terça-feira, 12 de julho de 2011

Entre trabalho, pesca e vento...


O jantar já era, o digestivo estava algures ali ao lado e a cabeça, momentaneamente livre de trabalheiras que ladeavam momentos de pesca, alinhava nova entrada neste espaço, considerando as últimas saídas e as ventanias que sobre elas pairaram, tornando-as difíceis de controlar.
Verdade seja dita... as jornadas que vou relatar só aconteceram por pressão dos amigos e também pela necessidade lactente de ir para Sines e para o mar. Já no que respeitou às condições apontadas pelo Windguru, embarcou-se mais numa lotaria que propriamente naquela pesca pensada que gosto de fazer.
Verdade também que não podemos pormenorizar demasiado, sob pena de podermos perder bons momentos e experiências que se poderão afirmar como importantes.

Tudo começou no dia 29 de Junho, feriado municipal de Évora e, portanto, ideal para o Tózé e o João Maria, Eborenses de gema que me provocaram à séria para aproveitar um dia com vento marcado, acabando este por se revelar produtivo, muito pela resistência destes companheiros ao roubo incessante de iscas e às entradas esporádicas de peixes que, sendo de qualidade, teimavam em cair espaçados, acabando por recompensar a persistência e o que considero ser "o saber estar na pesca"!

O dia foi duro, com o vento a dar-nos tréguas até ali à uma hora da tarde, mas sempre ameaçando a sua entrada mais forte, obrigando-nos a escolher bem, trabalhar ao máximo os sinais do pesqueiro e arriscar ao mínimo mudanças que eventualmente só consumiriam tempo útil de pesca. Mas acho que valeu a pena!?

Os Sargos legítimos começaram a dar um ar da sua graça, intervalando prolongadamente com uns Carapaus e até com o "primo" que o João Maria alegremente aqui mostra:


Já entraram maiores, mas dava para sentir que a coisa melhorava com a entrada de mais um Parguito ou outro, sempre à mesma velocidade, construindo uma pesca calma em entradas, dura em trabalho mas até bonita.

O vento começava a indicar que a hora de navegar para terra já se aproximava, quando a cana do Tózé se vergou até ao cabo, parecendo até que estava agarrada à "tampa do fundo"!? Só que a dita "tampa" não cabeceia e se não, estava lá coisa para dar "bela luta", como costuma dizer outro Eborense conhecido.
A cana gemia, o carreto dava linha, o Tózé estava concentrado e, pareceu-me até, com alguma desconfiança sobre o desenlace final, mas a verdade é que tudo correu bem e o nosso amigo acabou por conseguir o primeiro Pargo sério da sua história de pesca e de cujo feito aqui fica o registo.


Quatro quilos e tal de vermelho e prata, qual cereja merecida, no topo do bolo que abaixo se apresenta, representado pela totalidade da pesca conseguida até às três da tarde, hora em que o vento não abdicou mais do seu mau feitio e nos recambiou para o porto.


Os meus amigos andaram para Évora e eu por lá fiquei gozando momentos, comendo, bebendo e pensando na pesca que iria fazer a solo no dia seguinte, com hora marcada para voltar a Setúbal onde os trabalhos para a organização da Taça de Portugal de Kayak de Mar me aguardavam, obrigando a relegar a pesca para segundo plano.
Verdade que, na Quinta Feira, dia 30, ainda fui... ainda capturei três ou quatro Sargos legítimos, uma Dourada pequena e dois Parguitos de quilo, mas nada que merecesse foto, para além de que, devido a telefonemas contínuos de trabalho, a coisa soube-me a pouco e cedo tratei de me vir embora.
Uma nota importa ficar escrita... o comportamento do pesqueiro foi muito idêntico ao do dia anterior, embora em local diferente, na mesma zona. Tudo indicando que o peixe de qualidade anda por ali, basta ser-se suficientemente persistente e atento para conseguir surpresas de destaque.

O trabalho veio com o fim de semana, tudo correu bem e as perspectivas para os passados dias 8, 9 e 10 de Julho eram, como direi... ventosas!

Mais uma vez, os desafios do Carlos Jorge, do Brás e do Zé Beicinho me levaram a Sines, entre ventos que não me agradavam. Certo é que, na Sexta, dia 8; eram 13.00 horas e já rumávamos a terra com muito pouco peixe e sem qualquer exemplar de nota. No dia seguinte, salvámos a pesca com uns Sargos legítimos e dois ou três Parguitos; finalmente, no Domingo, com o Zé Beicinho, o Zeca e o João Martins; não fora uns Parguitos pequenos e um ou dois Sargos, a miséria seria a mesma.

Concluindo... já estava a precisar de levar nas fuças!

Desculpas com vento e mais não sei o quê... nem me atrevo! Isto porque penso que se não se capturou foi porque não consegui dar com o peixe ou não soube trabalhar os pesqueiros testados, levando-me a pensar que para a pesca, ou se vai convicto do que se pretende e confiante nos pesqueiros ou então a percentagem de hipóteses de insucesso tende a aumentar significativamente.

Tudo indica que assim aconteceu nestes últimos três dias!?

As actividades finais estão a terminar, as férias com a família vêm por aí e a pesca vai voltar em força!

Logo conto!

Boa tarde a todos os leitores!

12 comentários:

carlos Jorge disse...

Amigo Ernesto, não se pescou nada de geito, no que diz respeito a peixe. Convém não esquecer que a pesca para além de apanhar algum peixe, é também a amizade, a companhia e um bom repasto. Para a próxima será melhor, um abraço

Anónimo disse...

