quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Workshop de Pesca Embarcada... algumas razões e... mais resultados!


A actividade em título, como tudo na vida, não acontece por mero acaso e parece-me importante que os interessados, quer nestas linhas que vou escrevendo, quer no Workshop em si, tenham alguma noção mais explicita sobre o que poderão encontrar se participarem e como aqui se chegou.

Quando iniciei esta página, em 23 de Janeiro de 2007, se alguém me viesse falar em workshops, acções, debates..., ao vivo e a cores; possivelmente ficaria com dor de barriga de tanto rir, embora na altura tenha deixado tudo em aberto.

No entanto, fui pescando, sinto que fui evoluindo, e, fui partilhando, com base em tudo isso, tornando-se esta tarefa cada vez mais exigente, morosa e responsável, atendendo a que: parar nunca foi opção e somente repetir relatos de pescarias também não!
Senti sempre necessidade de continuar a dar, tentando melhorar escrita e conteúdos, na medida em que os resultados para tal me empurravam, pela qualidade e regularidade dos mesmos.
Neste momento sinto que, excepto relatos em cuja escrita sempre tento deixar uma ou outra dica, qualquer artigo mais técnico terá sempre de ser mais extenso, melhor apresentado em imagens e consequentemente mais moroso, sendo estas as principais razões que levam à irregularidade nos intervalos de publicação. Por tudo isto, o contacto real com os leitores afirma-se como uma necessidade, no sentido de melhor expor o que defendo ser: um dos conjuntos de conhecimentos mais importante que baseia a minha pesca e certamente a de muitos outros.
Portanto meus amigos, temos de nos juntar, eu tenho de vos apresentar o que faço e penso!
Aqueles de vós que assim o entenderem, poderão ouvir, contrapor, perguntar, trocar ideias comigo..., ali, frente a frente, olho no olho (nada de confusões com isto do olho no olho...)!
Tomem nota... vocês são de facto os verdadeiros culpados de eu me ter metido nesta trabalheira... com todo o gosto!
Portanto, quem achar que esta acção lhe pode servir e possa participar, só tem de se inscrever e aparecer. Será com prazer que vos receberei.

Os aspectos descritivos do Workshop - data, local, programa, inscrições, descrições..., etc. - revelam-se clicando na foto pequena, colocada no topo da coluna à direita do corpo do blogue!


Por tal, não se evidencia necessário descrevê-los aqui. Importa sim referir que do conjunto de diapositivos da apresentação, constam: conceitos, razões que os construíram, fotos de cartas e de sonda e GPS, descritivas e em acção; tendo as últimas sido criteriosamente seleccionadas de entre muitas outras imagens conseguidas ao longo de anos, em quase outras tantas pescarias e significando: o termo de comparação mais fiável que se conseguiu, entre fundos e imagens de sucesso e insucesso.

Um agradecimento aos meus companheiros da administração do Porto de Abrigo (www.portodeabrigo.com) que, em conjunto, estão na organização da actividade e aos membros, assim como aos comentadores aqui do blogue que, com o seu apoio, mantêm viva a minha vontade de continuar a fazer mais e melhor.

Mas esperem lá... isto ainda não acabou!

É que, a par com os trabalhos que estas coisas envolvem e entre a data da última entrada e  esta, ainda fui fazer uma pesquitas, com amigos e a solo. Não vou estar para aqui a desenrolar datas, mas vamos lá relatar alguma coisa.

O tempo não esteve famoso, entre aguagens, vagaria forte, alguma chuva e algum vento. Houveram até dois dias que foram uma completa desgraça em capturas, se bem que, os fundos também não se apresentavam com bom aspecto na sonda, indicando estar o peixe em movimento e, consequentemente, a necessidade de uma vez mais demandar outras zonas de pesca. Demandaram-se, e, alguma coisa se foi capturando já com outros sinais, muitos deles, aqueles que se apresentarão no Workshop.

