Vou... Não vou! Mal me quer... Bem me quer! O tempo deixa... O tempo não deixa!
Estes os meus pensamentos durante toda a semana passada, decorrentes das continuas alterações de tempo mostradas pelos vários sites de meteorologia... Sofre, sofre coração!
Como eu, muitos de nós, pescadores, andámos certamente nesta incógnita, durante o período de tempo a que me refiro!? Que raio... Não estabiliza este ano!?
Bom... Não interessa! Certo é que na Sexta Feira passada decidi que ia! Quero lá saber do tempo! Pensei!
Enquanto tomava estas sérias decisões, recebo um telefonema do meu amigo Carlos Cruz e nem hesitei... Epá! Queres vir zagaiar a Sines no Domingo? A resposta afirmativa antecipou-nos certamente um conjunto de memórias, considerando as inúmeras pescas que temos feito juntos ao longo de anos!
Corremos bastante mar!
Lembrei-me de imediato da caça submarina, onde comecámos!
Das Santolas, Raias, Chocos, linguados... Ao largo da costa de Tróia e da Arrábida!
Das saídas para Sagres, Porto Côvo, Carrapateira, Arrifana... E de todos os fundos melhores ou piores que percorremos e que agora vêm à memória, com todos os seus contornos, falhas e buracos onde tirámos peixe ou, simplesmente, espreitámos.
Das nove horas diárias de caça e de tanta peripécia que passámos juntos, algumas delas já por aqui contadas!
Lembrei-me depois da pesca embarcada e das inúmeras vezes que fui ter com ele a Lagos, terra que escolheu para viver depois de Setúbal.
Enfim... mais uma hipótese de pescarmos juntos e eventualmente fazer história... ou talvez nem tanto!
Se entendermos que a história é feita pelo muito bom ou pelo muito mau que possa acontecer em cada jornada, pois melhor seria nem contar nada! Se, pelo contrário, acharmos que a história é feita em cada saída de pesca, pelo que se procura e se tenta, independentemente do que se apanha, pois certamente temos mais uma história para contar!
Zagaia... Lá fomos nós! Um pouco tarde, é verdade! Mas, a vontade era muita, a companhia era boa, o mar era grande e parecia produtivo!
Para dois pescadores persistentes e sempre a magicar em formas diferentes de conseguir capturas, estavam reunidas todas as condições! O resto... Bem, o resto prender-se-ia, talvez em grande parte, em conseguir estar à hora certa, no pesqueiro certo, com a amostra certa, a animação certa... Meu Deus! Tanta coisa para bater certa num ou em vários momentos ao longo de um dia!?
Saímos! Canas e carretos montados, amostras e acessórios espalhados por ali... à mão de semear!
Procurámos um primeiro pesqueiro, não muito fundo, para fazermos um aquecimento! Sondámos!
Não gostámos da temperatura da água, 15º/16º, talvez um pouco baixa, segundo comentário do meu amigo, bastante mais batido que eu nestas andaças da Zagaia!
Esta verificação não nos dimínuiu a vontade ou a perseverança, antes nos advertiu do dia duro e salutar que se avizinhava!
As marcações de sonda eram boas! Muito peixe! Ora espalhado, ora concentrado nas embeiradas e por cima dos picos dos pontões mais altos, permitindo-nos tecer comentários premonitórios, sobre os grandes exemplares que por ali poderiam andar!
As horas foram passando sem que desistissemos, parecendo que cada pesqueiro, que visitávamos, nos desafiava, tais eram as concentrações de sinais de peixe e a vontade de os capturar que nunca nos abandonou!
Pescámos nos quarenta metros, nos setenta, nos trinta, nos vinte, outra vez mais fundo, outra vez mais baixo e nada... Nem um toque! Ao fim de umas quatro horas de andarmos nisto, concordámos que já merecíamos uma recompensazita, mas a coisa não se dava e não desistiamos!
Um pontão... Mais um com bons sinais! Primeira deriva, segunda deriva! Muda de amostra e torna a derivar, mais rápida, depois mais lenta! O vento entrava mais forte, passava a mais fraco, com variações constantes, e, finalmente, a coisa deu-se!
Numa arrancada, a partir do fundo, da amostra animada pelo Carlos, eis que esta é atacada e a cana dobra! Dá-se a luta com o inimitável e inesquecível "cantar de carreto" que conhecemos e sempre esperamos! Bonito!
A recompensa chegou para ele! Talvez por ter acertado com todas as coisas que tinham de estar certas para que acontecesse, e, para mim que estava lá em parceria, fazendo a minha parte e regozijando-me por algo ter acontecido, depois de tanta luta e tanto querer!
O Badejo de 4,350 kgs foi a nossa recompensa, num dia em que tudo foi prometido pelo tempo e sinais que se apresentavam perfeitos, mas, cuja recompensa, embora bela e tardia, ficou áquem das perspectivas que se levavam! Maus hábitos... No que se refere a capturas! Principalmente para o Carlos que tem um palmarés invejável, nesta e noutras técnicas de pesca!
Ainda não acabou! Falta o jantar e as horas que passámos a falar de tudo e mais alguma coisa... Da vida, da pesca, do dia! Analisámos os resultados, os "quês", os "porquês", entre umas garfadas de Bacalhau à Guia e umas espetadas de Porco Preto, deliciosas!
Despedimo-nos depois, eu em direcção a Setúbal; ele em direcção a Lagos; não sem deixar garantida uma maior frequência de pescarias em conjunto. Assim os afazeres e a vida o permitam!
Sem dúvida um dia espectacular!
"Aqueles"... os ainda maiores! Vamo-nos encontrar, um dia destes, em lados opostos de uma cana e de um anzol... É uma questão de tempo!
Boa noite a todos os leitores!
3 comentários:
Amigo Ernesto, a palavra "Grade", não consta, a bordo da sua embarcação!!!
Parabéns ao Pescador...e ao grande "guia de pesca" .lol
continue a escrever...
Abraços,
Daniel Rodrigues
Viva Daniel!
Ai consta... Consta!
Não tem é constado ultimamente! Lol
Quanto a "Guia de pesca", o meu parceiro deste dia não se fica atrás! Direi mesmo que, estará até à frente! Falta-lhe é jeito para a escrita! Lol
Grato pelo comentário!
Abraço
Ernesto
Viva Ernesto.
Estava ver que tinhas ficado outra vez em terra, mas não foste a eles com o amigo e mestre Cruz. Grande bicho, sim senhor, parabéns aos pescadores.
Abraço
Paulo karva
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