Olá a todos! Há quanto tempo…
É verdade boa gente… nunca tinha acontecido um tão longo período
sem escrever, mas o certo é que a vida nem sempre corre como gostaríamos e o
impensável acaba por acontecer.
Digo impensável porque de facto não me passava pela cabeça que
alguma vez pudesse estar tanto tempo arredado do convívio que tenho vindo a
estabelecer convosco através de alguma regularidade de escrita neste local.
O certo é que aconteceu, muito devido a menos dias de pesca
que os habituais, assim como resultados a condizer com a pouca frequência de
acção de pesca.
Para além de pouca pesca, e sem que tal possa ser encarado como
um drama ou desculpa no que respeita a resultados, verdade também que me deixei
enrolar numa quantidade de actividades pesadas, mal remuneradas e demasiado
seguidas, não me permitindo pescar sossegado e sem interrupções como era hábito.
Mas calma… enquanto há vida e saúde, tudo acaba por se resolver.
Não adianta escrever muito mais sobre história… a pesca está a
acontecer, os resultados, embora sem grande expressão, estão a voltar e
esperam-se novidades em próximos relatos. Entretanto passo a contar-vos o que se tem passado até às últimas.
Pargos e Douradas, muito poucos e de tamanhos que, para
ilustrar conversa, abrem espaço a fotos como as que se seguem, em início de
Abril, com umas quantas Douradas, capturadas numa água de um verde dúbio e aqui apresentadas pelo Mário Baptista…
Em dia de meados de Julho, a solo, consegui o Parguito que se vê, aceitável, mas certamente neto daqueles que procuro e por vezes encontro.
Este ano de 2014, iniciado com mau tempo assinalável e aliado
a alterações de trabalho e vida, tornou-se, no meu caso, um dos mais irregulares que
me lembro no que respeita a saídas de pesca, fazendo-me pensar seriamente nas
relações entre regularidade de resultados, frequência de saídas de pesca e
alterações comportamentais dos pescadores sujeitos a tais variáveis, assim como
em alterações climáticas com eventuais consequências no que respeita ao
comportamento dos nossos interlocutores – os peixes – tanto no que se refere a
alimentação, quanto aos locais que frequentam, atendendo a que também estes se
podem ter alterado devido às fortes tempestades do início do ano… será?
Alguns factos:
As capturas apresentadas, aconteceram em dias intervalados por
outros em que nada funcionou e nem cheiro de peixes de melhor qualidade se
sentiu, embora os processos normalmente com sucesso que por aqui tenho vindo a
descrever, tenham sido aplicados e diversificados à exaustão.
Comentarão alguns de vós: “querias o quê… carregar todos os
dias?”
Ao que responderei: nem pensar!
No entanto sentiu-se uma dificuldade, nitidamente acima da média, em conseguir resultados face às condições encontradas de sondagem, fundeio e acção de pesca, numa quantidade significativa de pesqueiros e diversificando as técnicas em uso.
No entanto sentiu-se uma dificuldade, nitidamente acima da média, em conseguir resultados face às condições encontradas de sondagem, fundeio e acção de pesca, numa quantidade significativa de pesqueiros e diversificando as técnicas em uso.
Relativamente a condições de mar e vento, têm-se notado algumas
alterações, como por exemplo, aguagens em locais onde antes nunca as tinha
verificado, ficando a pergunta: nunca me apercebi de tal por não ter estado lá
quando aconteceram ou existem de facto alterações?
Por outro lado, como já referi, este foi o ano em que
pesquei de forma menos regular, quer quanto a quantidade de dias de pesca, quer
quanto a estar na pesca a pensar só nessa acção, tendo sido frequente ter
situações contínuas de trabalho para resolver enquanto pescava… mau para a pesca, principalmente.
Por sua vez, a dificuldade em obter resultados tende a
baralhar-nos no que se refere à classificação que fazemos das zonas de pesqueiros que
testamos.
Considerando o referido, depara-se-nos pelo menos uma trilogia de variáveis algo difícil de gerir:
- Alterações de condições de mar, temporárias ou não, passíveis de modificar comportamentos de alimentação e locais frequentados pelos exemplares que se perseguem.
- Diminuição de frequência nas saídas de pesca e consequente dificuldade na análise de resultados que se procuram.
- Alteração nos nossos comportamentos decorrentes da influência das duas variáveis anteriores, tendentes a fazer-nos deixar de acreditar momentaneamente em processos, pesqueiros, iscas, técnicas... que temos ou tínhamos como produtivas.
Mas deixemos falar os resultados...