Vamos então a resultados!

Logo no início do período ainda não relatado, primeiro com o Teles, o Morais e o Fernandinho; num dia espectacular, sem muito peixe, mas com alguns bons exemplares, como esta Dourada do Teles:


O homem estava em alta e vá de "Parguito"


Depois vieram o Tózé, o Nuno Mira e o João Maria, daquela espectacular cidade do Templo de Diana, para a qual levaram um Parguito de facto, e, umas quantas Douradas iguais à amostra:


Fez-se uma interrupção e, enquanto esperava que o  meu amigo Zé Beicinho viesse de férias e fosse pescar comigo, lá fui com o João Martins, àquelas horas tardias e magnificas, para nos entretermos com mais uns peixes de tamanho aceitável.


O Zé Beicinho veio de férias e pesca com eles!

Umas Douradas, duas Bicas e o maior, que acabou por sair ao gajo da soca, agora em sapato de Inverno por via dos buracos pouco agradáveis da Crock para esta altura do ano. Cá está ele... o Robalo:


A miséria estava para chegar, em dois dias consecutivos de más apostas, fundos e sinais adversos, para não falar de vagas maiores que o normal, ventos fracos e em rotação contínua, assim como aguagens que mudavam de rumo e intensidade... tudo a jogar contra! Desculpas de mau pagador, é o que é!

Num desses dias, só três Safios pequenos subiram a bordo para logo voltarem ao seu ambiente natural. No dia seguinte, pasme-se... eu e o João Martins, capturámos isto que nem me atrevo a descrever, mas que de imediato me fez repensar tudo no sentido de procurar outros mares numa próxima ida, não como vingança, mas mais uma vez com o sentido de entender por onde andariam activos aqueles que procuro.

Cá está ela, a Sargueta palmeira, heroína da anterior prosa:


O tempo piorou, a pesca tornou-se impraticável e os olhos perscrutavam o Windguru, tentando perceber uma aberta que permitisse testar outras zonas, até que, no passado Domingo, percebeu-se que a Segunda Feira dava uma aberta e até talvez Quarta e Quinta fossem dias possíveis. Ala para Sines no Domingo à tarde e vá de preparar tudo para Segunda, dia 7! Quase nem dormi, parecia eu que ia pescar pela primeira vez.

Acordei "cedo" dum resto de sono melhor dormido e não me deixei vencer pela habitual vontade de preguiçar um pouco mais, de tal maneira que, eram 10.30 horas e já estava a pescar. Pode até dizer-se que madruguei; talvez porque aquele Sargueta do tamanho da luva não me saía da cabeça e pensamentos associados do tipo: então tu vais-te pôr a dinamizar um Workshop cheio de teorias e sais-te com uma "coisa" daquelas num dia inteiro de pesca... tem mas é vergonha na cara!
Mas lá fui... eu, o barco e o mar todo por nossa conta.

Zona diferente, outros pesqueiros, fundos bonitos, cheios de pontões por aqui e por ali. Procurei e encontrei um fim de beirada linda, a 72 metros de profundidade, na base de um pontão que ia subindo levemente para os, imagine-se, 58 metros e com sinais de peixe agarrado ao fundo.
Se isto falha, acabo já com o Workshop, pensei para comigo. Mas não falhou!!!

Parei o barco, apaguei os traços de rumo desenhados pelo GPS e preparei tudo, aguardando que o novo rumo traçado, pela aguagem e o vento, me desse a deriva, após o que... fundeei!

Iscas para baixo e iscas para cima, roubo daqui e roubo dali; primeiro subtil e parcial, depois subtil e total, em seguida toques mais fortes, sobe um Carapau, depois duas Sarguetas, até que, uns 3/4 de hora depois, toque conhecido, luta mais dura e sai Dourada, depois outra, depois um Pargo pequeno, outra Dourada, um Pargo maior e, pensado já que o peso legal poderia obrigar-me, neste dia, a ir cedo para terra, lanço a baixada, tenho um espaço maior sem qualquer toque, sinto uma abordagem à isca suspeita e ferro alto!!!

