O Pontão de Santa Maria do Sal, onde tudo acontecia e penso... deve continuar a acontecer!?
Não havia vivalma, habitante ou visitante desta zona da Ilha do Sal que não arriscasse uma visita a este local, mal-grado as hipóteses significativas de cair num dos muitos buracos que existiam nas madeiras que o formavam, desgastadas pelo mar, o vento, os pesos de pescadores, turistas, compradores de peixe, miúdos que fazem dali o seu parque infantil mergulhando ou pescando nas águas cristalinas e ajudando todos os que chegam na amanha do pescado... Atuns, Dourados, Serras (Woahoos ou Cavalas da Índia), Veleiros..., sei lá!? Tanta coisa deste tipo que por lá vi, quer nos dias em que fui pescar, quer naqueles em que o meu peso contribuiu unicamente para o desgaste das madeiras. Uma delícia!
Não sei ao certo se ainda é assim, mas se não for... é uma pena!
Pois é... já devem ter percebido que estou de sequeiro e vem aí história!? É verdade!
Esta é uma das que há muito quero contar, pelas experiências de pesca e pelo estado que mais gosto de atingir quando vou para, ou a qualquer local... fazer parte!
Por duas vezes lá estive; na primeira, com a família e amigos, apaixonei-me, usufrui e comecei a fazer parte; na segunda, fui só... posso no entanto afirmar perante vós que não me sentiria mais à vontade se estivesse na minha casa.
E, boa gente, posso ainda dizer-vos que deixei por lá uma boa parte de mim, assim como, trago sempre em algum cantinho a saudade daquela terra e daquelas gentes. Mas deixemo-nos de lamechices e vamos à história!
Corria o ano da graça de 1995, quando nos juntámos eu e os meus amigos, Eduardo e Adalberto, com as respectivas famílias e voámos para aquela terra que se verificou ter tanto de inóspito na sua paisagem, quando de viçoso nas suas gentes.
Não fomos para hotéis conhecidos ou da moda mas, através dum conhecimento dos meus sogros que são de Angola, para uma pensão, a Mar et L'Eau, mais conhecida pela nome da sua proprietária a D. Xia, mulher de luta, conhecedora da sua terra e habitantes e que nos recebeu de braços abertos, assim como os seus colaboradores, o António e o Kalu, não tardando a sermos uma família, participando em todos os acontecimentos que se foram desenrolando ao longo dos 15 dias que por lá estivemos.
Lembro-me como se fora hoje da nossa chegada, às 05.00 da manhã, com uma temperatura para calção e manga curta e com a Dona Xia ainda a pé, à nossa espera, oferecendo-nos de pronto um café do Fogo, questionando-nos sobre o que esperávamos das férias e dando-nos indicações sobre as instalações e hábitos da pensão que era também a sua casa.
Não me contive e, ainda de noite, fui tomar um banho na praia em frente, numa água cuja temperatura deveria rondar os 23/24º C.
Lembro-me também da nossa partida, em que lágrimas sentidas correram de todos os olhos, como não acreditando os respectivos cérebros que fosse possível tal separação. Como se criam tais laços em tão pouco tempo? Só mesmo entre gente que se sente a fazer parte.
Enfim... lembro-me de tudo... os jantares; a música e a dança sempre presentes; a praia, os passeios a satisfação de todos os que mergulharam e, deixei-a para o fim por razões óbvias..., a pesca!!!
Não gosto de me sentir turista e não era de forma alguma a minha vontade sair naqueles barcos de Big Game e tal... queria a coisa real, queria estar com aqueles que lá vão todos os dias, pescando artesanalmente para comer, e, com eles partilhar o mar e a pesca. Como o meu amigo Bruno no seu barco "PANDURU", assim baptizado em honra do jogador do mesmo nome que na altura defendia as cores do Sport Lisboa e Benfica, clube do qual era sócio e adepto incondicional.
Apresento-vos o meu amigo Bruno e o seu "PANDURU"...
Corria o ano da graça de 1995, quando nos juntámos eu e os meus amigos, Eduardo e Adalberto, com as respectivas famílias e voámos para aquela terra que se verificou ter tanto de inóspito na sua paisagem, quando de viçoso nas suas gentes.
Não fomos para hotéis conhecidos ou da moda mas, através dum conhecimento dos meus sogros que são de Angola, para uma pensão, a Mar et L'Eau, mais conhecida pela nome da sua proprietária a D. Xia, mulher de luta, conhecedora da sua terra e habitantes e que nos recebeu de braços abertos, assim como os seus colaboradores, o António e o Kalu, não tardando a sermos uma família, participando em todos os acontecimentos que se foram desenrolando ao longo dos 15 dias que por lá estivemos.
Lembro-me como se fora hoje da nossa chegada, às 05.00 da manhã, com uma temperatura para calção e manga curta e com a Dona Xia ainda a pé, à nossa espera, oferecendo-nos de pronto um café do Fogo, questionando-nos sobre o que esperávamos das férias e dando-nos indicações sobre as instalações e hábitos da pensão que era também a sua casa.
Não me contive e, ainda de noite, fui tomar um banho na praia em frente, numa água cuja temperatura deveria rondar os 23/24º C.
Lembro-me também da nossa partida, em que lágrimas sentidas correram de todos os olhos, como não acreditando os respectivos cérebros que fosse possível tal separação. Como se criam tais laços em tão pouco tempo? Só mesmo entre gente que se sente a fazer parte.
Enfim... lembro-me de tudo... os jantares; a música e a dança sempre presentes; a praia, os passeios a satisfação de todos os que mergulharam e, deixei-a para o fim por razões óbvias..., a pesca!!!