12 de Julho: Um dia a solo a actuar sobre um fundo de 40 metros, fim de pedras não muito altas, início de um extenso limpo com alguns entralhados onde caíam as iscas. Um pesqueiro conhecido como frutífero nesta época, em outros anos, escolhido na mira dos Pargos grandes, após tentativas infrutíferas em outros pesqueiros no dia anterior.
Como características do dia, apresentava uma aguagem significativa em direcção ao limpo, nunca em outras incursões observada neste pesqueiro.
Uma cana na mão com dois estralhos iscados com postas de sardinha que em poucos minutos, senão por vezes segundos, eram roubados por peixe miúdo, indicando actividade no pesqueiro e peixe que vindo do limpo procurava alimentação e abrigo junto à pedra, condições normalmente ideais para a entrada de predadores.
Monta-se uma cana com chumbadinha que se coloca em acção após uma meia hora, iscada com sardinha inteira, pretendendo outra apresentação de isca e também um tamanho de isca passível de aguentar mais tempo os ataques do peixe miúdo, em prontidão para receber interlocutor maior que se apresentasse.
O tempo vai passando, na cana com a montagem de dois estralhos, o roubo de isca é continuo, na de chumbadinha, nem tanto, embora as sardinhas inteiras acabem por desaparecer ficando unicamente a espinha, ou nada.
As Choupas dão um ar da sua graça, brilhando pela diversificação de peixe que vai chegando ao pesqueiro e, não tarda muito, entra um Parguito com perto de quilo, sinal costumeiro de coisas melhores que vão acontecer... mas nada. Durante mais de uma hora de pesca só o roubo é uma constante, Pargos, nem mais um... estranho comportamento!?
O pesqueiro continua activo, até demais, mas peixe grande nem vê-lo. Decido colocar iscadas de sardinhas inteiras e meias na pesca com dois estralhos e trabalhar com a cana da chumbadinha na mão.
Isco, lanço para longe, na direcção da aguagem, deixo sair linha livremente, mesmo depois da chumbada assentar no fundo e brinco com a sardinha, puxando e largando, até que numa das vezes vejo a linha sair mais rápido que o habitual, baixo um pouco a cana, dou à manivela e ferro... sinto o peixe que acho razoável, mas não me parece Pargo por cabecear pouco, nem Cavala grande atendendo à ausência das habituais tremideiras. Algum tempo passado e sai-me o Robalo da foto, com um pouco mais de 50cm.
Convenhamos que não sendo inédito, não é muito normal, mas aconteceu.
Lembrei-me então dos tempos de caça submarina e dos cardumes de Robalos que, ali por Sines, levavam por vezes horas a passar e insisti.
Nova sardinha, novo lançamento, vá de largar e puxar linha, subir a baixada com pouca ou nenhuma isca e insistir, até que, ao fim de meia dúzia de tentativas, outra vez quando largava linha, esta foge com maior rapidez. Dou algum tempo, ferro e tenho luta maior, indicando melhor exemplar que saiu desta vez com 4kg e umas gramas, fazendo valer os raciocínios anteriores.
Aqui o têm:
Lembrei-me então dos tempos de caça submarina e dos cardumes de Robalos que, ali por Sines, levavam por vezes horas a passar e insisti.
Nova sardinha, novo lançamento, vá de largar e puxar linha, subir a baixada com pouca ou nenhuma isca e insistir, até que, ao fim de meia dúzia de tentativas, outra vez quando largava linha, esta foge com maior rapidez. Dou algum tempo, ferro e tenho luta maior, indicando melhor exemplar que saiu desta vez com 4kg e umas gramas, fazendo valer os raciocínios anteriores.
Aqui o têm:
Sobre os resultados deste dia, conseguiram-se duas Choupas que foram devolvidas, alguns Carapaus para o jantar, algumas Cavalas que serviram para iscar também sem frutos, um parguito que tinha pouco mais que um quilo e os dois Robalos.
Em modo de análise, pode dizer-se que:
- O pesqueiro evidenciou os habituais sinais de que entrariam Pargos, mas decididamente enganou.
- Os inesperados Robalos, tudo indica, entraram fruto da diversificação técnica, no caso... a Chumbadinha.
- Os Pargos, possivelmente neste dia, não andariam por estas paragens, não foram atraídos pela esteira cheirosa da sardinha usada ou andaram por ali e tinham outros interesses, eventualmente vivos.
Poderão os leitores questionar: então... Robalos não prestam? Com certeza que sim... mas quantas vezes acontece isto a pescar ao fundo? E no dia seguinte... seria de apostar outra vez nesta zona procurando Pargos?
Achei que não e resolvi sair das baixas profundidades e procurar fundos mais importantes, talvez os vermelhos andassem por lá, contra o que habitualmente acontece nesta época.
13 de Julho: O dia do Zé Beicinho, em que procurámos fundo os objectos da nossa cobiça.
