terça-feira, 13 de abril de 2010

Que saudades…

Sonda Brutal
… Tinha eu de estar convosco, mostrar-vos fotos de sonda espectaculares, falar-vos das minhas pescas, agora muito intervaladas, pelo trabalho, a vida… Razões pouco aceitáveis, eu sei! Mas que nos tiram, por vezes, algumas vontades e até a inspiração.
Mas cá estou eu, tentando ser fiel a todos vós que me lêem e continuamente procuram leitura à segunda feira, insistem à terça e, parece-me, esmorecem à quarta, procurando depois outras páginas aqui pelo blogue.
A verdade é que sinto isso e a sensação não é boa, pois gostaria de corresponder, mantendo hábitos que me sinto responsável de ter de algum modo criado. Mas a vida é assim, como a pesca… Irregular, em muitos mais momentos que desejaríamos.
Mas cá estou mostrando a foto de sonda, de um fundo que ao fim dum dia de Zagaia, muito trabalhoso e pouco frutífero me deu o Robalo da foto abaixo:
O Robalito
Atirou-se àquela zagaia, estreando-a nas capturas e salvou-me da grade, neste Domingo em que à última hora me decidi a arriscar, saindo Sábado à noite para Sines e gozando um pouco do “paraíso”, antes da última semana de aulas do 2.º período; pródiga em actividades, reuniões, avaliações e outras coisas mais ou menos interessantes terminadas ou não em “ades” ou “ões”.
Mesmo assim antes o Robalo deste Domingo que o Pampo  do Domingo seguinte (28/Março), dia ainda mais trabalhoso e menos frutífero, também ele tirado à última da hora e dedicado à zagaia por fundos que oscilaram entre os 20 e os 100 metros, em 6 horas consecutivas de conversa com o mar, o barco, os peixes, os fundos… Tão bom!
Cá está o “artista” que acabou por escolher a mesma zagaia que o Robalo, entre tantas testadas nas dezenas de passagens em cada pesqueiro.
O Pampo 
A estas jornadas “tiradas a ferros”, entre longos dias de trabalho, sobrevieram as reuniões de avaliação, a Páscoa, o passeio com a família, a constipação da neta e, quando já se pensava que o 3.º período ia começar sem um intervalito para pescar, eis senão quando… Surge a oportunidade de quatro dias de pesca (Quinta, Sexta, Sábado e Domingo passados) sugeridos pela família e agarrados por mim com unhas e dentes.
Mereço? Não mereço? Não sei!
O que sei é que os aproveitei até ao último momento, como se fora a última vez que pescasse na minha vida.
Alguns de vós comentarão: Este gajo… Para aqui a queixar-se e depois é isto… Quatro dias de pesca sem ninguém o chatear!
Têm razão! Mas não me estou a queixar, simplesmente sinto necessidade de vos dar alguma explicação por estar tanto tempo sem nada escrever por aqui… Não é uma obrigação. eu sei! Mas é uma questão de respeito por quem aqui vem procurar. Coisas de malta velha… Não liguem!
Vamos mas é passar para o que interessa que isto de filosofar é para filósofos! A malta por aqui quer é pescar!
A pesca nesta altura do ano, complica-se quanto a exemplares maiores. Não porque deixem de existir ou de comer, mudam é de zonas, procurando tendencialmente pesqueiros mais profundos, por vezes longínquos, mais sujeitos a correntes variáveis em intensidade e direcção, o que, coadjuvado pelas mudanças também de intensidade e direcção do vento, tornam as manobras de fundeio mais difíceis, quer de efectuar, quer de manter ao longo da jornada de pesca, obrigando muitas vezes a várias manobras ao longo do dia para que nos mantenhamos em cima do local ou zona escolhidos.
As dificuldades aumentam com ventos laterais à vaga causadores de movimentos muito desconfortáveis do barco ou correntes contrárias ao vento, ocasionando muitas vezes linhas para baixo do barco ou para a proa, promotoras de acções de pesca difíceis e tendentes a moerem a paciência dos mais persistentes.
Estes pensamentos enchiam-me a mente, enquanto guiava para Sines na Quarta Feira à noite, ao som da Vanessa da Mata, antevendo a pesca de Quinta, programada a solo, sem horas; após uma noite que esperava e foi bem dormida.