Não gosto de me sentir turista e não era de forma alguma a minha vontade sair naqueles barcos de Big Game e tal... queria a coisa real, queria estar com aqueles que lá vão todos os dias, pescando artesanalmente para comer, e, com eles partilhar o mar e a pesca. Como o meu amigo Bruno no seu barco "PANDURU", assim baptizado em honra do jogador do mesmo nome que na altura defendia as cores do Sport Lisboa e Benfica, clube do qual era sócio e adepto incondicional.
Apresento-vos o meu amigo Bruno e o seu "PANDURU"...
... um barco de 5,50 m, em madeira, onde nada de essencial faltava para a pesca de qualquer dos peixes - Atuns, Esmoregais, Dourados, Serras, Veleiros..., - nem o saber deste homem que do mar vivia e penso ainda viverá!?
Ali está... encostado ao Pontão da Ilha do Sal, após descarregar as capturas do dia que, fazendo as delícias de quem por lá andava, de imediato desapareciam numa forma de negociação também supostamente artesanal, discreta e que nunca percebi, nem com tal me preocupei.
Foram dias inesquecíveis, durante os quais aprendi como fazer, respeitando e aprendendo a pesca do Bruno, assim como aprofundando laços de amizade, com ele e amigos, cujos desenvolvimentos se verificaram na minha segunda visita a esta terra.
Durante esta primeira vez, o melhor exemplar que me calhou foi este Dourado que, cozinhado pelo Kalu na pensão da D. Xia, alimentou todo o pessoal da casa.
O horário a percorrer nos dias em que havia pesca era, no meu sentir, algo de fabuloso e perfeitamente enquadrado no quotidiano familiar e do grupo, sem afectar ou limitar outras vontades! Ora vejam:
Por volta das oito da tarde jantava-se, sempre com música a acompanhar; seguia-se para a dança até perto das quatro da madrugada, por aqui e por ali. A esta hora a maioria dos corpos precisava descansar, rumando para a deita, enquanto eu e por vezes o Eduardo, vestíamos a roupa da pesca e calcorreávamos o caminho para o Pontão da Ilha do Sal, onde nos encontrávamos com o Bruno e seguíamos para o mar, raramente calmo, buscando os peixes e voltando pelas onze da manhã, hora limite para que o valor do peixe não baixasse devido à exposição ao calor. Nesta altura, ajudávamos o Bruno a descarregar as capturas, íamos beber umas cervejas os três e encontrar a família na praia, onde pairávamos por um bom bocado até às duas da tarde, hora de comer alguma coisa e fazer uma sesta, fugindo do calor e recuperando forças para iniciar o horário das 24 horas seguintes. Digam lá se não era um bom horário!?
Os dias passaram nesta calma irresponsável até à hora de dizer adeus à Ilha, ao pessoal da D. Xia, ao Bruno e à pesca, ficando a intenção de voltar, bem fixa nas nossas mentes. Era só esperar o dia!?
Mantivemos o contacto, alguns amigos meus de Setúbal chegaram a lá ir, por minha indicação, pescar com o Bruno e trazendo-me notícias, mas o certo é que não via forma de lá voltar; umas vezes, pelo tempo ($) que me faltava, outras, pelo trabalho que me sobrava. Até que, no Natal de 1997, tive uma das melhores prendas de que me lembro... a minha mulher e a filha, ofereceram-me um bilhete de bom preço para lá ir no Carnaval seguinte (1998). Nem queria acreditar!?
Após colocação dos pés em terra por tal surpresa, era hora de me organizar, contactar o Bruno e lembrar a pesca que ia fazer, agora com conhecimento de causa. Lembrei-me dos materiais necessários, caros por lá e por vezes difíceis de encontrar, ao contrário de cá, onde eram muito mais baratos e fáceis de adquirir. Era hora de contribuir com algo mais que amizade, embora tal não me fosse solicitado. O certo é que, quem não seja parvo de todo e observe, sabe o que poderá fazer falta.
Após informar o Bruno da decisão e de me aperceber da sua alegria e entusiasmo por tal facto, a memória começou a devolver-me imagens... do barco, dos materiais e de toda a acção de pesca, como se a tivesse vivido no dia anterior mas, para já, era preciso lembrar e adquirir os materiais.
As linhas, para pescar à mão, eram de meada. Começavam em diâmetro 120 e acabavam numa ponteira de 90 onde directamente se empatava um único anzol, daqueles nacionais, tamanho 20 e maior.
As meadas eram colocadas em enroladores, parecidos com este...
... de madeira pesada, cujo cabo teria uns 15/20 cm de comprimento e a zona de enrolamento de linha andaria pelos 40, com 25 de largura. Tudo com uma espessura de 2/3 cm... uns monstros!
A linha de 120 funcionava como madre, onde era feita uma alça que se apoiava no cabo do enrolador e sobre a qual se enrolavam uma ou duas meadas de 100 metros, sem apertar, aplicando-se no final, através de Nó de Barril, uns 20 metros de 0,90. Não se amarrava ao corpo do enrolador, porque nunca se sabia se o peixe que lá cairia não levaria a linha toda o que, prevendo-se pelo arranque inicial, permitiria ligar a tal alça a um cabo suplementar entrançado à mão e mais grosso que sempre jazia pronto num açafate próprio. Neste caso o enrolador ficaria liberto e a linha continuaria a sair até que o peixe em causa permitisse o início da contenda. Justificado está o tamanho e peso dos enroladores, assim como o pormenor de não apertar muito a linha, no sentido de facilitar a sua saída quando o peixe se ferrava e dava o primeiro arranque. Mas lá chegaremos.
Continuando no material, não poderia esquecer-me da preparação da pesca que começava na captura da isca - Carapaus e Cavalas - os primeiros, servindo de engodo e isca morta e as segundas, normalmente iscadas vivas.
Para a captura destas iscas, acção que se desenvolvia a caminho do pesqueiro, o Bruno usava anzóis nacionais, 10/12, em cuja haste aplicava fios de lã brancos para o Carapau e vermelhos para a Cavala, referindo no entanto que nós tínhamos cá no burgo aquelas pesquinhas já feitas que funcionavam melhor que as dele, o que se tinha revelado tendencialmente verdade.