Lá fomos para fora, em busca de zona funda, perto de pedra alta, grandes variações de profundidade e aguagens que deixassem pescar. Encontrámos tudo!
Fundeámos lindamente, de maneira que as nossas iscas actuassem a 90 metros de profundidade, junto à beirada de um pontão que se elevava aos 60... melhor que isto, só de encomenda.
Como se tal graça não bastasse, os toques sentiam-se com alguma agressividade, indicando actividade intensa e fazendo-nos pensar: querem ver que é mesmo aqui que "eles" andam!?
A coisa prometia e o entusiasmo era grande a bordo... Fanecas, Carapaus e a Abrótea que o Zé aqui em baixo nos mostra, deram um primeiro ar de que algo ia acontecer.
Mas desenganem-se... usando as baixadas com estralhos e a Chumbadinha, capturámos 5 Abróteas destas, umas quantas fanecas e Carapaus azuis, um Parguito que nem ao quilo chegava ainda nos deu esperança, mas foi só mesmo essa que restou.
Analisando este pesqueiro, pode dizer-se que excedeu inicialmente as expectativas, atendendo aos sinais dos toques, acabando no entanto por se revelar nada produtivo em termos de Pargos, o que aliás costuma ser normal nesta época do ano.
Nesta altura dei comigo a pensar... agora que devia continuar a pesquisar, lá vou fazer outro interregno de pelo menos três semanas.
Bom... haja trabalho e saúde!
16 de Agosto: Retorno ás lides, agora com perspectivas de vários dias consecutivos de pesca e com a promessa de manter a regularidade de saídas durante alguns tempos... vamos ver!?
Os meus amigos Tózé, João Maria e Nuno Mira, fazem-me companhia neste recomeço, em que só a história recente e alguma não tão recente podem ser a base da procura, já que até as notícias de capturas lá por Sines não são nada boas.
A primeira escolha recai sobre uma zona de pesqueiros, na cota dos 45/50 metros, onde a sondagem se mostra interessante, sendo verdade que neste local e na mesma época do ano se conseguiram excelentes resultados com sondagens idênticas.
A fé é muita, mas, ao fim de uma hora e tal de acção, não se verificam melhorias na regularidade de ataque às iscas, antes o pesqueiro se torna morno e pouco credível, indicando-nos a necessidade de procurar outros fundos.
As opções eram variadas, mas face à época do ano e ao aumento de vento esperado para a tarde, a escolha recaiu sobre um pesqueiro mais à terra, a 32 metros, garantindo assim abrigo e consequente aumento do tempo útil de pesca, caso o vento entrasse mais forte que o esperado.
A actividade revelou-se de imediato mais intensa, com muito Carapau branco e algumas Choupas a darem indicações sobre o interesse do pesqueiro, onde as iscas desapareciam rápido e os toques eram mais intensos.
A sardinha à posta aguentava-se muito pouco tempo, recorrendo-se a iscadas maiores e a filetes de cavala fresca para ter isca activa por períodos superiores. As capturas, não sendo muitas, nem enormes, foram acontecendo num ritmo relativamente espaçado, embora com momentos mais intensos, sempre por via da cavala fresca, única isca que mais tempo se aguentava face aos ataques dos "miúdos".
Entraram dois Parguitos e uma Bica, pequenos, depois foi a vez do Sargo do Tózé que aqui se apresenta... um bom exemplar, considerando a espécie.
Os Pargos mais jeitosos deram então um ar da sua graça, primeiro pela minha mão e depois pela do Nuno Mira com a captura do melhor exemplar...
... que aqui também se vê, enquadrado à la Croc, melhor entre pares.
Nesta jornada, embora não tenham entrado exemplares maiores, pode dizer-se que o comportamento do pesqueiro foi positivo, atendendo a que os sinais e resultados convergiram e se enquadraram nos parâmetros da época, salvaguardando ainda que nunca saberemos o que aconteceria se temos pescado o dia inteiro neste pesqueiro.
17 e 18 de Agosto: Dois dias, em que fui com o meu amigo João Martins.
No dia 17 fomos directos ao segundo pesqueiro testado no dia anterior, encontrámos os mesmos sinais, mas convergência com resultados, nem vê-la. E não foi à falta de lá estarmos bastante tempo, percorrendo por excesso as horas menos e mais produtivas da jornada anterior.
Certo foi que, para além dos Carapaus, só algumas Choupas e dois Sargos razoáveis entraram, a cor vermelha, nem a vimos. Em desespero de causa, já batiam as cinco da tarde, fomos experimentar um pesqueiro mais fundo e por vezes positivamente surpreendente em fins de tarde.