O Sol já assomava sobre o molhe à popa do barco quando me levantei, observei e cheirei a manhã; gozando tudo a que acho ter direito. Seguiram-se o pequeno almoço, as conversas com quem me cruzei, o controlo sobre o tempo que era meu, talvez atrasando o climax de sair para o mar e entrar no mundo da pesca, onde sei que tudo esqueço, para além da sonda, do GPS, das iscas, dos materiais e da dança ritmada entre as subidas, descidas, toques e consequentes sinais, constante e sistematicamente analisados, sentidos, esperando sempre aquele momento em que a cana é elevada e o peixe, lá ao fundo, a obriga a mostrar o que vale em conjunto com quem a manobra.
Procurei longe e longe fundeei em manobra certa que durou o pouco tempo em que a direcção do vento mudou, a intensidade diminuiu e, de imediato, o barco saiu do pesqueiro deixando-me a pescar no deserto. Levantei ferro, fundeei de novo, montei as iscas e o vento aumentou, assim como a corrente fazendo-me de novo sair do pesqueiro. Desisti e procurei pesqueiro mais fácil, sob pena de gastar demasiado tempo útil de pesca em manobras de fundear sucessivas.
A acção de pesca, fruto das manobras descritas, iniciou-se pelas duas da tarde, em pesqueiro mais à terra, com boa marcação de sonda e onde já só esperava apanhar o jantar e descansar da azáfama, pescando.
A sardinha iniciou o seu trabalho certinho, ritmado. Os sinais prometiam e o primeiro Parguito entrou uma meia hora depois. Se fosse mais cedo tinha-o libertado, mas a vontade de comer peixe fresquinho ao jantar foi mais forte e guardei-o.
O peixe comia de tudo, Sardinha, Cavala e Lula, rápida e agressivamente, indicando que mais cedo ou mais tarde algo aconteceria.
Um Carapau daqueles grandes e gordos, para aí com uns 35/40 cm, foi a vítima seguinte, fazendo-me sorrir por sentir que o jantar, para mim e mais alguém, já estava garantido. Mas não tinha acabado… Dois Sargos um tudo nada maiores que o pé, acabaram por entrar, assim como uma daquelas Choupas azuis, para aí com meio quilo. Nesta altura, já nem queria pensar em mais peixe; o jantar estava garantido, estava arrependido de ter guardado o Parguito de 800 grs que tinha entrado à primeira, mas o mal já estava feito… Lá teria de o comer grelhadinho, com salada à Algarvia e batatinha cozida em molho de azeite, coentrinho e alho… Chatice!
O Sol já baixava, quando, numa das últimas descidas de iscas, senti aquele toque duplo, mais seco e fundo, quase garantido e… Ferrei! Deu-se a luta que antevia uma testa com lista dourada, pertença do peixe a que dá nome. Cá está ela… A última do dia.
Dourada de Quinta feira
A azáfama da manhã, a pesca que se compôs durante a tarde e esta última Dourada, ocuparam-me o pensamento durante a viagem de volta ao porto, pensando no jantar e na noite e três dias de pesca que ainda tinha ao meu dispor, acompanhado por pessoal amigo que o clima atípico, deste ano de 2010, não permitiu que mais cedo viessem pescar comigo.
O jantar decorreu entre nacos de Parguito e Carapau XL, goles de Pias, história do dia e antevisão da jornada seguinte, já com a presença do João Martins, companheiro de outras pescas, da jornada que se seguia e também pouco amigo de pescas pela madrugada, pelo que combinámos pequeno almoço entre as 9.00 e as 10.00… Boa hora. A vida não é só pesca.
Saímos na Sexta, pelas 10.30 e dirigimo-nos aos mares de fora onde me apercebi que a irregularidade dos ventos e correntes nos fariam certamente sofrer as canseiras do dia anterior que, sinceramente, não me apeteciam, para além de ter ficado curioso em tornar à zona do dia anterior e explorá-la bem, durante todo o dia. Procurei a zona que sondei melhor, encontrando uma boa marcação numa cetomba que caía, após um pontão a 39 metros, para os 54 metros de profundidade, mostrando peixe em toda a extensão sondada. Mesmo como gosto. Fundeámos e fomos à luta.
O peixe comia de tudo a uma velocidade impressionante, adivinhando-se jornada trabalhosa e quem sabe profícua, com a habitual variação de iscas e formato de iscadas, tendo a Sardinha como isca mãe, pela capacidade de atracção sobejamente testada e comprovada.
Entraram Pargos, sem grandes exemplares, outros peixes, com curiosidades no que respeita mais à qualidade e variedade de espécies que propriamente à quantidade, como se pode ver no relatório fotográfico que se segue.
O João e a Choupa Azul:
Choupa JM 
O Sarrajão:
Sarrajão
A surpresa do dia, também pela mão do João:

JM Robalo e Abrótea
Vejam só! Um Robalo no anzol de cima e uma Abrótea no anzol de baixo, a pescar ao fundo!
Pode dizer-se no mínimo… É curioso!
Finalmente a nossa pesca:
Pesca com JM
Certamente não se pode considerar uma grande pesca, mas a qualidade esteve presente e aquele Parguito maior caiu nas mãos do Zé Beicinho que fez o favor de o escalar e grelhar, fazendo as delícias destes dois pescadores que com ele se empanturraram, enquanto esmifravam o dia de pesca ao pormenor mais ínfimo. Bonito não é?
O cansaço já se fazia sentir, sobrevindo obrigatoriamente a deita e o sono longo e profundo antecedendo a chegada dos companheiros de longa data: Raimundo, Pedro e Vitor!
Desta vez, nem tentei procurar outro sítio!
Mais gente a pescar, mais Sardinha a fazer efeito e quem sabe atrairíamos algo maior.
A pesca decorreu com os mesmo sinais, o barco certinho no pesqueiro durante todo o Santo dia e bastante mais peixe, embora os exemplares próximos da meia dezena de quilos ou maiores não tenham comparecido, mas… Vejam lá as fotos!
Um dos Parguitos do Vitor:
Parguinho Vitor I
Um dos Parguitos do Raimundo:
Parguete Raimundo II
Um dos Sargos que entraram, pela mão do Vitor:
Sargo Vitor
A pesca andou assim… Parguito daqui, Sargo dali, Choupa Azul dacolá, com o Pedro  em maré de azar e eu, sempre à espera daquele peixe, a conseguir o melhor exemplar do dia… Este que se apresenta:
Saima 
As Saimas estão a gostar dos meus anzóis, pois que venham enquanto outros maiores não me aparecem.
Foi uma boa pesca que terminámos junto ao molhe Oeste onde procurámos uns Besugos que compareceram tímidos e em pouca quantidade, para compor o rodízio de peixe.
Voltámos ao porto, satisfeitos, acusando eu o cansaço acumulado em três dias de actividade intensa e ainda com um dia de pesca pela frente que, pela sua diferença dos três relatados, merece uma análise própria em entrada posterior que farei assim que o tempo e a inspiração me permitirem.
Até lá, espero que se divirtam se não mais, tanto quanto eu me diverti a pescar e a conversar convosco por aqui.
Boa noite a todos os leitores.

14 comentários:

Eu Adoro o que Faço disse...

Olá Ernesto

é sempre muito bom "ouvir" os teus relatos, tão completos e cheios de tudo.
dá sempre a ideia que estamos no barco contigo onde a palavra de ordem é aprender.
fico-te muito grato por me ensinares um pouco da tua arte, porque neste teu blog para mim é uma grande escola.

1 abraço

Nuno Paulino disse...

Bem vindo de volta!
Pois já se sentia a falta de qualquer coisa neste mundo dos blogues.
Mais umas boas pescarias pois todas elas são boas, com ou sem peixe. Ainda por cima em boa companhia.
Abraço

Anónimo disse...

Sr Ernesto,
é mesmo uma maravilha ler os seus relatos.

É verdade que todas as semanas cá venho à procura das novidades de Sines e é impaciente que fico á espera das suas pescas.
De resto mais uns belos dias de pesca entre amigos, com boa variedade de peixes e o suficiente para saborear entre eles,que é sempre muito agradavel.

Só tenho a lhe dar os meus parabéns por conseguir fazer o melhor blog de pesca embarcada de Portugal.

Um abraço,e obrigado Sr. Ernesto
Flávio Batista

Anónimo disse...