Claro que, para além de várias meadas dos tamanhos referidos, equipei-me também destas tais pesquinhas e de todo o tipo de anzóis mencionados, em quantidades que ultrapassaram fortemente as necessidades de uma semana de pesca.
A cana e o carreto que também por indicação do Bruno deveria levar, pois na ida e na volta para o local mais quente de pesca, sempre se corricava e eram mais confortáveis que a linha de mão. Estes já estavam preparados, assim como algumas amostras para o efeito, nada de muito complicado, pois a acção de pesca decorreria essencialmente no sistema de barco fundeado, baixadas perto da superfície com isca e engodagem contínua.
Sentia-me preparado, o dia nunca mais chegava, mas gozava esta espera, passando mentalmente em revista as pessoas, as comidas, a música, as noites quentes, o mar, os materiais, a acção de pesca, os peixes, a roupa de pesca e a outra leve e fresca para levar..., enfim, aquilo que sabia ir encontrar e a simplicidade das necessidades, tudo ainda tão vivo na minha memória.
Nesta altura, só um pormenor estava ainda por resolver... não tinha alojamento! A pensão da D. Xia, por férias ou ausência da própria, estava encerrada e o Bruno é que andava à procura, confessando-me que não estava fácil, pois andavam por lá muitos surfistas e estavam a ocupar tudo, ao que lhe respondi: "durmo na praia, não tem problema"! Riu-se muito, retorquindo que alguma coisa se havia de arranjar e o certo é que, a dois dias da partida, já tinha um quarto só para mim, com chuveiro e casa de banho, quase no centro de Santa Maria. Melhor assim... tudo estava a postos!Sábado antes do Carnaval de 98, pelas 20.00 horas, um fulano de bigode com uma mala e um tubo comprido, é largado nas partidas do aeroporto de Lisboa que percorre até ao Check-in, efectuando-o e aguardando a hora de entrar no avião para a Ilha do Sal, com a cabeça cheia de peixes, mar, música e evasão, observando outros passageiros para outros destinos ou quem sabe para o mesmo e pensando para com os seus botões: "será que estão tão felizes quanto eu". Não sei descrever melhor!?
A viagem de mais ou menos quatro horas, terminou às quatro e tal da manhã de Cabo Verde, no aeroporto de Espargos, a capital, onde assim que saí a porta do avião senti o ar quente e o sempre surpreendente cheiro a ilha, onde se entrecruzam os odores da terra seca com a humidade do mar, contrastando significativamente com o frio que se fazia sentir à partida de Lisboa. Tudo como era esperado, até o Bruno que me apareceu com o cumprimento habitual... "tud'ereto", assim cheguei ao edifício principal, já com o táxi que nos levaria a Santa Maria, local onde se escreveria a restante história.
Esta última etapa decorreu cheia de conversa, sobre como está este e aquele, a família, a pesca, o barco... mais história daqui... dali... lembrança dacolá. E... oh Amarelo, nome como me costumava tratar derivado do cabelo arruçado em época de Verão, "tás cansado ou ainda vamos beber umas Klebs"(marca de cerveja de Cabo Verde)?
Claro que vamos, qual cansado, qual carapuça!?
Já se sabia que o Domingo não teria pesca... a hora de chegada já não o permitia atendendo ao horário normalmente praticado pelos profissionais, mas coisa que eu não tinha era sono, a companhia era boa, só havia que curtir, logo faria uma sesta. Importante mesmo é que já lá estava, tinha conversa e garganta seca.
O quarto era singelo, mais que suficiente e, melhor que tudo, para além de estar perto do centro, estava afastado de folias e mesmo ao lado duma das melhores tascas de petiscos do Sal: "Os Bons Amigos". Comida e petiscos feitos na hora, donde se destacavam: o porco frito, os pastelinhos de Atum, a cachupa e outras comidas caseiras que faziam as delícias essencialmente dos locais, pois turista não andava muito por ali. Perfeito!!!
Como dizia o Bruno: Tu não és turista... és Português!
Já só faltava a pesca... mas não perdia pela demora! Enquanto a aguardava, fui relembrando o barco do Bruno, típico e fabricado como tantos outros para pescadores profissionais, diferindo no nome e na cor.
Cinco metros e meio de comprimento, perto de dois metros de boca, construído em madeira e com paneiros do meio para a popa, já que quem pescasse à proa teria de colocar os pés em cima das travessas, sob pena de descolar alguma tábua e fazer entrar quantidades de água, cuja "bomba", um bartedouro construído a partir de um garrafão de água de cinco litros, dificilmente conseguiria escoar antes do iminente afundanço.
A propulsão era feita por um motor Yamaha Enduro de 15 CV, a dois tempos, usado até à exaustão e cujas velas, não raramente, tinham de ser trocadas de noite, em mar aberto, com o motor em cima dos joelhos, por outras também já usadas, quando o dito se negava a trabalhar. Valia o grupo, pois a maioria dos profissionais percorriam os mesmos rumos para locais de pesca cujas distâncias entre eles permitiam perceber quando alguém precisava de ajuda e aí, ninguém ficava no mar.
Importa ainda realçar outros pormenores:
Um depósito de isca viva era instalado de raiz, construído em cimento e forrado a madeira, aplicado no centro do barco, sendo que a circulação de água se fazia através dum furo no centro do casco, orientado para a proa que, quando em movimento, fazia a água entrar por baixo, acabando por sair por um furo lateral, mais alto, na amura, assegurando assim a saída de água quando esta atingia altura para tal, assim como evitando uma possível inundação a bordo.