O fundeio foi rápido, muito por tantas vezes já lá ter pescado. Vindo o vento do quadrante Norte, com duas passagens o ferro vai ao fundo e fica-se a pescar onde se quer sem qualquer falha... até o cabo já lá tem a marca da zona onde amarra ao cabeço.
Encontrámos aguagem significativa e peixe a comer forte na aguagem. Bom sinal... pensei para comigo.
O peixe comia rápido... Bogas monstruosas, Carapaus e Cavalas ficavam no anzol de cima, pelo que resolvi retirá-lo e ficar só com o anzol de baixo, cujo estralho aumentei para 150cm, iscando com sardinha inteira, do rabo para a barriga após cabeça retirada. Também a cana com montagem de chumbadinha foi colocada em acção com cavala, em vez de sardinha, considerando o rápido roubo por esta sofrido.
Os Carapaus entravam de vez em quando, junto com uma Choupa ou outra e só um Sargo de bom tamanho fez valer esta aposta de fundeio que resolvemos interromper dado o adiantado da hora, mas pensando que face aos sinais encontrados, este seria um pesqueiro a testar mais cedo e durante mais tempo no dia seguinte, caso não conseguíssemos capturas em outros locais.
Sobre os resultados do dia, pode dizer-se que o pesqueiro anteriormente produtivo, em condições de mar e vento e sinais idênticos, utilizando as mesmas iscas, processos e sem razões ou alterações aparentes... não resultou! Porquê?
Não faço a mínima ideia, no entanto algo se alterou.
Em contrapartida, surgiram hipóteses no segundo pesqueiro deste dia, certamente a testar com mais tempo no dia seguinte.
No dia 18, considerando os sinais e resultados verificados do dia 17, duas estratégias, entre outras, poderiam ser consideradas:
- Pescar no segundo pesqueiro a tempo inteiro.
- Testar primeiro um pesqueiro diferente e, caso os resultados não se verificassem, iniciar mais cedo a acção de pesca no segundo pesqueiro de dia 17.
Importa ainda referir que as estratégias apontadas, para além de considerarem o acontecido, não perdem nunca de vista a produtividade destas zonas, sobejamente testadas em outros anos, na mesma época, assim como a gestão do tempo útil de pesca e os gastos de combustível em deslocações mais longas e muitas vezes ainda menos produtivas, tudo indicando que nos fixemos na qualidade dos pesqueiros face às suas características de abrigo e comida e não na distância a que se encontram do porto.
A segunda estratégia foi a escolhida, muito por na maioria das vezes (e foram muitas) em que se testou o segundo pesqueiro de dia 17 a tempo inteiro, em 90% dos casos, só a partir das 15.00/16.00 horas se conseguiram bons resultados.
Resolvi então testar em primeiro lugar o pesqueiro onde em Julho tinha conseguido os tais dois Robalos, tentando perceber se as condições já eram outras e quem sabe os vermelhos por lá andassem!?
Estamos a falar de um pesqueiro, também sobejamente testado, com muitas e boas pescarias de Pargos grandes, para não falar de Douradas e Sargos legítimos, habituais frequentadores do local, ou zonas periféricas, não costumando resistir a um trabalho exaustivo com a Sardinha como isca.
Mais uma vez investimos tempo e isca, usámos camarão, cavala, para além da muita sardinha, mas embora os sinais dos toques e o roubo de iscas fossem constantes, certo é que os resultados foram parcos, resumindo-se a duas Choupas, alguns Carapaus e um Pargo pequeno que nos deixou água na boca.
Escusado será dizer que por volta das 15.00 horas já estávamos fundeados no segundo pesqueiro, cumprido a estratégia e determinados a consumar melhores resultados.
As condições apresentaram-se idênticas, para não dizer iguais às do dia anterior, inclusivamente a aguagem, em intensidade e rumo.
Uma cana na mão, com um único estralho de 150cm e anzol 6/0, iscado com sardinha inteira e uma cana com montagem de Chumbadinha a trabalhar no caneiro, por vezes também na mão, foram as armas escolhidas para desafiar a bicharada que em toques mais ou menos perceptíveis iam consumindo tudo o que se colocava nos anzóis, conseguindo-se até às seis e tal da tarde, um Sargo, um Pargo pequeno, a Dourada de quilo do meu amigo João e o maior exemplar... este Alfaquim que se estampou na sardinha inteira do meu único anzol da cana a pescar na mão com estralho de 150cm.
17 e 18 de Agosto: Dois dias, em que fui com o meu amigo João Martins.
No dia 17 fomos directos ao segundo pesqueiro testado no dia anterior, encontrámos os mesmos sinais, mas convergência com resultados, nem vê-la. E não foi à falta de lá estarmos bastante tempo, percorrendo por excesso as horas menos e mais produtivas da jornada anterior.