As cabeçadas começam, a luta é séria e não engana sobre o conjunto dos tons de vermelho que comigo pelejam lá por baixo. De admirar tanta luta em tal profundidade, mas o certo é que o meu oponente vendia cara a derrota, acabando por subir e tornar-se estrela ao lado deste sapato gasto e velho mas que merece respeito pelos cinco anos de trabalho árduo com que já conta. Uma delícia!

Cá está ele... um Pargo legítimo curto, largo e gordo que só deu a perceber os seus 4,750 kgs, quando o elevei para o acomodar na também usada, velhota e funcional caixa de peixe


Considerando a anterior conversa, o certo é que tudo naquele barco está usado, velhote e funcional. Que nos salve este último adjectivo.

Eram 13.00 horas, sensivelmente, a acção que tinha vindo em crescendo continuou, agora parecendo diminuída, talvez pela agitação provocada por esta luta ou talvez não!?

Os ataques à isca, tinham fraquejado e eu, pensando em outras razões, tinha "baixado a guarda"... o que de facto acontecia é que o vento tinha variado de rumo e intensidade, assim como a aguagem, o que acabei por verificar, tanto pela leitura de Sonda que já me dava um fundo desinteressante aos 62 metros, assim como o cabo do ferro de fundear que boiava uns 20 metros por cima de água, sem que o barco fizesse feição ao fundeio. Uma chatice!
Tentei recolocá-lo várias vezes, mas o certo é que as horas passavam e o peixe, talvez por via da alteração do rumo da aguagem já lá não estava. O barco, por sua vez, continuava a ficar com o cabo por cima de água, sem se fixar no fundeio, não permitindo a fiabilidade deste. Foi então que levantei a tampa da caixa térmica e olhei para lá...


... decidi que era tarde para outros fundeios, o peixe já chegava, a tal Sargueta da luva já não me incomodava e o Workshop estava na estrada com pernas para andar, tinha era tropeçado uns dias antes.
Mais uma vez funcionaram os conceitos e as práticas, deixando-me feliz, embora sabendo que os próximos dias me arredariam da pesca por via do mau tempo. Há que aguardar e pescar doutras formas, como por exemplo esta em que convosco partilho venturas, desventuras, conceitos, técnicas, reflexões...; até que imagens como esta...


... tornem a permitir outros relatos, outras conversas.

Até lá uma boa noite a todos os leitores.

8 comentários:

António Vinha disse...

Olá Ernesto

- Tu melhor que ninguem sabe...sabe de pesca, sabe de navegação, sabe colocar o barco no pesqueiro depois de criteriosamente o ter escolhido..., por isso tambem sabes que nada disto é uma ciência absoluta. Como tu dizes "Os sinais são estes, mas não há verdades absolutas".

- A acção de pesca não é uma verdade absoluta, o que é absolutamente verdade, é o prazer que tenho em que partilhes o teu conhecimento neste blog com todos os seguidores e algumas jornadas de pesca onde já tive a satisfação de desfrutar contigo, e sempre, mas sempre a aprender.

Obrigado Ernesto

Toze

Ernesto Lima disse...

Viva Tózé!

Grato pelo comentário!

É verdade... não há qualquer verdade absoluta, temos é um conjunto de sinais e leituras que tendem a permitir dias mais positivos.

E de facto, esses pormenores parecem-me uma boa razão para me encontrar com aqueles que sentem a necessidade de os perceber melhor e com eles também aprender em ambiente supostamente mais frutuoso, ao vivo e a cores.

Nada disso impedirá que a fonte (blogue) possa deixar de ser o local de partilha que tem sido.

Abraço

Ernesto

Apneialusa disse...