A foto que se segue, embora de qualidade suspeita, permite talvez dar uma ideia da coisa, vejamos:
Outros pormenores, não menos importantes, como o ferro de fundear, aquela pedra enorme que se encordoava, amarrava ao cabo e borda fora com ela. Problema era levantá-la, não tanto pelo peso, mas pela resistência que fazia à água.
Outros materiais, como o cacete para tirar teimas a peixes mais difíceis ou o cabo em madeira onde se aplicava uma pequena ponta afiada amarrada com cabo de aço e que servia para arpoar peixes à superfície, com engodo, o caso dos Serras.
Enfim... tudo muito simples e extremamente funcional ou não o seja quase tudo o que é simples!?
Com tudo isto passaram horas e o momento tão esperado chega quase sem se dar por ele... são 4.30 da madrugada de Segunda Feira, encontrei-me com o Bruno no caminho, transportando o carrinho de mão onde se deitam o motor, o depósito de combustível, o cabo e os remos do barco; tudo o que tendencialmente poderia desaparecer se lá ficasse de um dia para o outro. Chegamos ao início do pontão, coloco-me atrás dele que já tem mais que decorado, o caminho em torno dos tais buracos que mal se vêem na escuridão e faço também eu por perceber onde se encontram, o que virei a conseguir ao terceiro dia, depois de duas noites e dois dias dando os mesmo passos. Lá estão todos... alguns já conheço, outros nem tanto, surgem sorrisos aqui e ali, conversas em Crioulo que não percebo. Sei que comentam sobre o que faço por ali, mas ainda é cedo para fazer parte. Antes terei de merecer confiança pois para alguns não passo ainda dum turista. É dar tempo ao tempo, pescando, conversando em cima de jornada feita, comendo e bebendo, tagarelando histórias, umas de cá, outras de lá... até que me aceitem como pescador e possa vir a tirar a foto abaixo, na Quinta Feira, em que todos já olhavam para mim, ora como o Português, ora como Ernesto.
Nesta altura, já falo com toda a gente e rimos disto e daquilo, como o caso daquele homem que se vê de costas com chapéu branco de pala vermelha, compadre do Bruno, a quem trato por "compad orelha", assim como ele a mim, atendendo a brincadeiras relacionadas com os nossos pavilhões auriculares de tamanhos superiores à média e que, não raramente, eram mote de brincadeira entre nós.
À concentração matinal, seguiam-se os preparativos para a saída que começavam por ir buscar os barcos poitados na baía, algo que ficava normalmente a cargo de alguns miúdos. Depois, era descer toda a palamenta: remos, caixas, depósito de combustível e... o motor. Esta a tarefa de maior responsabilidade e atribuída unicamente a alguém fiável, pois o dono do barco sentava-se na popa e aguentava o barco junto ao pontão, o motor era descido contando com a vaga, guiado pelo dono do barco até ao painel de popa e apertado rapidamente, não fosse o diabo tecê-las. E porque conto isto? É simples caros leitores... nesta Quinta Feira, para espanto meu, do irmão do Bruno, o Luís que connosco ia também pescar e de outros presentes; o Bruno, após estar no barco, grita-me: Ernesto... amarra o motor e desce-o que já estamos atrasados.
Não pensei muito, amarrei o dito cujo, larguei-o para o vazio sustendo-o e baixando-o em seguida, dando desconto à vaga e permitindo que o Bruno o encaixasse e apertasse com a normalidade esperada. Depois, caí em mim... esta tarefa nunca se pedia a qualquer um... já fazia parte!
À concentração matinal, seguiam-se os preparativos para a saída que começavam por ir buscar os barcos poitados na baía, algo que ficava normalmente a cargo de alguns miúdos. Depois, era descer toda a palamenta: remos, caixas, depósito de combustível e... o motor. Esta a tarefa de maior responsabilidade e atribuída unicamente a alguém fiável, pois o dono do barco sentava-se na popa e aguentava o barco junto ao pontão, o motor era descido contando com a vaga, guiado pelo dono do barco até ao painel de popa e apertado rapidamente, não fosse o diabo tecê-las. E porque conto isto? É simples caros leitores... nesta Quinta Feira, para espanto meu, do irmão do Bruno, o Luís que connosco ia também pescar e de outros presentes; o Bruno, após estar no barco, grita-me: Ernesto... amarra o motor e desce-o que já estamos atrasados.
Não pensei muito, amarrei o dito cujo, larguei-o para o vazio sustendo-o e baixando-o em seguida, dando desconto à vaga e permitindo que o Bruno o encaixasse e apertasse com a normalidade esperada. Depois, caí em mim... esta tarefa nunca se pedia a qualquer um... já fazia parte!
Todos os dias desta semana que lá estive foram muito bons, mas esta Quinta Feira foi soberba... por tudo... mar bom; isca capturada com fartura; brincadeiras de barco para barco, já ao raiar do dia; exemplares capturados; e, até o Bruno zangado comigo por no final da jornada eu não querer aceitar dinheiro da venda do peixe. Só me faltava casa em Santa Maria do Sal, de resto... já tinha muito!
Mas vamos à acção de pesca que se repetia jornada a jornada.
Saía-se ainda de noite e, após chegar à "Marca dos Carapaus", considerando caladores dados pelas luzes de terra, parava-se o barco, lançavam-se pescas de mão com madre de 0,60 e baixada de 3 estralhos, para aí de 30/35 cm de comprimento, empatando anzóis nacionais decorados na haste com fios de lã branca e, finalmente, a chumbada, feita de troços de ferro de construção, variando peso conforme a deriva do barco. Acenava-se a partir do fundo, procurando os Carapaus (Olho Largo, como lhes chamavam) na coluna de água, atirando-se estes com fervor ao branco das linhas de lã e enchendo o açafate aos saltos... a isca para engodar e iscar, essencialmente morta, já ali estava!
Mas vamos à acção de pesca que se repetia jornada a jornada.