Mesmo sem pescas espectaculares, valeu a pena, de certeza. Pelo ar puro, o jantar e afins. Não achas que este período de vento forte está comprido demais, mesmo atendendo à altura do ano?
João

Os Pescas disse...

Amigo Ernesto, e sempre com prazer que venho ao teu blog ler os teus artigos. Gosto da sinceridade. O colega acima disse tudo, a pesca não é só apanhar peixe. Um abraço.
Filipe.

Bruno Mendes disse...

Ernesto mais um relato mais alguns peixes vistosos e convivio, e so por isso ja foi bom sentir o ventinho na cara.
Os peixes esses andam por lá, agora requer é alguma calma e vamos lá .
continuaçao de boas saidaas ebons relatos :)
Abraços

António Vinha disse...

Olá Ernesto

Com vento... sem vento!! belo dia de pesca (29-06-2011). Não pelo pelo pargo, mas pela maneira de estar.Deu-me grande prazer a companhia e aquilo que sempre se aprende contigo em cada jornada.

- A ponteira tocou no cabo!!?... olha, a mim pareceu que tocou no umbigo.... lol.

Abraço
ToZe.

Anónimo disse...

"levando-me a pensar que para a pesca, ou se vai convicto do que se pretende e confiante nos pesqueiros ou então a percentagem de hipóteses de insucesso tende a aumentar significativamente" - subscrevo na integra! mesmo assim não se podem queixar, e o mais importante é mesmo estar lá!

Ernesto Lima disse...

Viva Pessoal!

Grato pelos comentários!

A pesca com peixe ou sem, não tem dúvida... é sempre tempo de qualidade!

Na Sexta, de facto, não houve peixe, mas aquele entrecosto do Carlos, mais o Alcube tinto foram de facto momentos altos, na calma do Porto, para não falar do gozo que mesmo sem peixe, toda a gente mostrava.

De algum modo, fui um pouco agreste comigo mesmo, pois acho, agora que a coisa passou, que deveria ter optado por outras escolhas. E quando assim é atiro-me a mim próprio como forma de melhorar continuamente no que à acção de pesca diz respeito. Não liguem!

Calma é coisa que não me falta e venha mais pesca.

Agora o tempo que por lá passei nestes dias, mesmo aquele em que me repreendi foi excelente.

Quanto ao vento... é normal nesta época do ano. O anormal é quando não há.

Relativamente à sinceridade dos relatos, parece-me tão importante analisar e cantar as vitórias como moer muito bem o que se passou nas derrotas.

Abraço

Ernesto Lima disse...

Ao Sr. Anônimo:

Grato pelo comentário!

Estamos na mesma onda e pode querer que não existem queixas, apenas constatação de acontecimentos.

Abraço!

João Martins disse...

Viva Ernesto
De facto, este conjunto de saídas não foi famoso quanto a resultados.
Penso que poderá terá havido alguma preocupação excessiva com o vento e outros factores na preparação das mesmas, o que não é habitual em si
No dia em que saí, fico com a sensação de a equipa ter-se desviado para uma táctica menos feliz, sobretudo quanto à utilização de iscos
A boa dica que me deu já foi tardia, interpretei mal a saída do parguito com lula no início das hostilidades
Paguei esse erro, quando se faz a sua pesca há que ter uma actuação muito concentrada e uma leitura correcta dos acontecimentos
O que não foi o meu caso...
Os resultados menos bons desse dia só confirmam a validade da estratégia que defende

Abraço
João Martins
.

Ernesto Lima disse...

Viva João!

De facto a preocupação com o vento existiu, muito porque haveria que optar por pesqueiros eventualmente mais seguros, mas que, caso o vento entrasse forte, não conseguissemos trabalhá-los, obrigando-nos a saltitar; ou, por outros, supostamente menos produtivos, mas onde o vento influísse mais tarde, permitindo trabalhá-los. São opcções... Umas vezes funcionam, outras nem tanto.

Quanto às estratégias de iscagem no Sábado, de facto houve quem estivesse mais preocupado em colocar iscas onde se sentia o peixe miúdo actuar, mas que dificilmente fazem pesqueiro, versus a utilização da Sardinha que, dum momento para o outro dá os seus frutos por ela própria ou ajudando as outras iscas.
Certo é que, o único peixe de jeito que se sentiu, aconteceu na Sardinha. Pena ter-se desferrado, acho que tudo se alteraria.

O mais engraçado é que a partir daí toda a gente carregou na Sardinha, mas a hora em que o vento nos mandou para terra já tinha chegado!

É assim a pesca... são assim os pescadores!
Quanto aos resultados, dependerão sempre das condições em que se opta, da qualidade das opções e do comportamento dos pescadores em acção de pesca, entre outras variáveis talvez não tão importantes.

Abraço

Ernesto

EDSON FONSECA disse...

OLA...AMIGO..PARABENS PELO BLOG... UMA LINGUAGEM SIMPLES E OBJETIVA...GOSTEI MUITO...OBRIGADO POR SEGUIR O MEU...AGORA VOCE JA TEM UM SEGUIDOR FIEL..VOU DIVULGA-LO AQUI NA RADIO ALIANÇA FM PARA NOSSOS OUVINTES.. AH..NAO DEIXE DE ENTRAR NO BLOG EDSON FONSECA....RSRSRS ABRAÇOS

Ernesto Lima disse...

Olá Edson!

Grato pelo comentário!

Já visitei o seu blog, gostei e já postei comentário!

Também já deixei o seu link aqui no meu.

Abraço