Bons dias Ernesto,
Pois aquele dia de mar fantastico onde Garrett McNamara fez algumas ondas na Nazaré, deu para descobrir algumas coisas engraçadas de pesca.
Até mesmo nos sitios mais fundos o peixe andava à procura de abrigos ;) E num desses abrigos lá consegui encontrar dois amigos ja crescidos.

E bons petiscos!

Ernesto Lima disse...

Viva Apneialusa!

Como costumo dizer, só indo e labutando se conseguem exemplares desses.

Os meus sinceros parabéns!

Abraço

Nuno Paulino disse...

laJá há algum tempo que não deixava aqui no "nosso" blogue um comentário mas o principal tema desta tua entrada teve o dom de corrigir essa minha falha.
Apesar de não ser um pescador assíduo da pesca embarcada (a bem dizer últimamente não sou pescador assíduo de coisa nenhuma) não posso deixar de referenciar a oportunidade fantástica que os aficionados desta disciplina tem com a realização deste workshop. Colocares à disposição de todos o conhecimento adquirido ao longo de todos estes anos que fazes esta pesca é bemilucidativo da tua forma de estar perante a pesca e a vida.
Espero que todos os participantes percebam o privilégio que vai ser estar presente nesta acção.
Abraço

Nuno Paulino

Ernesto Lima disse...

Viva Nuno!

Grato pelo comentário.

O trabalho está quase completamente feito, e, como sabes, ultimam-se os pormenores de última hora.

O gosto e verdade que estou a usar são os mesmos ou ainda mais que o que tenho tido por aqui, não querendo defraudar quem apareça. Se o vou conseguir... só a avaliação final dos participantes e os resultados que obtenham com a posterior utilização dos métodos e conceitos apresentados, nas suas próprias pescas, o afirmará.

Para mim, é como a preparação de um dia de pesca, em que levo amigos e estou mais preocupado com as suas capturas que com as minhas...

Os materiais e iscas, estão preparados e encomendados; a zona de pesqueiros escolhida; procurar, sondar e fundear, é a acção de pesca...; agora o resto, depende essencialmente de mim e da colaboração dos outros pescadores "a bordo".

Abraço

Abraço

Ernesto

Maria Petersen disse...

Caro Ernesto,

Vim parar ao seu blog em deambulações pela internet. Deixo desde já os meus parabéns pela dedicação e paixão (que nem Hemingway) às pescarias.

Eu e o meu companheiro temos um grande fascínio pela pesca e, embora não tenhamos qualquer experiência, andamos à procura de um grupo de pescadores (pessoas com amor à pesca) que estejam disponíveis e interessados em levar-nos numa pescaria.

Sabe de alguém que tenha possibilidade de o fazer? E mediante que preços se organizam idas à pesca?

Bom, por agora é tudo.

Grata pela sua atenção,

Maria Petersen

Ernesto Lima disse...

Viva Maria Petersen!

Grato pelo comentário!

Hemingway, considerando a sua escrita e o que se sabe ou se pensa saber da sua vida, olhou-a e ao mundo de forma peculiar e de certo modo agradável, na perspectiva deste "gaiato" que quando o leu já antes observava pessoas, natureza e mundo, olhando os pequenos detalhes e lendo nas entrelinhas...

Mas vamos à questão!

Sobre o que me solicita e com o intuito de melhor lhe responder, necessito de mais informação...

- em que zona preferiria ir pescar?
- que tipo de pesca(s)embarcada gostariam de fazer ou já fizeram... ao peixe maior, aos diversos...?

Pelo menos estes dois pontos são importantes para ver o que lhe posso indicar, recomendar ou até falar com alguma MT de mestre amigo, para que os acompanhe tecnicamente, caso sintam necessidade de tal.

Fico a aguardar.

Cumprimentos

Nota: se não se quiser expor por aqui, pode enviar-me um comentário com o seu mail, eu não o público para salvaguardar a sua privacidade e contacto-a posteriormente por essa via.