Saía-se ainda de noite e, após chegar à "Marca dos Carapaus", considerando caladores dados pelas luzes de terra, parava-se o barco, lançavam-se pescas de mão com madre de 0,60 e baixada de 3 estralhos, para aí de 30/35 cm de comprimento, empatando anzóis nacionais decorados na haste com fios de lã branca e, finalmente, a chumbada, feita de troços de ferro de construção, variando peso conforme a deriva do barco. Acenava-se a partir do fundo, procurando os Carapaus (Olho Largo, como lhes chamavam) na coluna de água, atirando-se estes com fervor ao branco das linhas de lã e enchendo o açafate aos saltos... a isca para engodar e iscar, essencialmente morta, já ali estava!
Era hora de andar mais uns dez minutos e repetir o mesmo para capturar a isca viva... Cavala!
A única diferença estava na decoração das hastes dos anzóis, que passava de branco a vermelho. Destapava-se então o tubo que permitia que a água entrasse para o depósito de isca viva, assegurando vida mais longa às cavalas e que de imediato se taparia logo que o barco parasse, por razões que parecem óbvias.
Isca pronta e rumo ao local de fundeio, a zona quente onde sempre se esperavam as capturas pretendidas... Atuns, Serras, Esmoregais (tipo de Xaréu) e quem sabe outros maiores!?
Durante esta última fase da viagem que, no total, não ia além das 2/3 milhas, era tempo de corricar, cabendo-me fazê-lo com a cana e o carreto próprios que tinha levado por indicação do Bruno - cana Penn Senator e carreto da mesma marca, ambos de 50 libras - umas vezes capturava-se, outras nem tanto, mas no computo dos seis dias, usando o corrico, ainda entraram dois bons Serras e dois Atuns pequenos.
O Sol já nos sorria quando chegávamos ao local de fundeio onde, com afastamentos significativos, se viam todos os outros barcos que tinham partido à mesma hora do Pontão da Ilha do Sal também fundeados.
Largava-se a pedra já preparada para servir de ferro e enquanto o barco se fazia ao fundeio, preparavam-se os enroladores, normalmente 4, cada um com um único anzol, sendo que 3 (um por pescador) eram iscados com isca morta, tiras de Carapau cortadas em diagonal e iscadas entre a pele e a carne, tapando o anzol e, um com isca viva, Cavala, iscada pelo lombo.
As pescas eram lançadas à mão pelos bordos do barco, ficando a diferentes distâncias e consequentemente profundidades por vezes aumentadas com pequenas tiras de chumbo apertadas à linha com as mãos ou os dentes. A pesca com a Cavala viva era atirada para mais longe, evitando assim que se embaraçasse com as outras devido aos movimentos da Cavala.
Após lançadas, as linhas eram entaladas em pequenas fissuras, feitas à faca, na madeira da parte interior da borda do barco, sendo que o peixe, ao engolir a isca e fugir, era ferrado pela oposição proporcionada pelo desentalar da linha, o que acontecia com algum estrondo da madeira, substituindo assim, em simultâneo: a ferragem e o barulho da carraca do carreto. Só mesmo vendo... um espectáculo!
A única diferença estava na decoração das hastes dos anzóis, que passava de branco a vermelho. Destapava-se então o tubo que permitia que a água entrasse para o depósito de isca viva, assegurando vida mais longa às cavalas e que de imediato se taparia logo que o barco parasse, por razões que parecem óbvias.
Isca pronta e rumo ao local de fundeio, a zona quente onde sempre se esperavam as capturas pretendidas... Atuns, Serras, Esmoregais (tipo de Xaréu) e quem sabe outros maiores!?
Durante esta última fase da viagem que, no total, não ia além das 2/3 milhas, era tempo de corricar, cabendo-me fazê-lo com a cana e o carreto próprios que tinha levado por indicação do Bruno - cana Penn Senator e carreto da mesma marca, ambos de 50 libras - umas vezes capturava-se, outras nem tanto, mas no computo dos seis dias, usando o corrico, ainda entraram dois bons Serras e dois Atuns pequenos.
O Sol já nos sorria quando chegávamos ao local de fundeio onde, com afastamentos significativos, se viam todos os outros barcos que tinham partido à mesma hora do Pontão da Ilha do Sal também fundeados.
Largava-se a pedra já preparada para servir de ferro e enquanto o barco se fazia ao fundeio, preparavam-se os enroladores, normalmente 4, cada um com um único anzol, sendo que 3 (um por pescador) eram iscados com isca morta, tiras de Carapau cortadas em diagonal e iscadas entre a pele e a carne, tapando o anzol e, um com isca viva, Cavala, iscada pelo lombo.
As pescas eram lançadas à mão pelos bordos do barco, ficando a diferentes distâncias e consequentemente profundidades por vezes aumentadas com pequenas tiras de chumbo apertadas à linha com as mãos ou os dentes. A pesca com a Cavala viva era atirada para mais longe, evitando assim que se embaraçasse com as outras devido aos movimentos da Cavala.
Após lançadas, as linhas eram entaladas em pequenas fissuras, feitas à faca, na madeira da parte interior da borda do barco, sendo que o peixe, ao engolir a isca e fugir, era ferrado pela oposição proporcionada pelo desentalar da linha, o que acontecia com algum estrondo da madeira, substituindo assim, em simultâneo: a ferragem e o barulho da carraca do carreto. Só mesmo vendo... um espectáculo!
Linhas em acção de pesca e eis que se iniciava a engodagem de superfície, normalmente a cargo do Bruno.
Os Carapaus iam sendo cortados em pequenos pedaços e lançados ao mar em várias direcções, com um pormenor interessante nos lançamentos iniciais de engodo que por vezes se repetia noutras engodagens ao longo da jornada, caso não se estivesse a capturar.