Certo foi que, para além dos Carapaus, só algumas Choupas e dois Sargos razoáveis entraram, a cor vermelha, nem a vimos. Em desespero de causa, já batiam as cinco da tarde, fomos experimentar um pesqueiro mais fundo e por vezes positivamente surpreendente em fins de tarde.
O fundeio foi rápido, muito por tantas vezes já lá ter pescado. Vindo o vento do quadrante Norte, com duas passagens o ferro vai ao fundo e fica-se a pescar onde se quer sem qualquer falha... até o cabo já lá tem a marca da zona onde amarra ao cabeço.
Encontrámos aguagem significativa e peixe a comer forte na aguagem. Bom sinal... pensei para comigo.
O peixe comia rápido... Bogas monstruosas, Carapaus e Cavalas ficavam no anzol de cima, pelo que resolvi retirá-lo e ficar só com o anzol de baixo, cujo estralho aumentei para 150cm, iscando com sardinha inteira, do rabo para a barriga após cabeça retirada. Também a cana com montagem de chumbadinha foi colocada em acção com cavala, em vez de sardinha, considerando o rápido roubo por esta sofrido.
Os Carapaus entravam de vez em quando, junto com uma Choupa ou outra e só um Sargo de bom tamanho fez valer esta aposta de fundeio que resolvemos interromper dado o adiantado da hora, mas pensando que face aos sinais encontrados, este seria um pesqueiro a testar mais cedo e durante mais tempo no dia seguinte, caso não conseguíssemos capturas em outros locais.
Sobre os resultados do dia, pode dizer-se que o pesqueiro anteriormente produtivo, em condições de mar e vento e sinais idênticos, utilizando as mesmas iscas, processos e sem razões ou alterações aparentes... não resultou! Porquê?
Não faço a mínima ideia, no entanto algo se alterou.
Em contrapartida, surgiram hipóteses no segundo pesqueiro deste dia, certamente a testar com mais tempo no dia seguinte.
No dia 18, considerando os sinais e resultados verificados do dia 17, duas estratégias, entre outras, poderiam ser consideradas:
- Pescar no segundo pesqueiro a tempo inteiro.
- Testar primeiro um pesqueiro diferente e, caso os resultados não se verificassem, iniciar mais cedo a acção de pesca no segundo pesqueiro de dia 17.
Importa ainda referir que as estratégias apontadas, para além de considerarem o acontecido, não perdem nunca de vista a produtividade destas zonas, sobejamente testadas em outros anos, na mesma época, assim como a gestão do tempo útil de pesca e os gastos de combustível em deslocações mais longas e muitas vezes ainda menos produtivas, tudo indicando que nos fixemos na qualidade dos pesqueiros face às suas características de abrigo e comida e não na distância a que se encontram do porto.
A segunda estratégia foi a escolhida, muito por na maioria das vezes (e foram muitas) em que se testou o segundo pesqueiro de dia 17 a tempo inteiro, em 90% dos casos, só a partir das 15.00/16.00 horas se conseguiram bons resultados.
Resolvi então testar em primeiro lugar o pesqueiro onde em Julho tinha conseguido os tais dois Robalos, tentando perceber se as condições já eram outras e quem sabe os vermelhos por lá andassem!?
Estamos a falar de um pesqueiro, também sobejamente testado, com muitas e boas pescarias de Pargos grandes, para não falar de Douradas e Sargos legítimos, habituais frequentadores do local, ou zonas periféricas, não costumando resistir a um trabalho exaustivo com a Sardinha como isca.
Mais uma vez investimos tempo e isca, usámos camarão, cavala, para além da muita sardinha, mas embora os sinais dos toques e o roubo de iscas fossem constantes, certo é que os resultados foram parcos, resumindo-se a duas Choupas, alguns Carapaus e um Pargo pequeno que nos deixou água na boca.
Escusado será dizer que por volta das 15.00 horas já estávamos fundeados no segundo pesqueiro, cumprido a estratégia e determinados a consumar melhores resultados.
As condições apresentaram-se idênticas, para não dizer iguais às do dia anterior, inclusivamente a aguagem, em intensidade e rumo.
Uma cana na mão, com um único estralho de 150cm e anzol 6/0, iscado com sardinha inteira e uma cana com montagem de Chumbadinha a trabalhar no caneiro, por vezes também na mão, foram as armas escolhidas para desafiar a bicharada que em toques mais ou menos perceptíveis iam consumindo tudo o que se colocava nos anzóis, conseguindo-se até às seis e tal da tarde, um Sargo, um Pargo pequeno, a Dourada de quilo do meu amigo João e o maior exemplar... este Alfaquim que se estampou na sardinha inteira do meu único anzol da cana a pescar na mão com estralho de 150cm.
