peixe, mais a minha nova cana da seven que faz com que eu saque alguns exemplares como os das fotos , os meus amigos e familiares nem conseguiam acreditar nos peixes que Eu apresentei em Évora , O meu Pai perguntou-me se tinha ido comprar os peixes o mercado de Setubal , na terra do "Carapau" e do meu amigo Ernesto .
Um grande abraço e Boas Festas a todos vós .
Nuno Mira
Viva Pessoal!
Grato pelos comentários!
Tenho pena que o Pai Natal não esteja em condições de vos levar a prenda à porta... Penso que não bebeu só aquele primeiro copo de Ponche Quente!? Ahahahaha
De qualquer modo a mensagem/prenda está entregue!
Abraço e Boas Festas para todos vós!
Obrigado pelo sempre presente, pela dedicação a este "oásis" aonde tenho lido, semanalmente, as tuas crónicas e bebido com prazer muitos dos teus ensinamentos.
Bom Natal e um GRANDIOSO ano de pesca.
Paulo Benjamim
Ernesto,
Um santo Natal para ti e família, estendido a todos os leitores do teu blogg, e que 2011 te traga muita saúde e ainda mais vontade de pescar e de partilhar aqui connosco.
Um abraço
João Carlos Silva
Viva Ernesto
Não foi só o Pai Natal que teve curiosidade em ver a prenda... este velhote também!
O meu amigo reformado está em grande, boa escrita, variando de estilo em cada entrada, ultimamente lê-se a alegria que lhe vai na alma depois de uma fase do ano algo confusa
Obrigado pela prenda (só a parte que me cabe!), papel e fitinha com laçarote incluídos
Sobre assuntos sérios, no balanço de 2010 não esqueça o barco maravilhoso que é o Makaira! Que grande ambiente de pesca!
E quanto a resultados, sofreu um bocado desta vez à procura delas mas valeu a pena.. As suas capturas de vermelhos e douradas fazem inveja (no sentido apropriado do termo, já se vê) a qualquer um. Pena o Grande Chefe não ter subido mas não há-de escapar sempre. Fica para 2011, são os meus votos porque o Ernesto bem o merece
Grande abraço e obrigado por tudo o que me aturou e ensinou de pesca este ano
João Martins
.
Viva João Martins!
Grato pelo comentário!
Quanto aos ensinamentos e tal... Lá a bordo, as aprendizagens são mútuas e só as consegue quem tem vontade de o fazer e você teve. Pessoalmente, aprendo sempre alguma coisa com qualquer dos companheiros que comigo pescam e já alguns comportamentos alterei devido a capturas e comportamentos de outros.
Isso porque estou sempre a tentar perceber...
Quanto aos formatos e alegria de escrita... Vamos para velhos e temos que nos decorar para atrasar o processo! Ahahahahaha
Abraço
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