Cá vai o pormenor interessante: para perceber se os Atuns andavam a comer na superfície, o Bruno, após
cortar um Carapau inteiro e ficar só com a cabeça, retirava de uma placa de esferovite, um pequeno
pedaço que introduzia através do olho, atirando-a para longe, ficando esta a boiar. Em seguida, lançava uns
quantos pedaços, anteriormente cortados, de forma que caíssem em torno da
cabeça. Neste momento todos parávamos para observar, sendo que muitas
vezes, numa estocada rápida, algo a comia, desaparecendo de imediato e
merecendo do Bruno o seguinte comentário: "os gajos estão aí e vêm comer
cá acima...", seguido normalmente da atenção redobrada de todos nós sobre o comportamento das linhas. Suspense...
E então, se tudo corresse bem, a coisa dava-se!
De repente ouvia-se um estalo precedido de um pequeno ranger de madeira e a linha saía de um dos enroladores assentes no banco do barco, fazendo espirais tanto maiores, quanto maior a velocidade a que o desalmado fugia, fruto de sentir o anzol ferrado.
Quem fosse mais rápido ou estivesse mais perto, atirava-se ao enrolador agarrando-o pelo cabo com uma mão e seguindo a linha com a outra, colocando-lhe alguma pressão e tentando perceber o momento de dar luta ao bicho... normalmente quando este diminuía a velocidade da fuga. Nesta altura, já de pé, trancava-se a linha entre os dedos polegares e indicadores, estes protegidos com dedeiras, feitas a partir de câmaras de ar de bicicleta e mantendo as mãos afastadas, uma junto à cintura e a outra no limite do braço, mais forte e hábil, quase esticado. A partir daqui era hora de suar!!!
Começava-se a recuperar linha tentando as braçadas, sem nunca a enrolar em torno da mão para evitar ficar com as marcas que se viam em algumas mãos daqueles profissionais, provocadas por algum arranque rápido nessa situação e fazendo com que a linha cortasse fundo na carne. Tinha mesmo de ser com a pressão dos polegares e indicadores, sempre com a linha a fugir de vez em quando, molhada e escorregadia, tudo isto intervalando com alguma que se ia largando quando a luta a isso obrigava. Linha para lá... linha para cá, o bicho começava a dar sinais de cansaço e a descrever círculos, cabendo-nos saber quando recuperar. Normalmente, quando ao descrever o circulo se queria afastar, tentava-se aguentá-lo sem deixar sair linha, assim como, quando estava a descrevê-lo aproximando-se, era hora de recuperar as braçadas possíveis e assim sucessivamente até que se ia vencendo e se conseguia colocá-lo junto ao barco, à distância do comprimento do bicheiro que rapidamente lhe entrava pelo lombo e o encostava à borda, onde uma pancada seca do cacete, no sítio certo, permitia então subi-lo a bordo.
E então, se tudo corresse bem, a coisa dava-se!
De repente ouvia-se um estalo precedido de um pequeno ranger de madeira e a linha saía de um dos enroladores assentes no banco do barco, fazendo espirais tanto maiores, quanto maior a velocidade a que o desalmado fugia, fruto de sentir o anzol ferrado.
Quem fosse mais rápido ou estivesse mais perto, atirava-se ao enrolador agarrando-o pelo cabo com uma mão e seguindo a linha com a outra, colocando-lhe alguma pressão e tentando perceber o momento de dar luta ao bicho... normalmente quando este diminuía a velocidade da fuga. Nesta altura, já de pé, trancava-se a linha entre os dedos polegares e indicadores, estes protegidos com dedeiras, feitas a partir de câmaras de ar de bicicleta e mantendo as mãos afastadas, uma junto à cintura e a outra no limite do braço, mais forte e hábil, quase esticado. A partir daqui era hora de suar!!!
Começava-se a recuperar linha tentando as braçadas, sem nunca a enrolar em torno da mão para evitar ficar com as marcas que se viam em algumas mãos daqueles profissionais, provocadas por algum arranque rápido nessa situação e fazendo com que a linha cortasse fundo na carne. Tinha mesmo de ser com a pressão dos polegares e indicadores, sempre com a linha a fugir de vez em quando, molhada e escorregadia, tudo isto intervalando com alguma que se ia largando quando a luta a isso obrigava. Linha para lá... linha para cá, o bicho começava a dar sinais de cansaço e a descrever círculos, cabendo-nos saber quando recuperar. Normalmente, quando ao descrever o circulo se queria afastar, tentava-se aguentá-lo sem deixar sair linha, assim como, quando estava a descrevê-lo aproximando-se, era hora de recuperar as braçadas possíveis e assim sucessivamente até que se ia vencendo e se conseguia colocá-lo junto ao barco, à distância do comprimento do bicheiro que rapidamente lhe entrava pelo lombo e o encostava à borda, onde uma pancada seca do cacete, no sítio certo, permitia então subi-lo a bordo.
Estamos a falar de bichos que atingiram 40 e mais quilos, nesta Quinta Feira que quase me apetece qualificar de Santa. Isto porque ainda não eram 10.00 horas e já tínhamos capturado quatro deste tamanho, sendo que o Luís, irmão do Bruno, saltou com eles para bordo de outro barco que também já tinha uma boa conta, para rumar rápido de volta, pois quem mais cedo chegasse mais conseguiria pelo peixe, atendendo ao calor e à falta de meios de conservação do pescado.
Ficámos eu e o Bruno para continuar a luta na perspectiva de engrandecer um pouco mais este dia espectacular e profícuo. o que conseguimos com mais três bichos do mesmo quilate, antes de voltarmos à terra.
Aqui têm o Bruno com dois deles:
Ficámos eu e o Bruno para continuar a luta na perspectiva de engrandecer um pouco mais este dia espectacular e profícuo. o que conseguimos com mais três bichos do mesmo quilate, antes de voltarmos à terra.
Aqui têm o Bruno com dois deles:
E chega a minha vez com o que me calhou nesta fase da pescaria, já de volta ao Pontão onde tudo acontece.