O que dizer?
Os sinais e resultados observados neste último pesqueiro já muitas vezes quiseram dizer que, mais dia menos dia, ele nos vai surpreender... mas quando?
Tudo a bater certo, excepto as capturas... tem sido uma constante. E os maiores exemplares, onde raio param?
Pelos vistos tenho mesmo de mudar de zona!? No entanto, em Sines, as notícias de pessoal amigo que foi para bem mais longe, nos mesmos dias, também a pescar ao Pargo, dizem que os resultados são parecidos. Portanto há que insistir.
Dia 19 de Agosto: Os meus amigos João, Manuel e Braga vêm pescar e importa decidir para onde ir e o que fazer.
Ponho-me a pensar, em todas as zonas batidas, pensando que a fiabilidade das mesmas não justifica iniciar a pesca em qualquer delas, sendo preferível arriscar outro pesqueiro e quem sabe, à tardinha, voltar ao do Alfaquim... gostei dos toques e do que saiu, embora pouco. Nunca se sabe!?
Resolvo-me por um pesqueiro, meio esquecido, que há muito não frequento por se ter tornado durante algum tempo pouco produtivo, no entanto, considerando as características do mesmo, sabe-se que mais dia menos dia, em algum momento, nos surpreenderá positivamente.
O pesqueiro é formado por um pontão que dos 39 metros cai para os 46, no sentido Norte - Sul, alongando-se em entralhados neste mesmo sentido durante uns bons 100 metros, sendo que para o lado de terra é ladeado por pequenos pontões entre os 42 e os 45 metros. Uma delícia de fundo.
Larguei ferro um pouco para Norte dos 39 metros e dei cabo até que o barco ficou nos 46, verificando-se uma pequena mas prometedora aguagem, rumo a Sul e aos entralhados que por aí estão disseminados.
Os toques apareceram de imediato, assim como os roubos rápidos e contínuos, obrigando a trabalho árduo e ao uso, a par com a sardinha, de cavala fresca em filetes, a única das iscas que se conseguia aguentar algum tempo no anzol, obrigando os pescadores a alguma atenção, tentando discernir toques desinteressantes, daqueles outros que podiam significar peixe mais sério que acabou por aparecer em quantidade e qualidade aceitáveis, proporcionando uma pescaria que não sendo nada de mais me pareceu agradável.
O João com o maior exemplar:
Os sinais e resultados observados neste último pesqueiro já muitas vezes quiseram dizer que, mais dia menos dia, ele nos vai surpreender... mas quando?
Tudo a bater certo, excepto as capturas... tem sido uma constante. E os maiores exemplares, onde raio param?
Pelos vistos tenho mesmo de mudar de zona!? No entanto, em Sines, as notícias de pessoal amigo que foi para bem mais longe, nos mesmos dias, também a pescar ao Pargo, dizem que os resultados são parecidos. Portanto há que insistir.
Dia 19 de Agosto: Os meus amigos João, Manuel e Braga vêm pescar e importa decidir para onde ir e o que fazer.
Ponho-me a pensar, em todas as zonas batidas, pensando que a fiabilidade das mesmas não justifica iniciar a pesca em qualquer delas, sendo preferível arriscar outro pesqueiro e quem sabe, à tardinha, voltar ao do Alfaquim... gostei dos toques e do que saiu, embora pouco. Nunca se sabe!?
Resolvo-me por um pesqueiro, meio esquecido, que há muito não frequento por se ter tornado durante algum tempo pouco produtivo, no entanto, considerando as características do mesmo, sabe-se que mais dia menos dia, em algum momento, nos surpreenderá positivamente.
O pesqueiro é formado por um pontão que dos 39 metros cai para os 46, no sentido Norte - Sul, alongando-se em entralhados neste mesmo sentido durante uns bons 100 metros, sendo que para o lado de terra é ladeado por pequenos pontões entre os 42 e os 45 metros. Uma delícia de fundo.
Larguei ferro um pouco para Norte dos 39 metros e dei cabo até que o barco ficou nos 46, verificando-se uma pequena mas prometedora aguagem, rumo a Sul e aos entralhados que por aí estão disseminados.
Os toques apareceram de imediato, assim como os roubos rápidos e contínuos, obrigando a trabalho árduo e ao uso, a par com a sardinha, de cavala fresca em filetes, a única das iscas que se conseguia aguentar algum tempo no anzol, obrigando os pescadores a alguma atenção, tentando discernir toques desinteressantes, daqueles outros que podiam significar peixe mais sério que acabou por aparecer em quantidade e qualidade aceitáveis, proporcionando uma pescaria que não sendo nada de mais me pareceu agradável.