Boa tarde professor,
mais um excelente relato para nos deliciar.
Também eu tenho notado a falta de estabilidade nas poitadas realizadas. Ainda na 5ªfeira passada fui para 16 milhas da Roca e o barco ao fim de 15 minutos já tinha saído da marcação. E foi assim todo o dia. Só não tive a sorte de dar com os exemplares maiores que era o nosso objectivo. (O anzol de baixo era 6/0). Mas eles não estavam lá..... Só fui presenteado com um parguete de 1,2K e de um sarrajão de 1 K. Este último fez a delicia dos meus dois filhotes(e a minha), nessa mesma noite, num sushi caseiro que modéstia à parte, estava divinal!! O sarrajão tem uma carne mole mas muito saborosa, comida em cru e unicamente molhada na soja.

Um abraço do seu aluno
Pedro

Anónimo disse...

Viva Ernesto,
Eu também era um dos que andava aqui a ressacar com a falta da melhor leitura dos blogues que frequento. Boa pesca, mas acima de tudo, bom tempo aquele que é passado no mar e no sábado, então com o vento certo a não chatear, foi óptimo.Penso que estivemos na mesma zona, ali perto de terra, eu estaria um pouco mais ao norte por fora da baixa e também deu uns peixes. De registo uns parguetes, 2 abróteas muito boas e um safio que escolheu o meu barco em detrimento do Makaira por ter a borda baixa e lhe poder jogar a mão...(é a tal porcaria de um gajo cumprir leis!)
Um abraço e continuação de pescas felizes
João Carlos Silva

Ernesto Lima disse...

Viva Pessoal!

A todos vós agradeço os comentários!

Quanto à culinária do Pedro, já pensei em levar um limãozito para juntar ao azeite, oregãos e sal que tenho lá no barco e fazer um "suchiguês" lá a bordo. Ainda não o fiz mas... Não perde pela demora.

Outra coisa que sempre me esqueço é de tirar umas fotos dos jantares, acho que mereciam.

Ao João Carlos Silva:

Bem me pareceu que era o teu barco que estava ali por fora... Ainda bem que correu bem. É preciso ir!
Estando lá, as coisas acontecem.

Abraço a todos

Ernesto

João Martins disse...

Viva Ernesto
Finalmente houve pesca no blogue!
Que saudades... as suas e as de todos os que andam por aqui.
E que texto! São vários os parágrafos de escrita requintada, de imagens sensacionais e humor fino.
Brilhante a sua forma de exprimir o seu regresso aos fins de semana cheios de pesca e convívio com amigos.
Na parte que me respeita, regressei às aulas teórico práticas, pois então. O que eu continuo a aprender conversando e pescando consigo...
A procura do local certo e as respectivas manobras, a “construção” do pesqueiro em acção de pesca, a certeza absoluta que as coisas vão ter de suceder mais tarde ou mais cedo, o “entrar” dos resultados de toda essa acção no Makaira.
E depois a reflexão séria sobre a jornada ainda no barco, no regresso à marina, e durante o merecido jantar
Maravilha!

Um grande agraço e o meu obrigado por poder participar na sua pesca e ler este seu blogue.
João Martins

Pescas1976 disse...

Bem regressado seja amigo Ernesto.
O pessoal já andava todo a ressacar por falta dos seus relatos/lições he he he, eu incluido.

Parabéns pelas pescarias e pelas jornadas bem passadas com os amigos.

1 Abraço
Nuno (Pescas1976)

Anónimo disse...

ola ernesto? gostei muito do seu novo comentario,fotos,espero nos vermos este ano e marcamos uma pescaria. 1 abraço nino

Ernesto Lima disse...

Viva Pessoal!

Aos últimos comentadores agradeço os comentários!

Ao Nino:

Viva "primo", vamos ver se este ano conseguimos conciliar as férias para umas pescarias!

Abraço para ti e um beijo Para a Luísa!

Ernesto

alex disse...

Sr.Ernesto.Pela primeira vez escrevo para lhe dizer que quem lê os seus comentários fica deslumbrado e depois quando se vê as fotos só apetece lá estar para conviver e partilhar a felicidade que o sr.e os seus amigos demonstram nestas pescarias,continue para que possamos ter um poquinho dessa felicidade tambem.Um abraço.

Ernesto Lima disse...

Viva Alex!

Grato pelo comentário, seja Bem Vindo e deixe lá isso do Sr..

Abraço

Ernesto

sebi_2569 disse...

very interesant your blog;and nice photo; bravo

Ernesto Lima disse...

Hi Sebi!

Welcome here and thank you for comment!

I Saw your Blog and I realy like it!

I'll put your link year!

Best regards

Ernesto