Assim que chegámos. lá estavam os gaiatos que de imediato amanharam os peixes, desaparecendo estes misteriosamente, como habitual, sem que olhos menos preocupados ou atentos a isso, se apercebessem como tal acontecia. Retiraram-lhes entretanto os buchos, limparam-nos e cortaram-nos para serem o nosso almoço, cozinhados à moda local, com arroz e picante qb. Tudo isto despertando a atenção de uns italianos que tinham ido pescar neste barco para turistas...
..., traziam dois Serras bebés e olhavam-nos com um misto de preocupação e não sei que mais!?
Mas isso não importava nada! Importante sim, era ir tomar um banho e seguir para o almoço de bucho de Atum... eu, o Bruno, o Compad Orelha e o Luís. Aí tagarelamos, falámos do dia, comparámos com outros, contámos histórias e bebemos cerveja como se não houvesse amanhã. Pois amanhã seria outro dia e nada nos fazia ter controlo sobre tal. Hoje que já uns anos passaram, penso que talvez a vida devesse mesmo ser assim... será que sim? Será que não? Não sei ao certo!? Mas que parece apelativo... lá isso parece!
A Sexta e o Sábado passaram a correr, arrumar tudo e voltar para Portugal, foi coisa que aconteceu rápido, muito mais do que eu gostaria.
Despedi-me do pessoal, pensando que não passaria muito tempo sem que voltássemos a pescar juntos, mas, na verdade, nunca mais nos vimos, nem nunca mais consegui voltar a Cabo Verde.
Amigos meus foram lá, pescaram com o Bruno, ainda trocámos uns telefonemas e uns escritos, mais tarde disseram-me que teria saído da Ilha do Sal rumando à Boa Vista, mas o certo é que nunca mais nos juntámos e há muito não contactamos.
Guardo todas as imagens e deixo-vos a mais importante... aquela da amizade que em tempos nos uniu e penso continuará a unir mal-grado as voltas da vida. Umas boas, outras nem tanto... é assim!
Mas isso não importava nada! Importante sim, era ir tomar um banho e seguir para o almoço de bucho de Atum... eu, o Bruno, o Compad Orelha e o Luís. Aí tagarelamos, falámos do dia, comparámos com outros, contámos histórias e bebemos cerveja como se não houvesse amanhã. Pois amanhã seria outro dia e nada nos fazia ter controlo sobre tal. Hoje que já uns anos passaram, penso que talvez a vida devesse mesmo ser assim... será que sim? Será que não? Não sei ao certo!? Mas que parece apelativo... lá isso parece!
A Sexta e o Sábado passaram a correr, arrumar tudo e voltar para Portugal, foi coisa que aconteceu rápido, muito mais do que eu gostaria.
Despedi-me do pessoal, pensando que não passaria muito tempo sem que voltássemos a pescar juntos, mas, na verdade, nunca mais nos vimos, nem nunca mais consegui voltar a Cabo Verde.
Amigos meus foram lá, pescaram com o Bruno, ainda trocámos uns telefonemas e uns escritos, mais tarde disseram-me que teria saído da Ilha do Sal rumando à Boa Vista, mas o certo é que nunca mais nos juntámos e há muito não contactamos.
Guardo todas as imagens e deixo-vos a mais importante... aquela da amizade que em tempos nos uniu e penso continuará a unir mal-grado as voltas da vida. Umas boas, outras nem tanto... é assim!
Forte abraço Bruno e amigos de Santa Maria do Sal ... onde quer que estejam!
A todos os leitores... uma boa noite enquanto espero por pescarias actuais que desvendem outros amigos, outras técnicas, outros relatos, outras histórias...
15 comentários:
Fantástico! Parabéns! muita inveja ( no bom sentido)
Magnífica história de pesca e de amizade. Está mesmo a pedir um novo capítulo. Bem haja Ernesto por esta viagem. Abraço.
António Abranches
É verdade sim senhor esse pontão continua a ser onde tudo acontece, estive lá este ano e tive o prazer de ver chegar Dourados coisa que nunca tinha visto ao vivo..Bela terra boas gentes..(pena tar repleta de senegaleses)..Abraço
Viva Pessoal!
A todos agradeço os comentários!
Ao Gilberto:
Obrigado pela informação calculei que esse seria um dos hábitos que se manteria.
Quanto a emigração de outros povos, na verdade, quando lá fui na 2ª. vez, bem que já se sentiam diferenças, mas pelo que tudo indica, tal situação agravou-se!?
É a vida! nem sempre a evolução traz melhores coisas.
Abraço
Ora aqui esta o outro lado bom da pesca, outros mares, outros peixes, o mesmo vicio e as mesmas sensaçoes que so a pesca produz.
As amizades sao algo eterno nem mesmo o tempo consegue por termo, basta um contacto (mail,telefone,carta,pessoalmente)e rapidamente tudo volta ao que era. No entanto é bom ver que existem amizades com quem partilhamos algo especial e nisso a pesca é forte (o primeiro peixe grande ou kileiro, aquela especie, aquela luta,etc) e as fotos provam isso amizade e partilha de emoçoes.
Com tempo pode ser que ainda volte a rever essas terras, gentes, mares,e peixes.
Até lá é sempre bom recordar estes momentos.
Abraço
Grato pelo comentário Bruno!
É verdade... quem sabe não voltarei por lá!?
Abraço
Boas Ernesto, bons tempos, bons locais, coisa que hoje em dia olhando para trás, imagino que fiques nostálgico e com enormes saudades de entrar naquelas águas, daquela forma arcaica e tradicional...
A comparação será feita quem sabe...
Quando lá voltares...
;)
Abraço e continuação de boas refleções.
Nota: Estou a pensar fazer te uma visita, mas quando tiver aqui a minha "pomada" feita.