O João com o maior exemplar:
O Trio Alegre na companhia das melhores capturas conseguidas.
Algumas notas importantes sobre o dia:
- O pesqueiro, de algum modo, correspondeu em resultados aos sinais dos toques e às imagens de sonda, não me esqueço que um Pargo grande entrou à Sardinha, cabeceou e levou linha por duas vezes, acabando por cortar o estralho e fugir.
- O vento mudou e a aguagem parou, obrigando a reposicionamento do barco, após o que retornaram os sinais e foi capturado o melhor exemplar. A partir deste momento, talvez por efeito do desaparecimento da aguagem, o pesqueiro ficou morno em termos de capturas, salvaguardando-se a Dourada que o Manuel (campeão do dia) deixou passar ao lado... acontece.
- Ainda visitámos o pesqueiro do Alfaquim, onde encontrámos a forte aguagem e os roubos do dia anterior, mas Parguitos, só dois entraram e pouco mais.
À luz dos relatos e análises produzidas e tentando entender as influências da tal trilogia de variáveis, parece poder dizer-se que um pouco de cada uma delas tem contribuído para diminuir os resultados da Minha Pesca... ora vejamos.
Parece evidente que existem alterações que se espera sejam temporárias. Tal verificou-se pela inconsistência de resultados em pesqueiros diversos, considerando que aconteceram em dias seguidos com condições e sinais de toques idênticos, habitualmente fonte de sucesso e só verificáveis por uma frequência de pesca intensa.
Pode também dizer-se que a frequência de pesca tem uma influência significativa na percepção dos acontecimentos e ainda mais na presença de eventuais alterações que tudo indica se verificam.
Quanto aos processos em uso, sendo credíveis e funcionando habitualmente, encontraram dificuldades de serem aferidos face às alterações verificadas e à anterior falta de frequência de aplicação, podendo ter criado alguma confusão e dispersão nos meus comportamentos em acção de pesca.
Um factor sabemos ser constante... o peixe vive e alimenta-se no mar, em alguma hora e local de cada dia, onde nós pescadores queremos estar presentes com iscas e processos. O problema é que quanto menos vamos, menores são as hipóteses de entender essas movimentações em cada época do ano, em cada maré viva ou morta, considerando alterações de comportamento que normalmente acontecem.
Tentando concluir, parece-me importante perceber possíveis alterações, mas muito mais importante actuar sobre os pesqueiros em dias seguidos, em cada semana ou com a máxima frequência que a vida nos deixar e no caso da Minha Pesca, essa frequência sofreu este ano um abalo significativo.
Não me estou a queixar... antes a constatar o que acho serem factos.
Para já, parece que tudo vai normalizar, mas vamos ver o que a vida nos traz.
Uma boa noite a todos os leitores.
13 comentários:
Viva Ernesto
Já tardava a nova entrada!
A pesca em Sines tem estado de facto muito estranha e as suas ausências prolongadas não ajudam nada à compreensão deste novo cenário.
Penso que a temperatura da água também é outro factor que concorre para os fracos resultados conseguidos. É seguro que água a 14.3ºC ou pouco mais modifica o comportamento dos animais.
Interrogo-me se um jigging bem feito (não é o meu caso...) não despertaria a agressividade dos nossos amigos.
Aguardo com interesse os próximos capítulos desta luta.
Abraço JM
.
Viva amigo Ernesto,
Realmente já estranhava tão longa ausência...
Pelos vistos as coisa não andam fáceis, mas o importante é haver saúde para ir matando o vício ;)
Abraço
Viva Ernesto !!!!
Que ausência tao longa ,resolveu dar um descanso ao peixes foi isso :D
Estas analises vao requerer um analise mais profunda e demorada para darem resultados mas isso nas mãos de quem sabe ;) chega la facilmente.
Os peixes mesmo mais pequenos continuam a sair e a ser fotogénicos ehehe e nenhum besugo :P
Boas e melhores saídas e continuação mais assídua na pesca e aqui ( esta como eu na pesca :( )
Um Abraço
Viva Pessoal
Grato pelos comentários.
A o João Martins:
É verdade João... as coisas não têm estado fáceis.
Quanto ao Jigging "bem feito", é uma hipótese... nunca se sabe.
Ao Pardal:
Nem mais amigo... haja saúde.
Ao bruno Mendes:
É verdade Bruno, com muita procura, luta e diversificação, lá se vão conseguindo umas "chapas" jeitosinhas.
Abraço
Viva Ernesto,
A piada da pesca é mesmo isto, tentar, tentar e tentar, se fosse dado como facto consumado ir à pesca fosse sinal de muitas capturas, já não haveria peixe nenhum. A esperança é sempre a última a morrer e para a próxima será melhor, este são os lemas porque nós nos regemos.
Abraço
Boas,
Muito me agrada voltar a ler por aqui...
Sobre a ausência, é compreensível, eu provavelmente com menos "desculpas", este ano, também tem sido parco, tanto em saídas como capturas...
Entre uma ou outra saída específica aos "grandes" sem sucesso, fui me entretendo com uns diversos para aliviar a frustração...
Obrigado por mais uns ensinamentos gratuitos e vá escrevendo que a malta agradece!
Cumprimentos
Roberto Vicente
Tardava a chegar, mas voltaste com uma entrada com "sumo". Gosto em ver-te nestas andanças de novo que tanta companhia nos faz e permite tirar ensinamentos. Confesso que estava com receio de que tão longa, e pouco normal ausência, te tivesse tirado o jeito. Ainda bem que não!
Quanto à pesca propriamente, a coisa não tem andado fácil. Da minha parte, menos saídas, menos resultados. E por lá. por aquilo que vamos falando com amigos, os resultados têm sido parcos para esta altura. Talvez as alterações de condições de que falas tenham atrasado o "ciclo" dos peixes (tal como nós achamos que conhecemos um pouco) 1 ou 2 meses. Já no ano passado, e até no outro, notei isso. Será que estamos perante uma alteração que veio para ficar?? Não sei.
Quanto à tua/nossa trilogia, em minha opinião, sem dúvida que indo menos, e/ou com menos frequência, será mais difícil obter resultados consistentes. Só indo, testando, observando, pensando nas condições que encontramos, fazendo testes é que conseguimos contornar as adversidades. Até nos ajuda a acreditar que estamos a fazer o correto, obviamente que tendo resultados ainda mais ajuda. Por norma, os meus resultados começam a aparecer de forma mais consistente após uma meia dúzia de idas quase sempre sem resultados de jeito. Se calhar é o tempo que preciso para entender o que se passa. Outras pessoas levarão menos.
Mas também acho que fim de agosto/setembro é sempre onde temos mais hipótese de fazer uns peixes bons e mais perto.
Sobre a questão do almirante JMartins, não sei se nesta altura será uma ideia com resultados melhores do que a "isca morta". Porque? Este ano já tentei 2 vezes isca viva sem resultados. Em anos passados, testei quase sempre que ia e, pelo menos comigo, a sardinha acabava por funcionar melhor. E este ano com a quantidade de carapau, e pilado, que há será que o peixe não estará farto/cheio disso? Ou, será que, antes pelo contrário, o peixe está habituado e que seria mais lógico comer bem? Acho que isto seria uma discussão óptima.Posso náo ter conseguido apresentar a isca viva da melhor maneira ou no melhor local?
Abraço
João Carlos Silva
Boas Ernesto,
Realmente já estava a estranhar mas compreendo perfeitamento, pois este ano também estou a seco face ao trabalho....enfim fico satisfeito que a ausência seja apenas por falta de tempo!
Um grande Abraço,
Boas Ernesto! Finalmente uma luz ao fundo do túnel! Foi muito tempo sem comunicares... é bom estares de volta! Ainda não vou opinar sobre tudo o que escreves porque ainda não li... apressei-me sim, a congratular-te por saber que estás "on".
Força amigo e bons mares para ti.
Aquele abraço, Luís Ramalho
A Todos agradeço os comentários.
Forte abraço
Boas Srº Ernesto.
Embora eu seja seguidor do seu blog desde à muito, nunca tinha enviado qualquer comentário.
Chegou o dia!
Dirijo-lhe estas palavras porque sinto o dever e a obrigação de lhe agradecer sinceramente tudo o que o Srº tem "dado", a mim, á pesca e aos pescadores.
É para mim um verdadeiro prazer ler os seu artigos, as hìstórias, os relatos (com toda a certeza haverá muita gente a concordar comigo), o Srº não é professor, o Srº é o Mestre, e é daqueles como já há poucos, que sabem e gostam de ensinar e partilhar, daquelas pessoas que fazem falta não só aos pescadores, mas também ao país, e que infelizmente já é bem difícil de encontrar.
Que Deus lhe dê força e saúde.
Abraço
Pedro Tordo
Viva Pedro Tordo!
Grato pelo comentário
Fico satisfeito por saber que a minha escrita desperta interesse e sentimentos.
Quanto aos títulos (prof. mestre...), nunca me preocuparam.
Uma vez mais, grato pelo interesse e comentário.
Abraço
Boa tarde.
Ótimo artigo, parabéns!
O blog é excelente, gostei muito de ler os post aqui.
Sobre a pesca, onde compram os equipamentos? Já compraram nessa loja http://www.tucunarepesca.com.br/ ?
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