Viva Ernesto
Um grande obrigado pelo relato fascinante de momentos únicos da sua vida
Abraço JM
.
Viva Pessoal!
Grato pelos comentários!
Ao João Martins:
Sem duvida que foram momentos únicos e inesquecíveis... outros houveram e espero que no horizonte ainda outros venham a acontecer!?
Ao Fernando (Sargus):
Fico à espera do teu contacto companheiro!
Abraço a todos
Olá Ernesto
- Já tive o prazer de sair desse "molhe" para a pesca e realmente é (era) exatamente como descreves.
Não tive a hipótese de viver com eles (eu era realmente turista), as capturas nem por sombras... as que fizeste, mas... deu para gozar um pouco.
Mágnifico relato. Uma vez que não temos coisas dignas de contar recentes, temos que recorrer às memórias. Eu... coloco receitas (papelote lembras-te???!!! hi...) tu... e ainda bem...vais contando as vivencias de outros tempos. Tenho a certeza que tens muitas mais apontadas ( ou em memória ou em papel) que certamente podes partilhar. (Compilando o blog, já dava um livro)
Obrigado pela partilha
Abraço
ToZe
Viva TóZé!
Nem mais!
Trabalho, principalmente, não me tem deixado pescar!
Mas penso que já faltou mais para sair para o mar e colocar linhas na água... depois conto!
Grato pelo comentário e forte abraço para Évora!
Já não te "visitava" há algum tempo e deparo com esta história onde tudo me parece tão familiar. Maravilhosa.
É terra que um dia quero visitar e onde tenho alguns amigos que de vez em quando fazem o apelo.....custa-me tanto negar....é a vida.
Pode ser que um dia o Makaira para lá rume e eu aceite de vez o apelo...era bom e sonhar ainda é barato.
Parabéns pela tua escrita e pela tua capacidade de nos colocares no melhor lugar da plateia....manda mais dessas.
Abração.
Viva Nuno!
Escrever... sonhar... escrever mais e... continuar a sonhar. É bom... muito bom!
Grato pelo comentário
Abraço
Amigo Ernesto;ou melhor ,Compad orelhas.
Ventos e correntes deste mar virtual deram-me a oportunidade de vir a descobrir este blog.Acho que logo no primeiro dia perdi seguramente algumas horas de sono de tanto que li e qual não é o meu espanto quando dou de caras com a vivencia de dias passados em pescarias por terras de Cabo Verde.
Fiquei em transe,fui de imediato transportado para essa terra e essas gentes que tão bem conheço.
Conheci todas essas pessoas e locais que mencionou,durante mais de 3 anos vivi,ou melhor convivi com essa gente maravilhosa.
Fiz todas essas pescas,conheci todos os locais,pescadores,e as pescas que relata(só um pequeno reparo,ao carapau chamam olho largo, e não olho grande).
Em 2010 voltei desta vêz para matar saudades quer da terra,quer dos amigos,da pesca do mar e banhos à noite com a água a menos 2 graus do que a temperatura exterior ou seja quente,boa,"Sab pa cagá" (mesmo boa).
Desta minha curta estadia trago-lhe má notícias.O velho pontão não é mais o mesmo.No mesmo local foi construído um novinho em folha com candeeiros de iluminação pública ,e pior que tudo,sem a velha grua e motor que bem poderiam ter reposto .Enfim tudo descaracterizado.Santa Maria é um mar de contruções,de resortes por todo o lado,condomínios fechados com piscinas,"progresso".
Uma coisa está igual,os nossos amigos, os pescadores ,as suas embarcações os seus velhos motores, o seu modo de estar e viver , a amizade e forma sentida como me receberam de novo.
TCHI manera moço ! é bo mesmo.Tud dreto? manera bo tá Tidjon.
Sim Tidjon o meu nominho como por lá dizem, ou seja a forma como éra tratabo por aquela boa gente. Ti de tio e djon de João.Estava de novo na minha segunda casa,estava em paz tranquilo e durante os dias que por lá passei não deixei de visitar nem uma tasquinha nem um local onde não entra turista.Quel bom,o bom esmuregal,atum e serra comido cru bem fininho só com um fio de azeite e sumo de limão que práticamente o coze.O manecon bem gelado,(vinho das encostas vulcânicas da ilha do fogo)ai meu amigo nem lhe conto nem lhe digo,mas sei de locais por aquele arquipélago onde pescar é uma desbunda.A baixa João valente vem de mais de mil metros até quase á superfície umas boas milhas afastado da ilha de Maio.
Nha Terra Nha Cretcheu.Minha terra meu amor.
Por lá ficou parte de mim,por lá ficaram bons amigos um afilhado de batismo e outro de casamento.Pois eu éra muitas vêzes o único "branco" em festas de batizados,casamentos,e aniversários.Éra e sou um deles
para sempre.
As suas crónicas de pesca são uma delícia,continue e sem muitos intervalos pois é leitura indispensável.Bem haja compad orelhas.
Tidjon
Viva João Fernandes... ou, melhor dizendo:
Manera bo ta Tidjon?
É uma alegria encontrar alguém que tanto ama aquela terra e que tanto gostou de estar por lá... a fazer parte! Uma delícia!
Obrigado João Fernandes!
Quando aos "progressos"... já me tinham falado e, quando lá fui na 2.ª vez, já se percebia que a mudança estava perto.
Não sei se é bom!? Espero que sim!?
Quanto ao pontão, acho que os homens até merecem que aquilo seja arranjado, esperando que isso não funcione como proibição para os gaiatos por lá pescarem e de lá saltarem, embora concorde que deveriam ter deixado e alindado as estruturas que por lá estavam.
Quanto ao "Olho Largo"... sinceramente, quando escrevi "Olho Grande", algo não me soou... obrigado pela correcção!
E somos dois... cheios de saudades daquela vida que lá se vivia.
Obrigado pelo comentário e...
Forte abraço João!
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